quarta-feira, 31 de março de 2021

Estudo Eletrofisiológico do Coração

Estudo Eletrofisiológico do Coração

Introdução

A Eletrofisiologia é a especialidade da cardiologia que estuda e trata os distúrbios do ritmo do coração, durante o procedimento o coração é estimulado em frequências diferentes para pesquisar a presença e o foco de determinados tipos de arritmias.

Através da estimulação programada (liberação de estímulos elétricos em intervalos de tempo programados) é possível simular condições às quais o paciente se encontra exposto diariamente, como extra-sístoles atriais e ventriculares e ver como o coração reage a esta estimulação.

O que é o Estudo Eletrofisiológico?

É Estudo Eletrofisiológico (EEF) é um tipo de cateterismo cardíaco utilizado para avaliação invasiva do sistema elétrico do coração, é uma avaliação detalhada do sistema elétrico do coração. Esta avaliação é feita utilizando um sistema de cateteres diagnostico que permite o diagnóstico preciso do mecanismo e da origem da arritmia

Desta forma, o EEF ajuda no esclarecimento da causa dos sintomas através da documentação de alguma alteração na formação (doença do nó sinusal) ou condução do impulso elétrico do coração (bloqueios atrioventriculares), ou ainda pela indução de taquicardias (supraventriculares ou ventriculares).

Em situações específicas, pode ser realizado, mesmo na ausência de sintomas, para avaliar o risco no desenvolvimento de taquiarritmias e suas consequências.

Indicações do Estudo Eletrofisiológico 

´  Pré-sincopes e síncopes inexplicadas;

´  Palpitações,

´  Pacientes com registro de Bloqueio Atrioventricular e de arritmias já documentadas em exames não invasivos (ECG, Holter);

´  Para confirmar a necessidade de implantar Dispositivos Cardíacos (Marcapassos, Cardiodesfibriladores);

´  Estratificar risco de morte cardíaca súbita;

´  Pacientes recuperados de PCR.

Realização do Procedimento

É considerado um procedimento simples, durando cerda de 1 a 2 horas, o paciente deve estar de jejum de no mínimo 8 horas e com uso suspenso dos medicamentos antiarrítmicos. É realizado em sala de hemodinâmica ou Sala Cirúrgica, sob visualização fluoroscópica, com o paciente em sedação superficial e anestesia local. Raramente alguns procedimentos são realizados sob anestesia geral.

São puncionadas veias profundas (geralmente veia femoral direita e se necessário veia jugular interna direita, por meio dessas punções são introduzidos três ou mais cateteres até o coração e posicionados nas câmaras cardíacas de interesse, objetivando mapear e induzir arritmias no paciente, arritmias das quais ele já sofre em seu cotidiano.

Através dos Cateteres de EEF inseridos, estes chegam até o coração do paciente pela veia cava superior, e dentro da estrutura cardíaca geralmente são posicionados, 01 cateter no Átrio Direito, 01 cateter no Ventrículo Direito, 01 cateter próximo ao Feixe de HIS e 01 cateter no Seio Coronário do paciente.

Todo este processo de inserção e mapeamento cardíaco é realizado sobre visualização fluoroscópica e por sinais elétricos captados pelos cateteres, que são verificados pelo médico através do polígrafo estimulador de EEF (sistema computadorizado) de altíssima confiabilidade e acurácia.

Recursos Humanos Necessários

  •    Médico responsável pelo procedimento (certificado e habilitado em EEF clínica Invasiva pelo Departamento de Arritmia e Estimulação Cardíaca)

      Um médico auxiliar,
com experiência e certificação em EEF.

      Primeiro Auxiliar com conhecimento em EEF cardíaca;

      Médico anestesista

      Enfermeira(o) ou Técnica(o) de Enfermagem.

   Assessor Técnico especializado em EEF, geralmente um Assessor Técnico da empresa fornecedora dos materiais especiais (OPME) que são os cateteres, conectores e equipamentos da Eletrofisiologia Cardíaca.

 Estrutura Física e Tecnológica

´  Sala de Hemodinâmica ou Sala Cirúrgica;

´  Fluoroscopia (Aparelho de RX);

´  Polígrafo Estimulador;

´  Aparelho de Radiofrequência;

´  Carrinho de Anestesia;

´  Marcapasso Temporário;

´  Cardiodesfibrilador externo;

´  Hospital com Unidade de Terapia Intensiva (UTI);

´  Hospital que tenha equipe de Cirurgia Cardiovascular;

Conclusão

O EEF é um exame de registro elétrico gráfico que apresenta a vantagem de ser mais específico que os exames convencionais (ECG, Holter), possibilitando o diagnóstico exato de determinadas arritmias e indicando o tratamento mais adequado de acordo com as particularidades de cada paciente.


Amarildo de Souza Cunha

Enfermeiro

MBA em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar

Consultor / Supervisor Técnico e Comercial de Produtos Médicos Hospitalares

 

 

 

sábado, 27 de março de 2021

Eletrocardiograma

Eletrocardiograma

Introdução

Surgia o eletrocardiógrafo e o eletrocardiograma (ECG), quando Willen Einthoven, em 1902, idealizou um aparelho para registrar as correntes elétricas que se originavam no coração.

O eletrocardiógrafo é um galvanômetro que amplia, filtra e registra a atividade elétrica do coração em um papel milimetrado especialmente determinado para esse fim. Ao longo dos anos surgiram novos modelos de eletrocardiógrafos, fazendo com que o ECG continue sendo um exame de extrema importância. Atualmente os eletrocardiógrafos são de fácil manuseio, reprodutível e de baixo custo operacional.

Papel de Registro do ECG

O papel para registro do ECG é quadriculado, com a distância entre cada linha horizontal e vertical de 1 mm, formando um pequeno quadrado de 1 mm de lado. O eixo horizontal mede o tempo e o eixo vertical, a amplitude. A cada cinco quadrados menores há um traço ou linha mais forte tanto na direção vertical quanto na horizontal.

Tempo e Voltagem

O traçado do ECG se dá na forma de ondas que possuem características próprias como duração, amplitude e configuração. A velocidade padrão com que o papel milimetrado se desloca sob a agulha do aparelho é de 25 mm/s.

Nessa velocidade de deslocamento do ECG define-se que um quadrado menor corresponde a 0,04 s e um quadrado maior, 0,2 s, sendo possível determinar a duração do evento registrado. Quanto à amplitude dos traçados eletrocardiográficos, cada linha vertical corresponde a 0,1 mV.

O que é o Eletrocardiograma

É um exame de registros gráficos que registram a atividade elétrica do coração, que pode evidenciar, além do ritmo e frequência cardíaca, se o paciente apresenta alguma alteração na condução do estímulo elétrico durante o ciclo cardíaco.

A atividade elétrica de condução do coração compreende o ciclo de despolarização e repolarização das câmaras cardíacas superiores (átrios) e das câmara cardíacas inferiores (ventrículos) do coração. Sabe-se que o coração é composto do sistema elétrico e pelo sistema sanguíneo (cardiovascular). O que promove os batimentos e ritimicidade do coração, ejetando o sangue para os demais órgãos do corpo humano é o famoso sistema de condução elétrico do coração.

Este sistema de condução elétrica do coração é composto por estruturas distintas, que se interconectam, a saber são elas.

Nó sinusal – Marcapasso natural do coração, por onde sai o primeiro estímulo elétrico, sendo este responsável pela despolarização atrial.

Nó Atrioventricular – Aqui ocorre um pequeno retardo do impulso elétrico, objetivando o sincronismo atrioventricular.

Feixe de HIS - Porções elétricas mais distais dos músculos ventriculares, que se divide em ramo direito e ramo esquerdo do coração.

Fibras de Purkinje - Arranjo de fibras elétricas que propiciam a propagação elétrica para a musculatura dos ventrículos, provocando a despolarização ventricular.

Todo este conjunto elétrico, durante o seu ciclo de ativação e relaxamento provocam o surgimento de ondas, a qual denominamos de ECG.

ECG Normal

O padrão de normalidade do ECG conta com uma onda P inicial, seguida de 4 ondas sequenciais, formando o complexo QRS e a onda T.

  •  Inicia-se com a onda P, que representa a despolarização atrial
  •  Após vem o que denominamos de complexo QRS , onde a primeira onda negativa chama-se Q, a primeira onda positiva chama-se R, e a onda negativa que vem após a positiva chama-se S. Este complexo é responsável pela despolarização ventricular.
  • Termina-se o ciclo com a onda T, completando um ciclo cardíaco. Sendo a onda T representando a repolarização ventricular.

 

Ondas do traçado do ECG

 

Compreendendo as Ondas

Onda P: A onda P é a primeira onda registrada em qualquer derivação do ECG, ela representa a ativação dos átrios e é composta, na verdade, do registro da ativação de cada átrio apresentado como uma única onda. A onda P tem uma morfologia arredondada, sua duração em um indivíduo adulto varia de 0,08 a 0,11 segundos; sua amplitude (voltagem) normal varia entre 0,25 mV e 0,30 mV.

Intervalo PR: A medida do intervalo PR é dada pelo início da onda P até o início do complexo QRS, este intervalo representa o tempo de condução através do nó AV. O intervalo PR varia com a idade e a FC do indivíduo, ou seja, mais curto em crianças e mais alongado em idosos. Em adultos, normalmente, esse intervalo não ultrapassa 0,20 s; o valor mínimo para crianças não ultrapassa 0,09 s e para adultos 0,12 s.

Complexo QRS: O complexo QRS representa a ativação ventricular e apresenta uma morfologia pontiaguda, ao contrário das arredondadas P e T. Este complexo possui uma duração normal entre 0,05 s e 0,11 s, com uma média de 0,07 s. De forma prática, a duração de complexo QRS não deve exceder 2,5 quadrados menores do papel do ECG. Sua morfologia é altamente diferenciada, assim não há um padrão que possamos ditar como normalidade. Sua amplitude também é variável, dependendo das condições cardíacas e extra cardíacas do paciente.

Segmento ST: O segmento ST é observado imediatamente no final do complexo QRS e início da onda T, geralmente ele adota um caráter isoelétrico, tolerando um desnivelamento máximo de 1 mm.

Onda T: Esta onda representa a repolarização ventricular e tal processo se realiza no mesmo sentido da ativação ventricular, possui uma morfologia arredondada. De amplitude relativamente menor que QRS, quase sempre abaixo de 6 mm nas derivações inferiores.

Intervalo QT: É o período de tempo entre o início do complexo QRS e o final da onda T e corresponde à duração total da sístole elétrica ventricular. Esse intervalo é maior em mulheres do que em homens, aumentando em ambos com a FC, para os limites de 45-115 bpm; os limites normais desse intervalo giram em torno de 0,46 e 0,30 s.

Derivações do ECG

O registro do ECG constitui-se basicamente em doze derivações de registro, dividindo-se em seis derivações periféricas e seis derivações precordiais. As seis periféricas do plano elétrico frontal são, D1, D2, D3 (bipolares ou standards), aVR, aVL e aVF (unipolares). E as seis precordiais do plano elétrico horizontal são V1, V2, V3, V4, V5 e V6 (unipolares).

 

As derivações bipolares formam o chamado “Triângulo de Einthoven” e registram a diferença de potencial entre dois eletrodos dispostos em membros distintos:

  • D1, colocado entre o braço direito e o esquerdo.
  • D2, colocado entre o braço direito e a perna esquerda.
  • D3, colocado entre o braço esquerdo a perna esquerda.

Representação das derivações eletrocardiográficas bipolares dos membros.

 

Já as derivações unipolares aumentadas procuram registrar o potencial elétrico absoluto entre uma região teórica do Triângulo de Einthoven e sua extremidade. Dessa maneira, podem ser do tipo:

  • aVR, avaliando potencial absoluto no braço direito;
  • aVL, avaliando potencial absoluto no braço esquerdo;
  • aVF, avaliando potencial absoluto na perna esquerda.

 

As derivações precordiais, por outro lado, caracterizam o potencial elétrico absoluto em regiões torácicas bem definidas próximas ao coração. Entender bem a localização para se colocar o eletrodo é de fundamental importância para um registro correto destas derivações.

 

  • V1 — localizada no quarto espaço intercostal direito, registra o potencial dos átrios esquerdo e direito, parte do septo intraventricular e do ventrículo direito (parede anterior).
  • V2 — localizada no quarto espaço intercostal esquerdo, é característica por apresentar pequena positividade e em seguida grande negatividade, assim como V1.
  • V3 — localizada entre V2 e V4, mais especificamente no septo intraventricular. Caracteriza QRS isodifásico, geralmente.
  • V4 — localizado no ápice do ventrículo esquerdo, apresenta uma fase inicial positiva (ativação do ventrículo direito).
  • V5 — localizado na linha axilar anterior do quinto espaço intercostal esquerdo, possui pequena negatividade inicial seguida de grande positividade, podendo haver ou não negatividade terminal.
  • V6 — localizado no quinto espaço intercostal esquerdo, na linha axilar média, possui as mesmas características que V5 (resultado da despolarização do septo).

 

O Papel de Impressão do ECG

 

Para análise adequada de um ECG, além de conhecimento de anatomia e fisiologia elétrica e cardiovascular do coração, é preciso entender como é o registro e a impressão desta atividade elétrica cardíaca.

 

O papel onde é traçada a linha do ECG é padronizado: um quadriculado composto de quadrados maiores (linhas grossas) preenchidos com quadrados menores (linhas finas). Essa delimitação em gráfico com x e y permite a leitura, no eixo x (vertical), de medidas de amplitude calculadas em milivolt (mV) e, no eixo y (horizontal), de medidas de tempo calculadas em segundo (s). Os quadrados maiores (linha grossa) possuem 0,5 mV de amplitude, ou seja, cada um dos cinco quadrados menores que compõem um quadrado maior tem 0,1 mV. Quanto à grandeza tempo, o quadrado maior representa 0,20 s, e cada quadrado menor dos cinco que o compõem representa 0,04 s.


Representação esquemática de uma amostra do papel milimetrado do ECG: o quadrado maior pos[1]sui 5 x 5 quadrados menores.

Definidas as medidas do papel de registro, é possível calcular as variações de frequência cardíaca com precisão. Há várias maneiras de realizar esse cálculo, contudo uma das mais simples consiste em uma divisão simples: 1 minuto de traçado a uma velocidade de 25 mm/s apresenta cerca de 1500 quadrados menores, basta então dividir esse valor pelo número de quadrados menores entre o pico de duas ondas R sequenciais.

Conclusão

O ECG continua sendo um exame absolutamente necessário e fundamental no diagnóstico de doenças cardiovasculares e em várias outras patologias clínicas. Os aparelhos se tornaram menores e práticos, de fácil manuseio e de registro simultâneo das doze derivações. Dessa forma, Médicos, Enfermeiros e demais profissionais de assistência à saúde deve ter conhecimento científico e prático para realização e interpretação do ECG, objetivando garantir uma qualidade assistencial aos seus clientes e pacientes.

Referências

     Enfº Amarildo de Souza Cunha
     COREN-MG: 329.788
     MBA em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar
Consultor / Supervisor Técnico e Comercial de Produtos Médicos Hospitalares



 

 

 

 

 

 

domingo, 17 de janeiro de 2021

Anvisa Aprova por Uso Emergencial Vacinas Contra a Covid-19


Em dia histórico, hoje 17/01/2021 Anvisa aprovou duas vacinas contra a Covid-19, por uso emergencial as vacinas da AstraZeneca e da Sinovac foram liberadas para serem administradas nos brasileiros. A aprovação abre caminho para o início da imunização no Brasil contra uma doença que já deixou mais de 205 mil mortos. 

Nada mais justo, o privilégio de tomar a primeira vacina contra o Covid-19 no Brasil foi da Enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, moradora do estado de São Paulo, que se voluntariou para as doses testes, e atuou na linha de frente assistindo pacientes contra a Covid-19.

 Enfermeira de São Paulo é a primeira brasileira a ser vacinada contra a Covid-19

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Uso Prolongado e Reutilização Limitada de Máscaras Faciais N95 na Assistência à Saúde


Uso Prolongado e Reutilização Limitada de Máscaras Faciais N95 na Assistência à Saúde

Enfº. Amarildo de Souza Cunha
COREN MG: 329788

Devido à situação da pandemia COVID 19 que se iniciou na China no final de 2019 e se alastrou por diversos países no primeiro semestre de 2020, o abastecimento de máscaras N95 pode se esgotar de forma acelerada e, por esse motivo, sugiram algumas estratégias de utilização deste EPI (Equipamento de Proteção Individual) recomendadas pelo CDC (Centers for Disease Control and Prevention) para conservação dos suprimentos e proteção dos profissionais de saúde.

Máscara ou respirador particulado N95

A máscara N95, que também é denominada de respirador particulado N95, é um purificador de ar certificado pelo Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (NIOSH), órgão vinculado ao CDC dos Estados Unidos (EUA). Esse artigo, utilizado com bastante constância, possui um filtro em seu interior capaz de filtrar pelo menos 95% das partículas transportadas pelo ar, porém não é resistente ao óleo. A N95 é capaz de filtrar poeira, fumaça, névoa e aerossóis, além de partículas biológicas como o pólen, esporos de fungos, bactérias, vírus, pelos de animais e alérgenos (Centers for Disease Control and Prevention, 2020). E para a prevenção e combate a COVID 19, a máscara N95 é o EPI básico utilizado pelos profissionais da saúde.

Diferenças básicas entre uso prolongado e reutilização da máscara N95

De acordo com o CDC (2020), o termo “uso prolongado” significa a prática de utilizar o mesmo respirador N95 para o atendimento de vários pacientes sem removê-lo. Um exemplo desse uso ocorre em unidades para atendimentos exclusivos a pacientes com Covid-19, quando os profissionais apenas retiram as máscaras no fim de seus turnos.

Enquanto que, a reutilização é a prática de usar a mesma máscara para vários cuidados com pacientes, mas retirando-a após cada procedimento. O respirador N95 é guardado nesse intervalo de tempo para ser utilizado no próximo encontro. Essa prática tem sido utilizada há décadas, quando os patógenos não são transmitidos também por contato (Centers for Disease Control and Prevention, 2020).

O CDC 2020 ainda afirma que a reutilização limitada da máscara N95 é a prática mais comum, desde que observadas as restrições que limitam o número de usos. A Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) também afirma e enfatiza através da nota técnica nº04/2020 que as máscaras de proteção respiratória N95 poderão, exclusivamente, serem usadas por período maior e/ou por um número de vezes maior que o previsto pelo fabricante, desde que pelo mesmo profissional e cumpridos todos os cuidados necessários, como, por exemplo:

1. Os serviços de saúde devem definir um protocolo para orientar os profissionais de saúde sobre o uso, retirada, acondicionamento, avaliação da integridade, tempo de uso e critérios para descarte das máscaras;

2. Os trabalhadores devem sempre inspecionar visualmente a máscara antes de cada uso, para avaliar sua integridade. Máscaras úmidas, sujas, rasgadas, amassadas ou com vincos devem ser imediatamente descartadas;

3. Caso não seja possível realizar uma verificação bem-sucedida da vedação da máscara na face do trabalhador, ela deverá ser descartada imediatamente. O número de reutilizações da máscara, pelo mesmo profissional, deve considerar as rotinas orientadas pelas Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da instituição do serviço de saúde e constar no protocolo de reutilização.

Implementação do uso prolongado das máscaras N95 nas instituições

A determinação de implementar a prática do uso prolongado ou a reutilização limitada das máscaras N95 deve ser tomada pelos profissionais que gerenciam o programa de proteção respiratória da instituição, em consulta aos departamentos de saúde ocupacional e controle de infecção. É respeitável destacar que a determinação de realizar essas práticas deve ser tomada caso a caso, levando em consideração as seguintes ponderações:

1. Características dos patógenos respiratórios (ex: vias de transmissão, prevalência de doenças na região, taxa de ataques de infecção e gravidade da doença).

2. Condições locais (ex: quantidade máscaras N95 descartáveis, taxa de uso da máscara, sucesso de outras estratégias para conservação do respirador, etc.)

3. Uso prolongado ao invés da reutilização, pois existe menos toque nas máscaras N95 e, portanto, menor risco de transmissão por contato.

4. No caso de uso prolongado, equipes devem ser treinadas para limitar a contaminação da superfície, evitando contato desnecessário com o respirador particulado e barreiras adicionais, como o face shield (escudo facial).

Recomendações para prevenir contaminação por contato durante o uso de máscaras N95

Devido à dificuldade de decidir o número seguro de usos possíveis de uma máscara N95, a reutilização ou uso prolongado estão baseados na sua funcionalidade e contaminação ao longo do tempo do material. Leia abaixo algumas orientações do (MS) Ministério da Saúde sobre essa questão:

1. Acondicionar as máscaras N95 já utilizadas em um recipiente individual limpo e respirável, como um saco de papel.

2. Identifica o saco de papel com o nome do profissional que utilizou a máscara para que apenas ele a reutilize.

3. Utilizar par de luvas de procedimento limpas (não esterilizadas) ao colocar uma máscara N95 usada e realizar verificação da identificação do usuário.

4. Evitar tocar no interior máscara N95. Se ocorrer contato, descartar a máscara e realizar a higiene das mãos.

5. Descartar recipientes de armazenamento em local apropriado, limpar regularmente conforme o protocolo da instituição.

6. Descartar as luvas após colocar a máscara N95 e ajustá-la para garantir que esteja adaptada confortavelmente ao seu rosto e com boa vedação.

7. Fazer verificação de ajuste inspirando e expirando, enquanto expira verificar vazamento ao redor do rosto.

8. Utilizar proteção facial limpa do tipo face shield (preferível) quando possível, pois forma uma barreira física que protege e prolonga a vida útil da máscara N95.

9. Descartar as N95 após procedimentos de geração de aerossóis, com sujidades visíveis, como fluídos corporais (ex.: sangue, secreção respiratória) e após a saída de ambientes de cuidado a pacientes com Covid-19.

10. Descartar as máscaras N95 após contato próximo ou saída da área de cuidados de qualquer paciente coinfectado com a Covid-19.

11. Lavar as mãos com água e sabão, ou um desinfetante para as mãos à base de álcool, antes e depois de tocar ou ajustar a máscara N95.

O MS ainda alerta que para reduzir a perda da funcionalidade da máscara N95, os supervisores, coordenadores e gestores das unidades devem consultar o fabricante sobre o número máximo de usos recomendados para a máscara N95. Caso a fabricante não tenha orientação disponível sobre tal circunstância, dados preliminares sugerem limitar as reutilizações a não mais que cinco usos por dispositivo, para garantir uma margem de segurança adequada. É duvidoso que o uso prolongado prejudique a proteção respiratória. No entanto, os estabelecimentos de saúde devem desenvolver metodologias claramente descritas para aconselhar a equipe.

Riscos de reutilização e uso prolongado das máscaras N95

Apesar de não haver consenso quanto a isso, o CDC (2020) adverte como o ponto de risco mais perigoso a transmissão de contato ao tocar na superfície da máscara contaminada. Patógenos respiratórios na superfície da máscara podem potencialmente ser transferidos pelo toque para as mãos do usuário e, portanto, correm o risco de causar infecção através do toque subsequente das membranas mucosas da face.

 A realização de procedimentos assistenciais geradores de aerossóis, possivelmente, ocasionam níveis mais altos de contaminação da superfície da máscara, como por exemplo: broncoscopias, coleta de secreção respiratória ou oral ou intubação endotraqueal, bem como aspiração de vias aéreas superiores e inferiores, aspiração de tubos orotraqueais e de traqueostomias.

Com o objetivo de reduzir os níveis de contaminação da superfície da máscara N95 é solicitar que os pacientes utilizem máscaras faciais, o profissional usar o escudo facial (face shield) e a unidade estar ventilada com exaustão local (Center for Disease Control and Prevention, 2020).

Cuidados básicos para retirada da máscara N95

1. Retirar a máscara sempre pelos elásticos, com muito cuidado para não tocar na superfície interna.

2. Acondicionar em um saco ou envelope de papel, embalagens plásticas ou de outro material, desde que não fiquem hermeticamente fechadas.

3. Arrumar os elásticos da máscara de forma a não serem contaminados e facilitar a retirada da máscara da embalagem.

4. Guardar a máscara usada durante o turno em local adequado, com identificação do nome do profissional na embalagem, sempre o mais próximo possível do leito do caso suspeito/provável/confirmado.

5. Lavar as mãos com água e sabão ou utilizar substância à base de álcool, antes de colocar a máscara e após ajustá-la à face (nunca levar para casa qualquer EPI utilizado no atendimento de suspeitos de Covid-19).

6. Considerar o uso de protetores faciais tipo face shield concomitante ao uso da máscara N95/PFF2 ou similares para reduzir a contaminação da superfície.

7. Não sobrepor a máscara cirúrgica à máscara N95 ou equivalente, pois ela não garante proteção de filtração ou de contaminação e pode levar ao desperdício de mais um EPI.

Referências

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota técnica GVIMS/GGTES/ ANVISA nº 04/2020 atualizada em 31.03.2020. Orientações para serviços de saúde: Medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados pelo novo coronavírus (SARSCoV-2). Brasília, 2020. Disponível em:<http://portal.anvisa.gov. br/documents/33852/271858/Nota+T%C3%A9cnica+n+042020+GVIMS-GGTES-ANVISA/ab598660-3de4-4f14-8e6fb9341c196b28>. Acesso em: 28 maio de 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Cartilha Coronavirus. Disponível em: <https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/07/CartilhaCoronavirus-Informacoes-.pdf>. Acesso em: 28 maio de 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes para diagnóstico e tratamento da COVID-19. Versão 3. Ministério da Saúde. 2020a. Disponível em: <https://portalarquivos.saude.gov.br/images/ pdf/2020/April/18/Diretrizes-Covid19.pdf>. Acesso em: 28 maio de 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Orientações sobre o uso de máscaras de proteção respiratória (respirador particulado – N95/PFF2 ou equivalente) frente à atual situação epidemiológica referente à infecção pelo SARS-COV-2 (COVID-19). Disponível em: <https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/ April/07/Nota-Informativa-uso-de-mascara.pdf>. Acesso em: 28 maio de 2020.

CENTERS FOR DISESASE CONTROL AND PREVENTION. Pandemic preparedness resources [Internet]. Washington, D.C.: Centers for Disesase Control and Prevention; 2020. Disponível em: <https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/php/pandemicpreparedness-resources.html >. Acesso em: 14 mai. 2020.

CDC. The National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH). Recommended Guidance for Extended Use and Limited Reuse of N95 Filtering Facepiece Respirators in Healthcare Settings. 2020. Disponível em: <https://www.cdc.gov/niosh/ topics/hcwcontrols/recommendedguidanceextuse.html>.  Acesso em: 28 maio de 2020.

COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Recomendações gerais para organização dos serviços de saúde e preparo das equipes de enfermagem. Versão 2. Abr. 2020. Disponível no link:  <http://juntoscontracoronavirus.com.br/cartilha.pdf>. Acesso em: 28 maio de 2020.



quinta-feira, 14 de maio de 2020

Sistema de Condução Elétrica do Coração


Sistema de Condução Elétrica do Coração


Introdução

O coração, bomba propulsora do sangue, elemento vital para a sobrevivência humana é composto pelo sistema elétrico e sistema sanguíneo (cardiovascular). O que promove os batimentos e ritmicidade do coração, ejetando o sangue para os demais órgãos do corpo humano é o famoso sistema de condução elétrico do coração.

O sistema de condução elétrica do ser humano é composto por células elétricas. O princípio desta atividade elétrica é originado no nódulo sinusal que difunde os impulsos por meio de um complexo circuito de fibras musculares que se interconectam ao nódulo atrioventricular. No nódulo atrioventricular, ocorre fisiologicamente um pequeno retardo do impulso elétrico, objetivando a sincronismo atrioventricular e dessa favorecer o esvaziamento sanguíneo dos átrios para os ventrículos, o coração é composto por quatro câmaras cardíacas, os átrios são as câmaras cardíacas superiores e os ventrículos são as câmaras cardíacas inferiores.

Após a condução elétrica nodal atrioventricular (do nó sinusal para o nó atrioventricular) o impulso elétrico é enviado para as porções mais distais dos músculos ventriculares por meio das fibras do feixe de His, seus ramos e a rede de Purkinje.

Nódulo sinusal

O nódulo sinusal ou nó sinusal é a principal estrutura responsável pelo comando elétrico e do ritmo cardíaco do coração, é considerado o marca-passo natural do coração, é pequena estrutura que mede aproximadamente 3 cm de comprimento e 2 mm de espessura, nasce na parte superior do coração, mais especificamente na junção da veia cava superior com o átrio direito. Ocorrendo danos ou falha do nó sinusal o nó atrioventricular é capaz de assumir o comando do ritmo cardíaco do coração.

Nódulo Atrioventricular

O nó atrioventricular é uma estrutura milimétrica, de forma ovalada, responsável por receber o comando elétrico vindo do nó sinusal, mede aproximadamente 5 a 6 mm de comprimento, 2 a 3 mm de largura e cerca de 1 mm de espessura. Localizado na porção inferior do septo interatrial, em uma região delimitada pelo triangulo de Koch. Esta estrutura é interconectada com o nó sinusal por células fasciculares e na ausência de comando elétrico vindo do nó sinusal, o nó atrioventricular produz potenciais de ação próprio, assumindo dessa forma a condução elétrica do coração.

Feixe de His e Fibras de Purkinje

O feixe de His se origina da porção mais caudal e profunda do nódulo atrioventricular. Estrutura pequena com dimensões aproximadas de 1 a 2 cm de comprimento e 0,8 a 1,2 mm de espessura. O tronco do feixe de His é formado por duas porções, uma penetrante e outra ramificante, a porção ramificante tem a função de transmitir o impulso elétrico pelos septos interventriculares, passando pelo ramo direito e ramo esquerdo do coração. O feixe de His é formado por células de Purkinje, que são organizadas longitudinalmente e separadas por fibras de colágeno e do ponto de vista eletrofisiológico não apresentam comunicações entre si, este arranjo de fibras propiciam a propagação elétrica para a musculatura dos ventrículos, ocasionando uma contração máxima. Os ventrículos são as câmaras cardíacas inferiores, que através do impulso elétrico direciona todo o fluxo sanguíneo do coração para o corpo.

Conclusão

Comprometimentos do sistema elétrico do coração ocasionará no paciente o que denominamos de arritmias cardíacas, que geralmente são tratadas com terapia medicamentosa, ablação do foco da arritmia cardíaca e até mesmo o implante de dispositivos implantáveis que denominamos de marca-passo cardíaco, Ressincronizador cardíaco e Cardiodesfibrilador cardíaco, ambos implantáveis e cada dispositivo tem a sua referida indicação, conforme a patologia ou arritmia do paciente, que é realizada por um profissional médico.

Referências

OLIVEIRA, D.V.R; AYOUB, A.C; KOBAYASHI, R.M; SIMONETTI, S.H. Marca-passo: Competências Clinicas para Enfermeiros. 1ª edição. Rio de Janeiro. Atheneu, 2017.

DANGELO, J.G; FATTINI, C.A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3ª edição. São Paulo. Atheneu, 2006.

GUYTON, A.C; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª edição. Rio de Janeiro. Elsevier Brasil, 2006.

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