terça-feira, 24 de abril de 2012

Assistência de Enfermagem ao Paciente Cardiopata


Assistência de Enfermagem ao Paciente Cardiopata

Introdução

Ao abordarmos um paciente cardiopata, devemos perguntar o paciente sobre sintomas como, dispnéia, dor torácica, palpitações, edema nos pés e tornozelos os quais sugerem a possibilidade de uma cardiopatia.  Importante também questionarmos Também questionamos o paciente acerca de membros da família que tiveram cardiopatias e enfermidades afins e sobre o paciente manifestar alguma outra doença que afete o sistema cardiovascular, como diabetes mellitus, hipertensão arterial. Neste momento é primordial o questionamento dos hábitos de vida deste paciente como o uso do tabaco, do álcool, sedentarismo, obesidade etc.

Após a anamnese é necessário a realização do exame físico completo desse paciente, objetivando encontrar sinais e sintomas indicativos de doença cardíaca. Alguns pontos são de extrema importância durante essa avaliação, como por exemplo:

Ao avaliarmos a coloração da pele, devemos observar se esta recebe uma quantidade adequada de oxigênio e nutrientes, sua coloração não deve estar pálida ou cianótica, pois estes sinais indicam uma anemia ou uma dificuldade circulatória, que pode ser proveniente de uma doença cardíaca.

Durante a avaliação das veias do pescoço, devemos estar atento ao ingurgitamento ou ausência de enchimento capilar, pois estas estão conectadas diretamente ao átrio direito do coração e fornecem uma indicação sobre o volume e a pressão do sangue que está entrando no lado direito do coração.

Ao realizarmos a ausculta pulmonar, buscamos verificar se os sons estão normais, pois a ocorrência de sons anormais pode indicar a presença de líquido nos pulmões decorrente de uma insuficiência cardíaca.

Outro ponto importante é a ausculta cardíaca, pois anormalidades das válvulas e de estruturas cardíacas causam um fluxo sanguíneo turbulento, dando origem aos sons característicos denominados sopros. Em geral, o fluxo sanguíneo turbulento ocorre quando o sangue passa por válvulas estenosadas ou insuficientes.

Sinais e sintomas da insuficiência cardíaca


·         Edema periférico,
·         Veias do pescoço distendidas
·         Anorexia
·         Distensão abdominal
·         Náuseas
·         Nictúria - é a eliminação de volume aumentado de urina durante a noite.
·         Dispnéia grave
·         Tosse produtiva ou espumosa
·         Dispnéia paroxística noturna
·         Ansiedade intensa
·         Agitação
·         Confusão
·         Astenia grave - sensação de cansaço generalizado e falta de energia, e afeta a capacidade de realizar as tarefas mais simples.
·         Fadiga intensa
·         Oliguria - redução do volume urinário para um valor abaixo de 400 mL em 24 horas.
·         Taquicardia
·         Angor transitório - Angústia profunda com algidez dos membros.

Possíveis Diagnósticos de Enfermagem do Paciente Cardiopata

·         Padrão respiratório ineficaz relacionado a
·         Troca gasosa comprometida relacionada a edema alveolar decorrente das pressões ventriculares elevadas
·         Dor relacionada a um desequilíbrio no suprimento e demanda de O2;
·         Ansiedade ligada à dor torácica, medo da morte, ambiente ameaçador;
·         Débito cardíaco diminuído relacionado à contratilidade comprometida;
·         Intolerância à atividade ligada à oxigenação insulficiente para realizar as AVDs, perda do condicionamento físico pelo repouso no leito;
·         Risco de lesão relacionada à dissolução dos coágulos protetores;
·         Perfusão tecidual alterada relacionada ao infarto;
·         Ineficiências de como lidar com a auto-estima, ruptura do padrão sono-repouso, falta de sistema de apoio significativo e perda de controle.

Intervenções de Enfermagem ao Paciente

Manter débito cardíaco adequado

·         Repouso físico e emocional para reduzir o trabalho cardíaco e as necessidades de oxigênio.
·         Posicionar em semi-Fowler ou Fowler-alto para facilitar o retorno venoso
·         Evitar manobras de valsava
·         Avaliar regularmente sinais vitais, parâmetros hemodinâmicos, nível de consciência, sons cardíacos
·         Monitorizar para verificação de arritmias
·         Observar sinais e sintomas da diminuição da perfusão tecidual periférica: pele fria, palidez facial, enchimento capilar retardado
·         Administrar terapêutica prescrita e avaliar a resposta quanto ao alívio de sintomas

Melhorar a oxigenação

·         Administrar oxigênio para reduzir dispnéia e fadiga
·         Posicionar em semi-Fowler ou Fowler-alto para facilitar a respiração e aliviar a congestão pulmonar 
·         Monitorizar freqüência respiratória, profundidade e facilidades respiratórias
·         Promover mudança de decúbito
·         Estimular os exercícios freqüentes de respiração profunda
·         Proporcionar refeições fracionadas e em pouca quantidade

Restabelecer equilíbrio hídrico

·         Administrar diuréticos
·         Avaliar diariamente o peso
·         Avaliar sinais de hipocalcemia: astenia, mal-estar e câimbras
·         Administrar potássio
·         Estar atento aos potenciais problemas dos diuréticos
·         Observar sinais de distensão da bexiga no idoso com hiperplasia da próstata
·         Proporcionar uma dieta hipocalórica e hipossódica fracionada e restringir os líquidos

Melhorar a tolerância à atividade

·         Aumentar gradualmente a atividade
·         Auxiliar o paciente nas atividades da vida diária.
·         Observar possíveis dores pré-cordiais durante e após as atividades
·         Avaliar sinais vitais, sintomas e resposta comportamental na execução de atividades que requerem maior esforço físico.
·         Planear períodos de repouso e equilibrá-los com a atividade para diminuir as necessidades do miocárdio
·         Encorajar ao auto-cuidado quando tolerado
·         Proporcionar um ambiente calmo para sono e repouso
·         Administrar sedativos para aliviar a insônia e agitação
·         Vigiar a eliminação intestinal para ver se há constipação e administrar emolientes se necessário
Controlar a ansiedade
·         Permitir ao doente que exteriorize os seus sentimentos
·         Incentivar e identificar a força de motivação e vontade
·         Administrar ansiolíticos

Manutenção da integridade cutânea

·         Manter membros inferiores ligeiramente elevados
·         Realizar mudança de decúbito freqüentemente
·         Reduzir ao mínimo os pontos de pressão e tensão
·         Avaliar a existência de zonas de pressão e massagear para ativar a circulação
·         Avaliar diariamente a integridade da pele
·         Higienizar a pele suavemente e aplicar loção hidratante para reduzir soluções de continuidade

Ensino ao doente

·         Desmistificar o conceito de insuficiente
·         Explicar os sintomas de recidiva
·         Aumento de peso
·         Edema periférico
·         Tosse persistente
·         Cansaço
·         Perda de apetite
·         Nicturia
·         Tomar a terapêutica prescrita e ter em atenção os seus efeitos colaterais
·         Pesar diariamente
·         Planejar o reinício das atividades
·         Aumentar a marcha e outras atividades progressivamente
·         Alternar o exercício com o repouso
·         Evitar ultrapassar o nível de tolerância
·         Evitar excesso de alimentos e bebidas
·         Evitar temperaturas extrema

Conclusão

A assistência de enfermagem ao paciente cardiopata deve ser sempre seguida de um exame físico e histórico completo, pois assim poderemos determinar as ações de enfermagem que deverão ser realizadas com este paciente. Outro aspecto importante é a inclusão da família no tratamento deste paciente, pois os hábitos alimentares, o uso correto dos medicamentos e a atividade física são fundamentais para o sucesso do tratamento e da qualidade de vida deste paciente.



Enfº Amarildo de Souza Cunha
Especializando em Terapia Intensiva

10 comentários:

  1. Sou academica de enfermagem e achei muito esclarecedor as informações postadas acima.

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    1. Obrigado.
      Fique a vontade em participar do blog.
      Um abraço.

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  2. Amarildo,
    Quero q saiba q sou muito grato pelo material exposto por você no seu blog...são pessoas como vc que fazem da enfermagem uma profissão de respeito...me ajudou no meu estudo de caso...serei sempre grato a vc...abraços de um amigo e futuro enfermeiro.
    Vanderson de Campos

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    1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  3. Obrigado Vanderson Campos, pelas sábias palavras de incentivo. Boa sorte na profissão.

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  4. esses cuidados valem exatamente para pacientes com cardiomiopatia restritiva ? ou tem algo a mais ?

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  5. Esses cuidados são: cuidados gerais que um atendimento médico hospitalar deve prestar a um paciente cardiopata, não se restringe a cardiomiopatia restritiva.

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  6. Sou estudante em enfermagem e os esclarecimentos acima me ajudaram bastante em algumas dúvidas. ..obg

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  7. Amei o documentários muito importante isso bem detalhado.

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  8. Obrigada pelas informações Esclarecedoras!

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