quinta-feira, 24 de maio de 2012

Enfermagem na Parada Cardiorrespiratória


Enfermagem na Parada Cardiorrespiratória

Introdução

A parada cardiorrespiratória (PCR) ocorre quando há interrupção súbita dos batimentos cardíacos e da respiração. O sinal evidente da PCR é ausência de pulso carotídeo e/ou femoral.

Os sintomas mais comuns são: a perda da consciência, apnéia, ausência de pulso e dos batimentos cardíacos e midríase.

O paciente em PCR pode aguardar até 5 minutos e ser revertido sem maiores danos.Porém a demora no atendimento em um tempo superior a este, poderá acarretar lesões cerebrais irreversíveis e/ou a morte.

As intervenções durante a ressuscitação devem ser realizadas, não apenas rapidamente, mas eficientemente.

Causas da PCR

         Atividade física intensa.
         Níveis muito baixos de potássio e magnésio no sangue. Esses minerais desempenham papel importante para os sinais elétricos do coração.
         Grande perda de sangue.
         Grave falta de oxigênio.
         Doenças das artérias coronarianas.
         Processos infecciosos.
         Trauma.

Mecanismos da PCR

Existem três modalidades de PCR:

Fibrilação Ventricular (FV) e Taquicardia Ventricular (TV) sem Pulso: Principais causas de PCR, no adulto. Esse distúrbio do ritmo cardíaco é ocasionado por contrações desordenadas e inefetivas das células cardíacas. É o distúrbio do ritmo cardíaco mais comum nos primeiros dois minutos de PCR, no adulto.

Evolui, rapidamente, para assistolia, caso não sejam estabelecidas medidas de RCP. O único tratamento disponível para o controle desse distúrbio do ritmo cardíaco é a desfibrilação.

Não existe base científica que comprove a eficácia de qualquer medicação anti-arrítmica em reverter a FV/TV sem pulso. As medicações podem ser utilizadas como auxiliares, facilitadoras para que o estímulo elétrico possa reverter o ritmo para sinusal.
A FV/TV sem pulso é a modalidade de PCR de melhor prognóstico e, em princípio, os esforços de ressuscitação devem continuar até que o ritmo deixe de ser FV/TV (ou porque reverteu para sinusal, ou porque evoluiu para um ritmo terminal).

Atividade Elétrica sem Pulso (AESP): Nesse ritmo existe a presença de atividade elétrica no músculo cardíaco porém os batimentos não são eficazes e não há circulação sangüínea.

Assistolia: Corresponde à ausência total de qualquer ritmo cardíaco. É a situação terminal, não sendo indicado a desfibrilação.

A principal causa de assistolia é a hipóxia, o que justifica as ofertas de oxigênio e ventilação efetivas, como prioritárias no atendimento.
Evidências cada vez mais contundentes apontam que a identificação de assistolia deva corresponder ao término dos esforços.

No entanto, deve-se ter presente que, na situação de assistolia, mesmo a correção dessas causas, geralmente, não implica em resolução da PCR.
Desfibrilação

É constituída pela aplicação de corrente elétrica contínua, no tórax, através do coração, em seu maior eixo, cuja finalidade é promover a despolarização simultânea do maior número possível de células cardíacas. Espera-se que, como o nó sinusal é o primeiro a se despolarizar, ele assuma o comando, quando as células se repolarizarem após a desfibrilação.

A desfibrilação só deve ser utilizada na FV/TV sem pulso.

Diagnóstico da PCR

O diagnóstico deve ser feito com a maior rapidez possível e compreende a avaliação de três parâmetros: responsividade, circulação e respiração.

Responsividade: Deve ser investigada com estímulo verbal e tátil. O estímulo verbal deve ser efetuado com voz firme e em tom alto, que garanta que a vítima seja capaz de escutar o socorrista. O estímulo tátil deve ser firme.

Circulação: Deve ser investigada no sítio carotídeo, por ser o último a desaparecer e o primeiro a ser restabelecido numa situação de instalação e reversão de PCR.

Respiração: Realiza-se a manobra de desobstrução das vias aéreas. Existem duas manobras básicas para isso: hiperextensão da cabeça e elevação da mandíbula. Ambas são eficazes, embora a primeira seja proibitiva na possibilidade de trauma cervical.

Importante: A ausência de responsividade, dá suporte ao chamado por ajuda. O pedido de ajuda inclui a solicitação de desfibrilador, carro de emergência, e de suporte avançado de vida.

Assistência de Enfermagem

Após o diagnóstico de PR, PC ou PCR, devemos:
         Posicionar a vítima adequadamente.
         Suspeitando de trauma, manter cabeça, pescoço e tronco alinhados;
         Marcar à hora do início da parada;
         Calçar luvas de procedimento;
         Colocar uma tábua rígida sob o tórax do paciente;
         Iniciar compressões torácicas intercaladas com VPP;

Compressões Torácicas

De acordo com as novas diretrizes no atendimento da PCR de 2010, elaboradas pela Sociedade Americana do Coração (AHA – American Heart Association)  durante a compressão torácica deve ser  aplicado uma pressão suficiente para deprimir o esterno em cerca de 5 cm e retirar subitamente a compressão, permitindo o retorno da parede torácica. Manter uma frequência mínina de 100 compressões por minuto. Iniciar a RCP com 30 compressões e 2 ventilações. Após 5 ciclos de compressão-ventilação, verificar a presença de pulso.

Respiração

Nas novas diretrizes de RCP 2010, A Sociedade Americana do Coração (AHA – American Heart Association) eliminou do procedimento “ver, ouvir e sentir se há respiração”. A respiração será verificada quando o socorrista examinar a responsividade do paciente.

Conduta da Equipe de Enfermagem Antes da Chegada do Médico

         Puncionar veia com jelco de maior calibre possível, de preferência na fossa antecubital, infundindo Solução de Cloreto de Sódio 0,9%, para manter acesso permeável. Se acesso periférico difícil, providenciar material para dissecção venosa, punção de subclávia ou jugular;
         Checar o material para intubação: EPI’s (luvas estéreis, óculos, máscara, capote), tubos endotraqueais (nº 7,0 - 7,5 - 8,0 e 8,5), fio guia, laringoscópio (lâminas curvas e retas e cabo com pilhas de reserva), estetoscópio, seringa de 20 ml, cadarço;
         Checar material para aspiração (frasco de aspiração, 2 borrachas, sonda de aspiração, luva estéril, máscara, óculos de proteção)
         Quando o setor estiver disponibilidade, o respirador deve estar conectar na saída de oxigênio e ar comprimidos, e devidamente testado.
         Checar o desfibrilador: conectar cabos do desfibrilador no paciente para proceder monitorização cardíaca enquanto realizando RCP.

Conduta da Equipe de Enfermagem  Após a Chegada do Médico

         Relatar tempo decorrido da parada e o que foi feito até o momento;
         Oferecer EPI’s e material para intubação montado e testado (tubo com cuff testado e fio guia inserido, cabo e lâmina do laringoscópio conectados);
         Segurar a cabeça do paciente (s/n);
         Manter aspirador pronto para uso;
         Avisar se a tentativa de intubação exceder 30 segundos (devendo preferivelmente ser inferior à 15 segundos);
         Estar preparado para oxigenar e ventilar com bolsa-valva-máscara entre uma tentativa e outra;
         Permanecer segurando o tubo após a retirada do fio guia e até ser fixado com cadarço;
         Insuflar cuff do tubo injetando ar suficiente para ocluir a via aérea (geralmente 10 a 20 ml) com a seringa;
         Oferecer estetoscópio para que ausculte e verifique posição correta do tubo;
         Conectar ambú ao tubo e ventilar;
         Confirmada a posição, fixar com cadarço, registrando a numeração em que está sendo realizada a fixação, soltar tubo e inserir uma cânula orofaríngea, se necessário;
         Conectar o ventilador (VM);
         Preparar e administrar medicações conforme solicitação médica;
         Se possível, verificar a pressão do cuff evitando hipo ou hiper insuflação (20 a 30 mmHg);
         Deixar a unidade do paciente em ordem;
         Desprezar o material perfurocortante em recipiente de paredes rígidas apropriado e material descartável, contaminado com sangue visível, conforme procedimento - Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde;
         Checar, repor e lacrar o “carro de emergência ” ,  registrando a data, o número do lacre, assinatura e Coren do responsável no impresso para Conferência do Carrinho de Urgência.
         Checar a medicação ministrada nos impressos – Prescrição e Controle de Medicação e Tratamento ou na Transcrição e Checagem da Prescrição Médica.
         Registrar o material gasto nos impressos.
         Registro do Uso de Gases e Equipamentos.
         Registrar todo o procedimento executado no prontuário do paciente.

Referências Bibliográficas

         PAZIN FILHO A; SANTOS JC; CASTRO RBP; BUENO CDF & SCHMIDT A. Parada cardiorrespiratória (PCR). Medicina, Ribeirão Preto, 36: 163-178, abr./dez. 2003.

         American Heart Association, 2010. Destaques das Diretrizes da American Heart Association 2010 para RCP e ACE.

Por: CUNHA, Amarildo de Souza. Enfermeiro – Especializando em Enfermagem em Terapia Intensiva.












Um comentário:

  1. Amarildo amei seu blog, sou estudante de técnico de Enfermagem. Seu blog me ajudou muito no meu trabalho de pesquisa, muito bem explicado.

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