sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Assistência de Enfermagem ao Paciente com Hipertensão Arterial Sistêmica na Unidade de Saúde da Família


Assistência de Enfermagem ao Paciente com Hipertensão Arterial Sistêmica
na Unidade de Saúde da Família

Introdução

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma patologia caracterizada pela elevação dos níveis pressóricos acima de 140/90 mmHg.

Pressão arterial é a força na qual o coração bombeia o sangue através dos vasos sanguíneos. É determinada pelo volume de sangue que sai do coração e pela resistência que ele encontra para circular no organismo.

A HAS é uma das doenças de maior prevalência na população. Por ser uma doença silenciosa, torna-se difícil o diagnóstico precoce, bem como a adesão ao tratamento por parte dos pacientes.

Possíveis causas da HAS

A HAS pode se desenvolver a partir do estresse, da obesidade, do sedentarismo, da hereditariedade, alcoolismo, excesso de sal nas refeições, do tabagismo, bem como a idade avançada, entre outros.

Alguns fatores podem ser modificáveis como o alcoolismo, uso excessivo do sal, diminuindo o sedentarismo através da prática da atividade física, controle da obesidade, através de uma alimentação equilibrada associada a atividade física.

Porém a idade e a hereditariedade são fatores que o paciente não tem controle sobre eles.

Prevenção

A prevenção da HAS está associada a mudanças no hábito de vida do indivíduo, como:

·         Controle do peso corporal,
·         A prática regular da atividade física,
·         Alimentação balanceada: rica em frutas, verduras, legumes, cereais, alimentos com alto teor de Potássio, Cálcio e Magnésio e pobre em gorduras, carboidratos, evitar ao máximo alimentos ricos em sódio.
·         Ingestão moderada de bebidas alcoólicas,
·         Cessação ou redução do hábito de fumar.
·         Controle do estresse psicossocial, uma vez que este contribui para níveis elevados da Pressão Arterial.

Complicações

A HAS pode provocar várias complicações, entre elas a mais comum são as complicações cardiovasculares: hipertrofia do ventrículo esquerdo, resultante de uma sobrecarga crônica causada pelo aumento da  pressão arterial, esta por sua vez possibilita o surgimento do Infarto Agudo do Miocárdio e a Insuficiência Cardíaca. Outras complicações cardíacas podem ocorrer como a Angina do peito, arritmias cardíacas e os distúrbios da condução elétrica do coração. 

Uma complicação cardiovascular muito comum é a Aterosclerose e as doenças da Aorta como o Aneurisma Dissecante da Aorta.
Pode também ocorrer complicações neurológicas como: A isquemia cerebral transitória, o Acidente Vascular Cerebral isquêmico ou hemorrágico, que pode deixar sequelas irreversíveis no paciente.

Complicações renais: Como a Insuficiência Renal Crônica (IRC), a HAS associada ao Diabetes Mellitus são a principal causa de IRC no Brasil.

Complicações oftalmológicas: Acarreta um comprometimento da retina (retinopatia hipertensiva), podendo chegar à cegueira.

Controle, Tratamento e Cura.

A HAS é uma doença que não tem cura e sim controle. Portanto o seu tratamento consiste basicamente em mudanças no estilo de vida, associado ao tratamento medicamentoso.

A mudança do estilo de vida é uma atitude que deve ser incentivada a todos os pacientes hipertensos, durante toda a vida, independente dos níveis de pressão arterial. Existem medidas de modificação do estilo de vida que, efetivamente, têm valor comprovado na redução da pressão arterial. Há eficácia comprovada dos hábitos saudáveis na queda de valores pressóricos e na diminuição do risco para eventos cardiovasculares.

O tratamento medicamentoso consiste basicamente no uso de medicamentos das seguintes classes: Diuréticos, betabloqueadores, vasodilatadores, inibidores da ECA, entre outros.

Sistematização da Assistência de Enfermagem

A sistematização da Assistência de enfermagem (SAE) é muito importante, uma vez que esta permite o levantamento de dados de forma apropriada, definir os diagnósticos de Enfermagem e a partir destes realizar um planejamento adequado dos resultados esperados, intervindo de forma segura através da realização de prescrições coerentes. Utilizando a SAE o Enfermeiro possibilita ao paciente uma melhor adesão, controle e recuperação da doença, evitando também complicações graves.

 O atendimento de enfermagem ao paciente hipertenso deve acontecer de forma planejada e de preferência que haja alternância entre a consulta de enfermagem (atendimento individual) e grupos operativos.

Durante a consulta de enfermagem o Enfermeiro deve estar atento ao estado de saúde geral do paciente, realizar o exame físico completo, verificar e registrar as medidas antropométricas e os sinais vitais do paciente e se for o caso realizar a interpretação dos resultados dos exames laboratoriais.

Além destes é preciso realizar uma investigação a respeito dos hábitos de vida do paciente, os fatores de risco, as limitações e suas dificuldades de adesão ao tratamento da HAS. Compete também ao Enfermeiro orientar o paciente quanto ao uso correto dos medicamentos prescritos, as possíveis reações adversas, reforçando sempre as orientações quanto aos hábitos de vida pessoais e familiares.

Possíveis Diagnósticos de Enfermagem no Atendimento ao Paciente com HAS

O Enfermeiro tem um grande conhecimento científico em relação à hipertensão e este por sua vez, contribui eficientemente desenvolvendo e aplicando este conhecimento, propiciando um tratamento adequado aos seus aos seus pacientes.

·         Ansiedade, relacionado à hipertensão arterial e ao estado de saúde em geral.
Meta do Enfermeiro: Promover um atendimento/acompanhamento do paciente de forma clara, eficiente e de continuidade, buscando a diminuição da ansiedade do paciente. Se necessário encaminhar o referido paciente ao atendimento psicológico.
Resultado Esperado: O paciente apresentará diminuição da ansiedade após receber um atendimento multiprofissional de qualidade.

·         Déficit de conhecimento relacionado à elevação da pressão arterial.
Meta do Enfermeiro: detectar de forma precoce a identificação do déficit de conhecimento, intervir e orientá-lo a adquirir o conhecimento necessário sobre a HAS para uma melhor adesão ao tratamento, bem como orientá-lo a participar dos grupos operativos.
Resultado Esperado: O paciente será capaz de ter conhecimento sobre a HAS, como: sinais e sintomas, formas de prevenção, controle e tratamento da doença.

·         Controle ineficaz do regime terapêutico relacionado a déficit de conhecimento da doença, falta de apoio social, a natureza crônica da doença, de envolvimento ativo no autocuidado.
Meta do Enfermeiro: Desenvolver e promover um plano de tratamento aceitável ao paciente, bem como orientar aos familiares a compreender o controle da doença.
Resultado Esperado: O paciente e seus familiares serão capazes de compreender, aceitar e contribuir para um controle eficaz do regime terapêutico.

·         Risco para débito cardíaco diminuído, relacionado à resistência vascular aumentada, hipertrofia e rigidez ventricular, isquemia do miocárdio e vasoconstrição.
Meta do Enfermeiro: Orientar, incentivar e supervisionar o paciente a participar dos      grupos operativos, participar de atividades que reduzem a sobrecarga cardíaca, realizar o controle da pressão arterial e frequência cardíaca.
Resultado Esperado: O paciente será capaz de controlar melhor a pressão arterial, frequência cardíaca, participar de forma efetiva dos grupos operativos e dessa forma reduzir a possibilidade de ter um débito cardíaco diminuído.

·         Cefaleia relacionado a pressão vascular cerebral aumentada.
Meta do Enfermeiro: Orientar o uso correto dos medicamentos prescritos, a ter um estilo de vida mais calmo e tranquilo, evitando dessa forma o estresse psicossocial.
Resultado Esperado: O paciente relatará melhora da cefaleia após seguir as orientações do Enfermeiro.

·         Intolerância a atividade, relacionado ao aumento da pressão arterial.
Meta do Enfermeiro: Encorajar o paciente a participar dos grupos operativos e caminhada dos hipertensos, na tentativa de habituar o organismo a atividade física.
Resultado Esperado: O paciente apresentará melhora da intolerância após a realização de atividade física

Considerações Finais

A orientação e o acompanhamento de pacientes com hipertensão arterial sistêmica compete em grande parte ao enfermeiro, uma vez que a função educativa faz parte de suas atribuições, a qual é redimensionada pelo contato constante junto ao paciente.

Porém como a hipertensão arterial envolve orientações voltadas para vários objetivos, seu tratamento requer o apoio de outros profissionais de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e assistentes sociais. Tendo o objetivo de atender o paciente em abordagens diferentes, e a formação da equipe multiprofissional.

O papel do enfermeiro nesta equipe multiprofissional é o de realizar a consulta de enfermagem, medida da pressão arterial, investigação sobre fatores de risco e hábitos de vida, eliminação do risco individual, orientação sobre a doença, o uso de medicamentos e seus efeitos adversos, avaliação de sintomas e orientações sobre hábitos de vida pessoais e familiares, encaminhamento de pacientes com pressão arterial descontrolada ao médico, administração dos serviços (controle de retornos, busca de faltosos e controle de consultas agendadas) e delegação das atividades do técnico/auxiliar de enfermagem

Referências Bibliográficas

·         Farmacologia Básica e Clínica – Katzung – 10ª. Edição – Lange

·         BRASIL. Ministério da Saúde. Plano de reorganização da atenção à hipertensão arterial e ao diabetes mellitus. Manual de hipertensão arterial e diabetes mellitus. Brasília, 2001.

·         DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, V. Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Nefrologia, 2006.

·         KIELLER, Michele; CUNHA, Isabel Cristina Kowal Olm. Assistência de enfermagem a pacientes com Hipertensão Arterial Sistêmica. Rev Enferm UNISA 2004; 5: 20-4.

·         FAVA, Silvana Maria Coelho Leite; FIGUEIREDO, Aretuza Silva de; FRANCELI Amanda Bonamichi;  NOGUEIRA, Maria Suely; CAVALARI, Eliana. Diagnóstico de enfermagem e proposta de intervenções para clientes com hipertensão arterial. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 out/dez; 18(4):536-40.

·         CUNHA, ICKO; CARMAGNANI, MIS; CORNETTA, VK. Diagnósticos de Enfermagem em pacientes com  Hipertensão  Arterial  em  acompanhamento  ambulatorial. Rev. Paul . Enf, v. 21,  n. 3,  p. 269-71, 2002.

·        Diagnósticos de Enfermagem da NANDA. Definições e classificação 2007/2008. Porto Alegre: Artmed, 2008.





Autor

Amarildo Cunha

Enfermeiro - Assessor Técnico na BioCath Comércio de Produtos Hospitalares. Graduado pela Faculdade Pitágoras de Ipatinga-MG. Especializando em Enfermagem em Terapia Intensiva pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais. Foi instrutor do curso de Aperfeiçoamento de Enfermagem em Terapia Intensiva no SENAC/MG de Ipatinga. Tem experiência como Técnico em Enfermagem nos setores de clínica médica e cirúrgica, pronto atendimento, em unidade de cuidados intermediários, internação e como Técnico em Enfermagem Socorrista.



domingo, 17 de fevereiro de 2013

Desafios Gerenciais da Assistência de Enfermagem


Desafios Gerenciais da Assistência de Enfermagem

Desde que a lei 2604/55, categorizou a enfermagem e estabeleceu o enfermeiro como chefe da equipe, composta por auxiliares e técnicos em enfermagem, e como responsável pelo gerenciamento da assistência de enfermagem prestado ao cliente, além das atribuições administrativas próprias da profissão, algumas mudanças veem transformando essa realidade.
Hoje percebe-se que no cotidiano profissional o enfermeiro tem se distanciado da prática assistencial, priorizando atividades voltadas ao cumprimento de normas e regulamentos, realizando o que é preconizado pela organização e por outros profissionais.
Desta forma, o que se observa é um atendimento que não satisfaz os demais componentes de sua equipe, bem como os seus clientes, que por sua vez encontram-se institucionalizados.  Porém ainda assim, o enfermeiro vem se preocupando com uma assistência de qualidade voltada para resultados, que é a recuperação da saúde de forma rápida, segura e eficaz de seus pacientes.
Todavia, com os constantes avanços da base de conhecimentos, mediante as mudanças de paradigmas e modelos de processos de trabalho, o enfermeiro líder do futuro deve refletir sobre o seu papel no gerenciamento para uma assistência de qualidade. Igualmente inovador e transformador, o gerenciamento pelo enfermeiro, provoca mudanças, satisfazendo clientes, equipe e instituição.
De acordo com o artigo 11 da lei número 7.498/86 do exercício profissional de enfermagem, uma das atividades privativas do enfermeiro é planejar, organizar, coordenar, executar e avaliar os serviços da assistência de enfermagem. E para tal, se faz necessário que o enfermeiro aprenda e evolua de forma consistente, desenvolvendo competências como a comunicação, relacionamento interpessoal e tomada de decisão.
Muitas organizações carecem de colaboradores que possam atender com rapidez a elas. Portanto, é necessário que o enfermeiro habitue-se às novas situações, seja flexível e tenha capacidade de relacionamento, trabalhe em equipe, assuma desafios, e tenha espírito de liderança, entre outras, pois estes são requisitos imprescindíveis ao momento atual da gestão da assistência de enfermagem.
Além destes fatores o enfermeiro precisa conhecer o perfil dos seus clientes e da sua equipe de trabalho. Visualizando-os como seres humanos únicos, dotados de capacidades e limites, pois conhecendo as necessidades e expectativas de seus colegas e subordinados, torna-se mais fácil e prático o processo de liderança, alcançando assim uma assistência de qualidade aos seus clientes.
O enfermeiro como gestor deve proporcionar para sua equipe: qualificação, motivação e valorização profissional, gerando um ambiente que prioriza o capital intelectual, ao invés da mão de obra qualificada que somente cumprem ordens técnicas.
Para tal, é preciso um trabalho sistematizado, uma vez que, inúmeras dificuldades aparecerão diante de diferentes demandas entre as partes envolvidas: instituição, cliente e equipe.
Assim, o enfermeiro-líder deve estimular sua equipe à ação e preparar seus liderados, transformando-os em futuros líderes e agentes de mudança. O enfermeiro deve enxergar o futuro, sendo mais flexível, dinâmico e disposto a assumir riscos, ao contrário do papel de controlador, ditador de regras, normas e procedimentos. Dessa forma, o enfermeiro-líder precisa transcender seu cargo e sua posição formal, e assim criar e estabelecer uma relação de sintonia entre seus superiores e liderados, contribuindo sempre para um atendimento de qualidade aos seus clientes.
Publicado por:
Enfermeiro - Assessor Técnico na BioCath Comércio de Produtos Hospitalares. Graduado pela Faculdade Pitágoras de Ipatinga-MG. Especializando em Enfermagem em Terapia Intensiva pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais. Foi instrutor do curso de Aperfeiçoamento de Enfermagem em Terapia Intensiva no SENAC/MG de Ipatinga. Tem experiência como Técnico em Enfermagem nos setores de clínica médica e cirúrgica, pronto atendimento, em unidade de cuidados intermediários, internação e como Técnico em Enfermagem Socorrista.