segunda-feira, 15 de abril de 2013

Como gerenciar a Entrada dos Recém-Formados nas Instituições de Saúde?


Como gerenciar a Entrada dos Recém-Formados nas Instituições de Saúde?
A cada semestre uma massa de profissionais de saúde é lançada no mercado de trabalho, ou pelo menos, um grande número de formandos adquire o diploma de graduação nas mais diversas profissões da área da saúde e com esse documento na mão, vão à procura do tão sonhado primeiro emprego.
Só que, vemos no mercado que grande parte das instituições de saúde procura profissionais já treinados, ou seja, profissionais qualificados e com experiência profissional. Outras inclusive exigem uma pós-graduação específica e até mesmo fluência em idiomas, dependendo da função que o profissional irá desempenhar.
Não que estas estejam erradas, afinal, buscar pessoas qualificadas e com experiência ajuda muito para que as funções e tarefas sejam entendidas rapidamente, e o profissional se adapte mais facilmente no ambiente de trabalho.
Entretanto, como fica a situação daqueles profissionais que estão se formando? Um contexto muito falado por esses profissionais é: Todas as empresas de saúde exigem experiência profissional, porém, como vou adquiri-la, se nenhuma destas me oferece a primeira oportunidade? Por outro lado, as empresas contratantes afirmam: vagas existem, porém não encontramos pessoal qualificado para as respectivas vagas. 
Esta é a dura realidade que os profissionais recém-formados enfrentam no mercado de trabalho. São altos investimentos durante a graduação, e o sonho de colocar em prática aquilo para o qual foi preparado, se perde diante da frustração de não conseguir uma vaga. Dilema que infelizmente não depende só deles, e sim da chamada primeira oportunidade de trabalho. Dessa forma, vemos que ser graduado, pós-graduado e ter cursos de idiomas, não são mais uma garantia de emprego.
É uma questão cultural? É falta de iniciativa privada? Será que investir na adaptação, qualificação, e treinamento desses profissionais recém-formados gera um custo que não vale a pena? O governo poderia intervir nessa questão? E as faculdades e universidades? Poderiam também participar do ingresso destes profissionais no mercado de trabalho? Ou realmente se tem chegado a um excesso de profissionais no mercado? 
O especialista em Gestão e Marketing em Saúde, Dr. Edgar Luna afirma “é uma doença crônica que os hospitais não querem tratar, o profissional não deve ser buscado simplesmente pelo que diz o currículo, primeiro é necessário uma avaliação de atitude, achar os profissionais que se identifiquem com a instituição, para depois capacitá-los e treiná-los, e a instituição precisa enxergar esse treinamento como investimento”. O enfermeiro Well Cunha relata “estou sentindo isso na pele, é muito triste essa realidade”. Já o enfermeiro Lázaro Clarindo opina que “o governo poderia intervir de alguma forma e citou o exemplo de diminuir os impostos das instituições que dessem oportunidades para os recém-formados”.
As citações e opiniões acima são muito pertinentes, as instituições de saúde, as faculdades e universidades, bem como o governo, deveriam criar programas trainee, como o que acontece nas grandes multinacionais, uma vez que assistência em saúde requer preparo, portanto é preciso investimento e treinamento destes profissionais recém-admitidos, para qualificá-los aos nossos serviços de saúde.
Programas trainee, bem como as residências multiprofissionais nas instituições de saúde existem, porém quando se comparado a quantidade de profissionais que estão chegando ao mercado de trabalho, o número de vagas ainda é muito reduzido. Observa-se ainda que estas vagas estão centralizadas nas grandes metrópoles e cidades capitais, ficando dessa forma os profissionais de cidades menores com uma certa dificuldade de se ingressar nessas vagas.
Nos programas de trainee, estes profissionais terão a oportunidade de mostrarem o seu trabalho, seu conhecimento, sua postura ética e mercadológica. Será também o momento destes driblarem sua ansiedade e insegurança, mostrando aos contratantes que são capazes. Capazes de empreender, de superar obstáculos, de traçar metas e alcançá-las. Bem como o momento de adquirirem novas competências e habilidades. Aliando a primeira oportunidade ao seu sucesso profissional, contribuindo dessa forma para o crescimento e desenvolvimento da instituição contratante.
Concluindo, percebe-se que há um verdadeiro desequilíbrio entre as instituições de ensino e os empregadores, ficando nas mãos dos gestores em saúde a oportunidade de repensarem sobre o assunto, estudarem novas formas de gerenciamento do ingresso dos profissionais recém-formados nas instituições de saúde.
Amarildo Cunha
Enfermeiro - Assessor Técnico na BioCath Comércio de Produtos Hospitalares. Graduado pela Faculdade Pitágoras de Ipatinga-MG. 
Especializando em MBA em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar na Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte.