sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Importância do Conhecimento e Aplicação da Escala de Glasgow pelo Enfermeiro

A Escala de Glasgow é um instrumento de avaliação neurológica, que permite avaliar o nível de consciência de um paciente que tenha sofrido um traumatismo crânio-encefálico (TCE).

Esta escala deve ser realizada nas primeiras 24 horas após o trauma e avalia três parâmetros: Abertura Ocular, Resposta Verbal e Resposta Motora. É empregada mundialmente e além de identificar disfunções neurológicas, ela também serve de parâmetro para acompanhar a evolução do nível de consciência; predizer prognóstico; e unificar a linguagem entre os profissionais de saúde.

Conforme a resposta do paciente referente aos testes propostos na escala, se obtém uma nota final, que servirá de parâmetro para medir a gravidade do paciente. Ao passo de que esta escala vai de 3 a 15, quanto menor a pontuação mais grave está o paciente e quanto maior a pontuação melhor é o estado de saúde do paciente.

  


A utilização da Escala de Glasgow requer domínio científico e habilidades adquiridas ao longo da pratica do profissional de enfermagem. Sua aplicação deve ser criteriosa e sistematizada, uma vez que esta escala é fundamental para a avaliação e a criação de medidas ao paciente, de maneira a garantir a fidedignidade do resultado, que é algo indispensável para o sequenciamento da melhora destes pacientes.

A Nova Escala de Glasgow

Esse importante recurso foi atualizado em abril de 2018, acrescentando outro importante fator para ser medido na escala: a reatividade pupilar. A modificação mais recente foi uma tentativa de obter melhores informações sobre o prognóstico no traumatismo cranioencefálico, incluindo a probabilidade de morte, já que o estudo realizado pelos pesquisadores revelou maior precisão na análise do estado de saúde do paciente. Nasceu então a versão mais recente da escala, denominada escala de coma de Glasgow com resposta pupilar (ECG-P). Sendo a Reatividade Pupilar subtraída da pontuação anterior, gerando um resultado final mais preciso.

Reatividade Pupilar (atualização 2018):
(2) Inexistente: Nenhuma pupila reage ao estímulo de luz
(1) Parcial: Apenas uma pupila reage ao estímulo de luz.
(0) Completa: As duas pupilas reagem ao estímulo de luz.

Analise a reatividade pupilar (atualização 2018): suspenda cuidadosamente as pálpebras do paciente e direcione um foco de luz para os seus olhos. Registre a nota correspondente à reação ao estímulo. Esse valor será subtraído da nota obtida anteriormente, gerando um resultando final mais preciso.

Grande parte da assistência de enfermagem se baseia em observação constante e avaliação correta de cada paciente, logo compete ao Enfermeiro conhecer todas as alterações que podem ocorrer na evolução de um quadro clínico do paciente. Se tratando de um paciente neurológico crítico o Enfermeiro deve ter percepção rápida e acompanhamento vigilante, de forma a obter agilidade na mudança de assistência deste paciente, visto que a identificação de alteração neurológica pode significar um melhor ou pior prognóstico do paciente.

Referências


SANTOS, Wesley Cajaíba; CAMPANHARO, Cássia Regina Vancini; LOPES, Maria Carolina Barbosa Teixeira; OKUNO, Meiry Fernanda Pinto; BATISTA, Ruth Ester Assayag. Avaliação do conhecimento de enfermeiros sobre a escala de coma de Glasgow em um hospital universitário. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/eins/v14n2/pt_1679-4508-eins-14-2-0213.pdf>. Acessado em 28/08/2018.

A abordagem estruturada de Glasgow para avaliação da escala de coma de Glasgow. Disponível em http://www.glasgowcomascale.org/recording-gcs/. Acessado em 30/08/2018.

Como é a nova escala de coma de Glasgow e qual a sua importância? Disponível em https://www.iespe.com.br/blog/nova-escala-de-coma-de-glasgow/. Acessado em 28/08/2018. 

domingo, 26 de agosto de 2018

Assistência de Enfermagem no Cuidado ao Paciente com Aneurisma Vascular


Introdução

É uma doença cardiovascular, ou seja, afeta o sistema circulatório. É uma dilatação anormal de um vaso sanguíneo, deixando-o maior que 50% do seu diâmetro normal. É causado pelo enfraquecimento das paredes dos vasos, devido a trauma ou doença vascular.

O local mais frequente de acontecer o aneurisma é na principal artéria do corpo humano, a artéria aorta. A aorta tem um longo trajeto pelo corpo, começando nas câmaras cardíacas esquerda, descendo pelo tórax até passar pela cavidade abdominal, quando recebe o nome de artéria aorta abdominal. E é neste seguimento que encontramos na maioria das vezes os aneurismas. Da artéria aorta abdominal nascem duas artérias renais, que descendo pelo seu trajeto principal segue emitindo outros pequenos ramos, tornando-se as artérias ilíacas, direita e esquerda. Pontos anatômicos que também pode ocorrer formação de aneurismas.

Sinais e Sintomas

Sua principal e mais grave complicação é a ruptura, resultando em hemorragia, devido ao extravasamento de sangue. Geralmente assintomático em 70% dos casos. Quando um aneurisma abdominal se expande, pode se notar uma pulsação na porção intermediária ou inferior do estômago, dores na lombar ou sensibilidade no peito, que devido ao seu crescimento, este comprime órgãos e regiões adjacentes. Já os aneurismas de aorta torácica crescem lentamente e quando manifestado os sintomas são dor no maxilar, pescoço, peito e costas, tosse, rouquidão e dificuldade respiratória. Sintomas também devido a compressão de estruturas adjacentes. Estatisticamente, 90% dos aneurismas são abdominais.

Causas e Diagnóstico

As causas podem ocorrer por aterosclerose, e esta pode estar ligada à hereditariedade, traumas, idade acima de 60 anos, tabagismo, hipertensão, hipercolesterolemia. A maioria dos aneurismas abdominais é identificado em meio a exames de rotina, como: ressonâncias magnéticas, tomografias computadorizadas e ultrassom da região abdominal.

Tratamento

O objetivo no tratamento de um aneurisma de aorta abdominal é evitar a sua ruptura. Porém nem todo aneurisma tem indicação cirúrgica, e quando não se tem, o tratamento é medicamentoso e através de mudanças no hábito de vida, como parar de fumar, mudança na alimentação e práticas de atividade física.

Atualmente o tratamento mais indicado e realizado em casos de aneurisma de aorta abdominal é alcançado por meio de Endoprótese, esta é colocada dentro da área danificada da aorta para separar o fluxo sanguíneo normal do aneurisma. É uma cirurgia minimamente invasiva, sob visualização fluoroscópica, não tendo a necessidade de abrir cirurgicamente a cavidade abdominal e a aorta.

A endoprótese é um tubo de tecido sintético (enxerto) suportado por uma estrutura metálica (stent). O enxerto de stent ajuda a contornar a área da aorta enfraquecida pelo aneurisma para impedir sua ruptura. Colocado e liberado dentro da aorta no local do aneurisma através de punção da artéria femoral, guiado por um sistema de entrega através de visualização fluoroscópica.


Esse tratamento tem a função de selar a artéria acima e abaixo da área danificada, permitindo assim a passagem do fluxo sanguíneo sem pressionar as paredes enfraquecidas pelo aneurisma. Os procedimentos geralmente são realizados em salas de hemodinâmicas, por cirurgiões endovasculares, vasculares e cardíacos.

Os benefícios do procedimento com a endoprótese são: diminuição do tempo cirúrgico e do tempo de anestesia, menor perda sanguínea, diminuição do risco de morbimortalidade, realização de mínimas incisões na região inguinal, tempo reduzido de internação, gerando menores custos hospitalares e para as operadoras de saúde e rapidez na recuperação.

Outro tipo de tratamento é a cirurgia aberta, com maiores probabilidades de complicações. Consiste na eliminação do aneurisma com substituição da aorta pela prótese (enxerto).

Assistência de Enfermagem

O Processo de Enfermagem (PE) é o formato de alicerce científico, estruturado pela Sistematização da Assistência em Enfermagem (SAE) apontando a assistência absoluta ao paciente, transcorrendo pelas etapas de investigação, diagnóstico, planejamento dos resultados esperados, implementação da assistência de enfermagem e a avaliação da assistência de enfermagem.

A prevenção é o melhor meio de tratamento, diante desta realidade compete ao Enfermeiro e sua equipe da Atenção Primária orientar e combater hábitos que favorecem doenças vasculares, dentre estas ações podemos citar: combate ao tabagismo, incentivo e orientação a prática de atividades físicas, orientação para uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras, legumes e cereais, controle da pressão arterial e do colesterol.

Diante de um pré-operatório de aneurisma de aorta compete ao Enfermeiro e sua equipe, orientar ao paciente e seus familiares, sobre o procedimento, prover apoio emocional e psicológico, orientar para os cuidados pós-operatório e seu processo de recuperação. Controlar a pressão arterial, ofertar aporte ventilatório, controle da dor, orientar repouso absoluto no leito, preparar a pele com banho a base de clorohexidina, degermante evitando a proliferação de microorganismos, evitando futuramente complicações como infecção. Garantir acesso venoso de grande calibre, orientar, controlar e supervisionar o jejum do paciente, controle da ansiedade.

Sabe-se que o aneurisma de aorta abdominal pode prejudicar o fluxo sanguíneo dos membros inferiores e diante deste evento, causa no paciente dor, ausência de pulso, palidez do membro, parestesias e paralisia, evidenciando a extrema importância e constante avaliação da perfusão tissular periférica dos membros inferiores destes pacientes.

Em relação ao período intra-operatório cabe ao Enfermeiro da Hemodinãmica ou Centro Cirúrgico providenciar sala, materiais descartáveis, conferir se toda relação de Órtese, Prótese e Materiais Especiais (OPME – Endoproteses) estão na unidade e se foram autorizados previamente pela operadora de saúde, e todos os equipamentos que garantirão assistência adequada a toda equipe multidisciplinar e ao paciente no momento cirúrgico.

Os cuidados pós-operatório requer avaliações minuciosas da equipe de enfermagem, pois podem ocorrer isquemia renal devido baixo fluxo aórtico ou pinçamento das artérias renais durante o procedimento, podendo evoluir para uma transitória Insuficiência Renal Aguda, competindo ao Enfermeiro e sua equipe controlar o balanço hídrico. A queda no débito urinário poderá indicar perda sanguínea e queda na pressão arterial por choque hipovolêmico devido hemorragia, com isso é necessária atenção para sinais de choque, dentre eles: bradicardia, taquicardia, taquipnéia devido a diminuição do enchimento capilar dos membros inferiores.

É de fundamental importância o controle de todos os Sinais Vitais do paciente operado. O controle da pressão arterial e do débito cardíaco garantirá verificar o sucesso da permeabilidade da Endoprótese implantada, bem como a verificação de pulsos radial e carotídeo, principalmente quando se tratar de correção de aneurisma de aorta ascendente e arco aórtico.

Também compete ao Enfermeiro e sua equipe orientar o paciente operado a permanecer em repouso absoluto no leito por 24 horas do pós-operatório, ficando este liberado, orientado e incentivado a deambular somente após este período, que também vai depender da sua condição física e estabilidade hemodinâmica.

Conclusões

O aneurisma vascular é uma das doenças cardiovasculares mais comuns, afetando na maioria das vezes homens. Embora silencioso, pode ser diagnosticado em exames de rotina ou através de sintomas em casos de aneurisma avançado. Em caso de rupturas, pode levar o paciente ao óbito.

Diante de todos estes cuidados todos estes cuidados de enfermagem, pode-se incluir a importância destes no pré, intra e pós-operatório de aneurisma de vascular. Dessa forma é de extraordinária importância que o enfermeiro prepare e institua um plano de cuidados individualizado para cada paciente, empregando como principal instrumento, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).

Referências

SILVA, Tâmara Taynah Medeiros da; COSTA, Ilanne Caroline Santos; RAMOS, Diego Vasconcelos; DANTAS, Rodrigo Assis Neves, BOTARELLI, Fabiane Rocha; DANTAS, Daniele Vieira, RIBEIRO, Maria do Carmo de Oliveira, SILVA, Fillipi André dos Santos. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A VÍTIMA DE RUPTURA DE ANEURISMA AÓRTICO. Revista de Enfermagem UFPE on line., Recife, 12(5):1480-5, maio., 2018

TANNURE, Meire Chucre. PINHEIRO, Ana Maria. SAE: SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: GUIA PRÁTICO. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

ALVIM, André Luiz Silva. O PROCESSO DE ENFERMAGEM E SUAS CINCO ETAPAS. Enfermagem, COFEN 2013. Disponível em: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/viewFile/531/214. Acessado em 26/08/2018.

Diretriz Brasileira para o Tratamento de Aneurisma de Aorta Abdominal. Disponível em: <http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2017/Relatorio_Diretriz_AneurismaAortaAbdominal_final.pdf >. Acessado em 26/08/2018.



Enf. Amarildo Cunha
MBA em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar.
Executivo de Vendas de Produtos Médicos Hospitalares