domingo, 30 de dezembro de 2018

Resumo – Resolução RDC 36 de 2013


Resumo – Resolução RDC 36 de 25 de Julho de 2013
 

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Esta Resolução tem por objetivo instituir ações para a promoção da segurança do paciente e a melhoria da qualidade nos serviços de saúde e dá outras providências.

Ela se aplica em todos os serviços de saúde, sejam eles públicos, privados, filantrópicos, civis ou militares, incluindo aqueles que exercem ações de ensino e pesquisa.

Excluindo apenas os consultórios individualizados, laboratórios clínicos e os serviços móveis e de atenção domiciliar.

Esta resolução apresenta algumas definições importantes e que precisam ser entendidas e compreendidas pela equipe multiprofissional de saúde.

Boas Práticas de Funcionamento do Serviço de Saúde: Componentes da garantia da qualidade que asseguram que os serviços são ofertados com padrões de qualidade adequados;

Cultura da Segurança: conjunto de valores, atitudes, competências e comportamentos que determinam o comprometimento com a gestão da saúde e da segurança, substituindo a culpa e a punição pela oportunidade de aprender com as falhas e melhorar a atenção à saúde;

Dano: comprometimento da estrutura ou função do corpo e/ou qualquer efeito dele oriundo, incluindo doenças, lesão, sofrimento, morte, incapacidade ou disfunção, podendo, assim, ser físico, social ou psicológico;

Evento Adverso: Incidente que resulta em danos à saúde;

Garantia da Qualidade: Totalidade das ações sistemáticas necessárias para garantir que os serviços prestados estejam dentro dos padrões de qualidade exigidos para os fins a que se propõem;

Gestão de Risco: Aplicação sistêmica e contínua de políticas, procedimentos, condutas e recursos na identificação, análise, avaliação, comunicação e controle de riscos e eventos adversos que afetam a segurança, a saúde humana, a integridade profissional, o meio ambiente e a imagem institucional;

Incidente: Evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário à saúde;

Núcleo de Segurança do Paciente (NSP): Setor do serviço de saúde criado para promover e apoiar a implementação de ações voltadas à segurança do paciente;

Segurança do Paciente: Redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde;

Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Documento que aponta situações de risco e descreve as estratégias e ações definidas pelo serviço de saúde para a gestão de risco visando a prevenção e a mitigação dos incidentes, desde a admissão até a transferência, a alta ou o óbito do paciente no serviço de saúde;

Serviço de Saúde: Estabelecimento destinado ao desenvolvimento de ações relacionadas à promoção, proteção, manutenção e recuperação da saúde, qualquer que seja o seu nível de complexidade, em regime de internação ou não, incluindo a atenção realizada em consultórios, domicílios e unidades móveis;

Tecnologias em Saúde: Conjunto de equipamentos, medicamentos, insumos e procedimentos utilizados na atenção à saúde, bem como os processos de trabalho, a infraestrutura e a organização do serviço de saúde.

Para criação do Núcleo de Segurança do Paciente (NSP), a direção da instituição deve nomear a sua composição, conferindo aos membros autoridade, responsabilidade e poder para executar as ações do Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde.

O NSP deve adotar os seguintes princípios e diretrizes:
  • A melhoria contínua dos processos de cuidado e do uso de tecnologias da saúde;
  • A disseminação sistemática da cultura de segurança;
  • A articulação e a integração dos processos de gestão de risco;
  • A garantia das boas práticas de funcionamento do serviço de saúde.
Diversas ações devem ser exercidas pelo NSP, dentre elas, pode-se citar:

  • Promover ações para a gestão de risco no serviço de saúde;
  • Desenvolver ações para a integração e a articulação multiprofissional no serviço de saúde;
  • Promover mecanismos para identificar e avaliar a existência de não conformidades nos processos e procedimentos realizados e na utilização de equipamentos, medicamentos e insumos propondo ações preventivas e corretivas;
  • Elaborar, implantar, divulgar e manter atualizado o Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde;
  • Acompanhar as ações vinculadas ao Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde;
  • Implantar os Protocolos de Segurança do Paciente e realizar o monitoramento dos seus indicadores;
  • Estabelecer barreiras para a prevenção de incidentes nos serviços de saúde;
  • Desenvolver, implantar e acompanhar programas de capacitação em segurança do paciente e qualidade em serviços de saúde;
  • Analisar e avaliar os dados sobre incidentes e eventos adversos decorrentes da prestação do serviço de saúde;
  • Compartilhar e divulgar à direção e aos profissionais do serviço de saúde os resultados da análise e avaliação dos dados sobre incidentes e eventos adversos decorrentes da prestação do serviço de saúde;
  • Notificar ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária os eventos adversos decorrentes da prestação do serviço de saúde;
  • Manter sob sua guarda e disponibilizar à autoridade sanitária, quando requisitado, as notificações de eventos adversos;
  • Acompanhar os alertas sanitários e outras comunicações de risco divulgadas pelas autoridades sanitárias.

O Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde (PSP), elaborado pelo NSP, deve estabelecer estratégias e ações de gestão de risco, conforme as atividades desenvolvidas pelo serviço de saúde para:
  • Identificação, análise, avaliação, monitoramento e comunicação dos riscos no serviço de saúde, de forma sistemática;
  • Integrar os diferentes processos de gestão de risco desenvolvidos nos serviços de saúde;
  • Implementação de protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saude;
  • Identificação do paciente;
  • Higiene das mãos;
  • Segurança cirúrgica;
  • Segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos; sangue e hemocomponentes;
  • Segurança no uso de equipamentos e materiais;
  • Manter registro adequado do uso de órteses e próteses quando este procedimento for realizado;
  • Prevenção de quedas dos pacientes;
  • Prevenção de úlceras por pressão;
  • Prevenção e controle de eventos adversos em serviços de saúde, incluindo as infecções relacionadas à assistência à saúde;
  • Segurança nas terapias nutricionais enteral e parenteral;
  • Comunicação efetiva entre profissionais do serviço de saúde e entre serviços de saúde;
  • Estimular a participação do paciente e dos familiares na assistência prestada.
  • Promoção do ambiente seguro.

Referente a vigilância, o monitoramento e a notificação dos eventos adversos, estes devem ser realizados mensalmente pelo NSP ao Ministério da Saúde por meio de ferramentas eletrônicas disponíveis pela Agencia de Vigilância Sanitária (Anvisa) e os eventos adversos que evoluírem para óbito devem ser notificados em até 72 (setenta e duas) horas a partir do ocorrido.

E Compete à ANVISA, em articulação com o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária:
  • Monitorar os dados sobre eventos adversos notificados pelos serviços de saúde;
  • Divulgar relatório anual sobre eventos adversos com a análise das notificações realizadas pelos serviços de saúde;
  • Acompanhar, junto às vigilâncias sanitárias distrital, estadual e municipal as investigações sobre os eventos adversos que evoluíram para óbito.

Referência
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2871504/RDC_36_2013_COMP.pdf/36d809a4-e5ed-4835-a375-3b3e93d74d5e

Enfº Amarildo Cunha
MBA em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Importância do Conhecimento e Aplicação da Escala de Glasgow pelo Enfermeiro

A Escala de Glasgow é um instrumento de avaliação neurológica, que permite avaliar o nível de consciência de um paciente que tenha sofrido um traumatismo crânio-encefálico (TCE).

Esta escala deve ser realizada nas primeiras 24 horas após o trauma e avalia três parâmetros: Abertura Ocular, Resposta Verbal e Resposta Motora. É empregada mundialmente e além de identificar disfunções neurológicas, ela também serve de parâmetro para acompanhar a evolução do nível de consciência; predizer prognóstico; e unificar a linguagem entre os profissionais de saúde.

Conforme a resposta do paciente referente aos testes propostos na escala, se obtém uma nota final, que servirá de parâmetro para medir a gravidade do paciente. Ao passo de que esta escala vai de 3 a 15, quanto menor a pontuação mais grave está o paciente e quanto maior a pontuação melhor é o estado de saúde do paciente.

  


A utilização da Escala de Glasgow requer domínio científico e habilidades adquiridas ao longo da pratica do profissional de enfermagem. Sua aplicação deve ser criteriosa e sistematizada, uma vez que esta escala é fundamental para a avaliação e a criação de medidas ao paciente, de maneira a garantir a fidedignidade do resultado, que é algo indispensável para o sequenciamento da melhora destes pacientes.

A Nova Escala de Glasgow

Esse importante recurso foi atualizado em abril de 2018, acrescentando outro importante fator para ser medido na escala: a reatividade pupilar. A modificação mais recente foi uma tentativa de obter melhores informações sobre o prognóstico no traumatismo cranioencefálico, incluindo a probabilidade de morte, já que o estudo realizado pelos pesquisadores revelou maior precisão na análise do estado de saúde do paciente. Nasceu então a versão mais recente da escala, denominada escala de coma de Glasgow com resposta pupilar (ECG-P). Sendo a Reatividade Pupilar subtraída da pontuação anterior, gerando um resultado final mais preciso.

Reatividade Pupilar (atualização 2018):
(2) Inexistente: Nenhuma pupila reage ao estímulo de luz
(1) Parcial: Apenas uma pupila reage ao estímulo de luz.
(0) Completa: As duas pupilas reagem ao estímulo de luz.

Analise a reatividade pupilar (atualização 2018): suspenda cuidadosamente as pálpebras do paciente e direcione um foco de luz para os seus olhos. Registre a nota correspondente à reação ao estímulo. Esse valor será subtraído da nota obtida anteriormente, gerando um resultando final mais preciso.

Grande parte da assistência de enfermagem se baseia em observação constante e avaliação correta de cada paciente, logo compete ao Enfermeiro conhecer todas as alterações que podem ocorrer na evolução de um quadro clínico do paciente. Se tratando de um paciente neurológico crítico o Enfermeiro deve ter percepção rápida e acompanhamento vigilante, de forma a obter agilidade na mudança de assistência deste paciente, visto que a identificação de alteração neurológica pode significar um melhor ou pior prognóstico do paciente.

Referências


SANTOS, Wesley Cajaíba; CAMPANHARO, Cássia Regina Vancini; LOPES, Maria Carolina Barbosa Teixeira; OKUNO, Meiry Fernanda Pinto; BATISTA, Ruth Ester Assayag. Avaliação do conhecimento de enfermeiros sobre a escala de coma de Glasgow em um hospital universitário. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/eins/v14n2/pt_1679-4508-eins-14-2-0213.pdf>. Acessado em 28/08/2018.

A abordagem estruturada de Glasgow para avaliação da escala de coma de Glasgow. Disponível em http://www.glasgowcomascale.org/recording-gcs/. Acessado em 30/08/2018.

Como é a nova escala de coma de Glasgow e qual a sua importância? Disponível em https://www.iespe.com.br/blog/nova-escala-de-coma-de-glasgow/. Acessado em 28/08/2018. 

domingo, 26 de agosto de 2018

Assistência de Enfermagem no Cuidado ao Paciente com Aneurisma Vascular


Introdução

É uma doença cardiovascular, ou seja, afeta o sistema circulatório. É uma dilatação anormal de um vaso sanguíneo, deixando-o maior que 50% do seu diâmetro normal. É causado pelo enfraquecimento das paredes dos vasos, devido a trauma ou doença vascular.

O local mais frequente de acontecer o aneurisma é na principal artéria do corpo humano, a artéria aorta. A aorta tem um longo trajeto pelo corpo, começando nas câmaras cardíacas esquerda, descendo pelo tórax até passar pela cavidade abdominal, quando recebe o nome de artéria aorta abdominal. E é neste seguimento que encontramos na maioria das vezes os aneurismas. Da artéria aorta abdominal nascem duas artérias renais, que descendo pelo seu trajeto principal segue emitindo outros pequenos ramos, tornando-se as artérias ilíacas, direita e esquerda. Pontos anatômicos que também pode ocorrer formação de aneurismas.

Sinais e Sintomas

Sua principal e mais grave complicação é a ruptura, resultando em hemorragia, devido ao extravasamento de sangue. Geralmente assintomático em 70% dos casos. Quando um aneurisma abdominal se expande, pode se notar uma pulsação na porção intermediária ou inferior do estômago, dores na lombar ou sensibilidade no peito, que devido ao seu crescimento, este comprime órgãos e regiões adjacentes. Já os aneurismas de aorta torácica crescem lentamente e quando manifestado os sintomas são dor no maxilar, pescoço, peito e costas, tosse, rouquidão e dificuldade respiratória. Sintomas também devido a compressão de estruturas adjacentes. Estatisticamente, 90% dos aneurismas são abdominais.

Causas e Diagnóstico

As causas podem ocorrer por aterosclerose, e esta pode estar ligada à hereditariedade, traumas, idade acima de 60 anos, tabagismo, hipertensão, hipercolesterolemia. A maioria dos aneurismas abdominais é identificado em meio a exames de rotina, como: ressonâncias magnéticas, tomografias computadorizadas e ultrassom da região abdominal.

Tratamento

O objetivo no tratamento de um aneurisma de aorta abdominal é evitar a sua ruptura. Porém nem todo aneurisma tem indicação cirúrgica, e quando não se tem, o tratamento é medicamentoso e através de mudanças no hábito de vida, como parar de fumar, mudança na alimentação e práticas de atividade física.

Atualmente o tratamento mais indicado e realizado em casos de aneurisma de aorta abdominal é alcançado por meio de Endoprótese, esta é colocada dentro da área danificada da aorta para separar o fluxo sanguíneo normal do aneurisma. É uma cirurgia minimamente invasiva, sob visualização fluoroscópica, não tendo a necessidade de abrir cirurgicamente a cavidade abdominal e a aorta.

A endoprótese é um tubo de tecido sintético (enxerto) suportado por uma estrutura metálica (stent). O enxerto de stent ajuda a contornar a área da aorta enfraquecida pelo aneurisma para impedir sua ruptura. Colocado e liberado dentro da aorta no local do aneurisma através de punção da artéria femoral, guiado por um sistema de entrega através de visualização fluoroscópica.


Esse tratamento tem a função de selar a artéria acima e abaixo da área danificada, permitindo assim a passagem do fluxo sanguíneo sem pressionar as paredes enfraquecidas pelo aneurisma. Os procedimentos geralmente são realizados em salas de hemodinâmicas, por cirurgiões endovasculares, vasculares e cardíacos.

Os benefícios do procedimento com a endoprótese são: diminuição do tempo cirúrgico e do tempo de anestesia, menor perda sanguínea, diminuição do risco de morbimortalidade, realização de mínimas incisões na região inguinal, tempo reduzido de internação, gerando menores custos hospitalares e para as operadoras de saúde e rapidez na recuperação.

Outro tipo de tratamento é a cirurgia aberta, com maiores probabilidades de complicações. Consiste na eliminação do aneurisma com substituição da aorta pela prótese (enxerto).

Assistência de Enfermagem

O Processo de Enfermagem (PE) é o formato de alicerce científico, estruturado pela Sistematização da Assistência em Enfermagem (SAE) apontando a assistência absoluta ao paciente, transcorrendo pelas etapas de investigação, diagnóstico, planejamento dos resultados esperados, implementação da assistência de enfermagem e a avaliação da assistência de enfermagem.

A prevenção é o melhor meio de tratamento, diante desta realidade compete ao Enfermeiro e sua equipe da Atenção Primária orientar e combater hábitos que favorecem doenças vasculares, dentre estas ações podemos citar: combate ao tabagismo, incentivo e orientação a prática de atividades físicas, orientação para uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras, legumes e cereais, controle da pressão arterial e do colesterol.

Diante de um pré-operatório de aneurisma de aorta compete ao Enfermeiro e sua equipe, orientar ao paciente e seus familiares, sobre o procedimento, prover apoio emocional e psicológico, orientar para os cuidados pós-operatório e seu processo de recuperação. Controlar a pressão arterial, ofertar aporte ventilatório, controle da dor, orientar repouso absoluto no leito, preparar a pele com banho a base de clorohexidina, degermante evitando a proliferação de microorganismos, evitando futuramente complicações como infecção. Garantir acesso venoso de grande calibre, orientar, controlar e supervisionar o jejum do paciente, controle da ansiedade.

Sabe-se que o aneurisma de aorta abdominal pode prejudicar o fluxo sanguíneo dos membros inferiores e diante deste evento, causa no paciente dor, ausência de pulso, palidez do membro, parestesias e paralisia, evidenciando a extrema importância e constante avaliação da perfusão tissular periférica dos membros inferiores destes pacientes.

Em relação ao período intra-operatório cabe ao Enfermeiro da Hemodinãmica ou Centro Cirúrgico providenciar sala, materiais descartáveis, conferir se toda relação de Órtese, Prótese e Materiais Especiais (OPME – Endoproteses) estão na unidade e se foram autorizados previamente pela operadora de saúde, e todos os equipamentos que garantirão assistência adequada a toda equipe multidisciplinar e ao paciente no momento cirúrgico.

Os cuidados pós-operatório requer avaliações minuciosas da equipe de enfermagem, pois podem ocorrer isquemia renal devido baixo fluxo aórtico ou pinçamento das artérias renais durante o procedimento, podendo evoluir para uma transitória Insuficiência Renal Aguda, competindo ao Enfermeiro e sua equipe controlar o balanço hídrico. A queda no débito urinário poderá indicar perda sanguínea e queda na pressão arterial por choque hipovolêmico devido hemorragia, com isso é necessária atenção para sinais de choque, dentre eles: bradicardia, taquicardia, taquipnéia devido a diminuição do enchimento capilar dos membros inferiores.

É de fundamental importância o controle de todos os Sinais Vitais do paciente operado. O controle da pressão arterial e do débito cardíaco garantirá verificar o sucesso da permeabilidade da Endoprótese implantada, bem como a verificação de pulsos radial e carotídeo, principalmente quando se tratar de correção de aneurisma de aorta ascendente e arco aórtico.

Também compete ao Enfermeiro e sua equipe orientar o paciente operado a permanecer em repouso absoluto no leito por 24 horas do pós-operatório, ficando este liberado, orientado e incentivado a deambular somente após este período, que também vai depender da sua condição física e estabilidade hemodinâmica.

Conclusões

O aneurisma vascular é uma das doenças cardiovasculares mais comuns, afetando na maioria das vezes homens. Embora silencioso, pode ser diagnosticado em exames de rotina ou através de sintomas em casos de aneurisma avançado. Em caso de rupturas, pode levar o paciente ao óbito.

Diante de todos estes cuidados todos estes cuidados de enfermagem, pode-se incluir a importância destes no pré, intra e pós-operatório de aneurisma de vascular. Dessa forma é de extraordinária importância que o enfermeiro prepare e institua um plano de cuidados individualizado para cada paciente, empregando como principal instrumento, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).

Referências

SILVA, Tâmara Taynah Medeiros da; COSTA, Ilanne Caroline Santos; RAMOS, Diego Vasconcelos; DANTAS, Rodrigo Assis Neves, BOTARELLI, Fabiane Rocha; DANTAS, Daniele Vieira, RIBEIRO, Maria do Carmo de Oliveira, SILVA, Fillipi André dos Santos. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A VÍTIMA DE RUPTURA DE ANEURISMA AÓRTICO. Revista de Enfermagem UFPE on line., Recife, 12(5):1480-5, maio., 2018

TANNURE, Meire Chucre. PINHEIRO, Ana Maria. SAE: SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: GUIA PRÁTICO. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

ALVIM, André Luiz Silva. O PROCESSO DE ENFERMAGEM E SUAS CINCO ETAPAS. Enfermagem, COFEN 2013. Disponível em: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/viewFile/531/214. Acessado em 26/08/2018.

Diretriz Brasileira para o Tratamento de Aneurisma de Aorta Abdominal. Disponível em: <http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2017/Relatorio_Diretriz_AneurismaAortaAbdominal_final.pdf >. Acessado em 26/08/2018.



Enf. Amarildo Cunha
MBA em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar.
Executivo de Vendas de Produtos Médicos Hospitalares

quinta-feira, 15 de março de 2018

Marca-Passo Provisório na Sala de Emergência - Atuação da Equipe de Enfermagem

  • Marca-Passo Provisório na Sala de Emergência

Atuação da Equipe de Enfermagem

Enfº Amarildo Cunha

Os marca-passos cardíacos artificiais (MP) são dispositivos eletrônicos de estimulação multiprogramável capazes de substituir os impulsos elétricos e/ou ectópicos, com o objetivo de obter atividade elétrica cardíaca, a mais fisiológica possível.

Atualmente, a estimulação temporária é um procedimento indispensável em unidades de Pronto Atendimento (PA), sendo utilizado em decorrência da natureza aguda e frequentemente transitória de determinadas patologias cardíaca. Pode ser também realizada de forma eletiva e preventiva para controle da frequência cardíaca (FC), tratamento de distúrbios de condução, dentre outras doenças cardiovasculares.

Daí a importância e necessidade da equipe de Enfermagem estar preparada para o atendimento e assistência destes pacientes.

Indicação do MP Provisório

Como abordagem de primeira escolha para pacientes com bradicardia associada a presença de sinais e sintomas de instabilidade hemodinâmica, como: Tonturas, alteração do nível de consciência (presença de síncope ou pré-sincope), hipotensão, dor torácica de origem anginosa e dispneia (insuficiência cardíaca ou congestão pulmonar).

Programação do Gerador de MP Externo

Sendo o implante endocárdico, conecta-se o polo distal ao terminal negativo e o polo proximal ao terminal positivo do MP, mensurando assim os limiares de comando e sensibilidade no gerador externo.

Limiar de comando é a menor quantidade de energia aplicada ao músculo cardíaco, capas de provocar a sua despolarização. Como regra básica a programação do limiar de comando do gerador externo é três vezes o limiar encontrado, assegurando dessa forma, margem de segurança adequada sem realizar a estimulação excessiva de energia.
Limiar de sensibilidade é o poder de captação, pelo eletrodo, dos sinais cardíacos resultantes da despolarização. Como regra básica o MP deverá ser mantido com sensibilidade igual ao dobro do valor encontrado, garantindo dessa forma, boa margem de segurança.
Basicamente existem dois tipos de estimulação cardíaca temporária, o MP Transcutâneo e o MP Transvenoso.

MP Provisório Transcutâneo

Realiza a estimulação elétrica artificial por meio de eletrodos autoadesivos contendo gel condutor, que quando colados no tórax do paciente, emite estimulação elétrica das células cardíacas e consequentemente a contração do músculo cardíaco. Os eletrodos são colocados e/ou colados na parede do tórax (anteroposterior, esterno-apical ou latero-lateral), estes promovem a desfibrilação e a monitorização eletrocardiográfica.

As complicações que podem ocorrer no MP provisório transcutâneo são irritação da pele e queimaduras, devido ao uso prolongado do dispositivo, bem como dor e desconforto ocasionados pelo impulso elétrico e consequente contração muscular esquelética.

Cuidados de Enfermagem ao paciente com MP Provisório Transcutâneo
  • ·         Avaliar nível de consciência do paciente;
  • ·         Avaliar analgesia e desconforto do paciente;
  • ·         Manter eletrodos do eletrocardiograma e monitorização contínua;
  • ·         Higiene oral e corporal no leito do paciente;
  • ·      Orientar, auxiliar e supervisionar o paciente a realizar suas necessidades fisiológicas do no leito;
  • ·         Manter os eletrodos colados no tórax do paciente, evitando ao máximo molhar estes eletrodos.
  • ·         Manter repouso absoluto no leito em todos os pacientes com MP provisório transcutâneo;
  • ·         Puncionar e manter acesso venoso calibroso neste paciente;
  • ·   Manter material de via aérea avançada próximo ao leito do paciente, bem como carrinho de emergência;
  • ·         Realizar controle de sinais vitais;
  • ·         Manter registro de procedimentos realizados e cuidados de enfermagem prescritos.


MP Provisório Transvenoso

A estimulação cardíaca com MP transvenoso é realizada por meio de eletrodos flexíveis, bipolares, que entram em contato direto com o endocárdio, geralmente no ventrículo direito, onde os impulsos elétricos são comandados por um gerador externo.

A passagem destes eletrodos é realizada por meio de punção venosa central, podendo estas serem jugular interna, subclávia, femoral e braquial. A introdução destes eletrodos, quando necessário são realizadas com ajuda de um eletrocardiógrafo e/ou fluoroscopia.

A utilização do MP transvenoso se dá, quando o paciente não responde as medidas iniciais de tratamento às bradiarritmias sintomáticas com pulso através do tratamento medicamentoso ou por MP transcutâneo.

Sua utilização é segura, confiável e eficiente, não podendo ultrapassar 15 dias de implante devido ao risco de infecções e septicemia.

Complicações com o MP Provisório Transvenoso

O implante de MP Provisório Transvenoso pode ocasionar sérias complicações e problemas aos pacientes, porém estes podem ser evitados de acordo com o conhecimento e conduta da equipe responsável sobre o uso e manutenção do gerador de MP e dos cabos de eletrodo. Dentre as complicações mais que podem ocorrer, podemos citar:
  • ·         Hemotórax;
  • ·         Tromboflebite;
  • ·         Hematoma local;
  • ·         Estimulação diafragmática;
  • ·         Perfuração miocárdica;
  • ·         Deslocamento do cabo de eletrodo;
  • ·         Infeção;
  • ·         Arritmias ventriculares;
  • ·         Desaparecimento da espícula do MP;
  • ·         Perda do comando, ausente do desaparecimento da espícula do MP.


Cuidados de Enfermagem ao paciente com MP Provisório Transvenoso
  • ·         Avaliar nível de consciência do paciente;
  • ·         Manter o paciente em repouso relativo;
  • ·    Avaliar sinais vitais e frequência cardíaca apical e parâmetros do gerador de MP por período, avaliando se está em demanda ou comando;
  • ·         Realizar curativo de forma asséptica no óstio de inserção do eletrodo transvenoso;
  • ·         Realizar eletrocardiograma de controle diariamente;
  • ·         Avaliar presença de estimulação frênica (estímulo abdominal);
  • ·         Avaliar sinais e sintomas de infeção;
  • ·         Manter acesso venoso pérvio;
  • ·         Manter material de via aérea avançada próximo ao leito do paciente;
  • ·         Manter acesso venoso calibroso pérvio;
  • ·    Orientar o paciente quanto ao repouso e cuidados com os eletrodos e gerador de MP transvenoso;
  • ·      Avaliar diariamente bateria do gerador de MP transvenoso, e caso seja necessário realizar a troca da bateria, manter o paciente monitorizado e sob a presença da equipe médica.


Cuidados com o Manuseio do Gerador
  • ·     Observar sempre o correto aterramento do aparelho, para evitar fugas de corrente pelo eletrodo do gerador de MP;
  • ·   Não substituir baterias do gerador de MP em funcionamento, sem a utilização de luvas de procedimento;
  • ·        Anotar a frequência predeterminada do gerador de MP;
  • ·        Verificar diariamente a carga da bateria do gerador;
  • ·     O enfermeiro deve solicitar avaliação do médico, sempre que houver presença de estimulação torácica ou diafragmática, que pode indicar sinais de aumento de sensibilidade e/ou perfuração cardíaca;
  • ·   Avaliar três vezes ao dia os limiares de comando e sensibilidade, mantendo margens de segurança adequadas;
  • ·  Caso o paciente necessite de desfibrilação, o gerador de MP deve ser desligado, e preferencialmente desconectar os cabos de eletrodos dos terminais, para evitar danos ao aparelho;
  • ·    Manter o paciente em repouso relativo, tomando precaução de fixar de forma adequada o gerador próximo ao local de inserção do cabo de eletrodo;
  • ·     Posicionar adequadamente o MP com o cabo de eletrodo curto, mas com folga, para evitar tração e possível deslocamento, e o gerador fixado ao corpo do paciente;
  • ·         Atentar para alterações dos sinais vitais do paciente: controle da pressão arterial, da frequência cardíaca, do ritmo cardíaco, da frequência respiratória e da temperatura corporal;
  • ·   Monitorização eletrocardiográfica ou eletrocardioscópica, para avaliação dos limiares de comando e sensibilidade e também para o diagnóstico precoce de complicações;
  • ·      Avaliação cotidiana do MP Provisório Transvenoso, para então verificar se o paciente poderá retirar o MP provisório ou se terá que realizar o implante de um MP endocárdico definitivo;
  • ·    Ao desligar um MP externo, deve-se diminuir gradativamente a frequência de estimulação, observando se o ritmo cardíaco do paciente. A interrupção abrupta da estimulação pode ser seguida de longo período de assistolia, determinando quadro de síncope ou até indução de arritmia grave.

Sistematização da Assistência de Enfermagem

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma ferramenta de trabalho básica e ordenada na vida do Enfermeiro, orientada pela ciência, a SAE colabora para avaliar e diagnosticar a saúde e necessidades de cuidados do paciente, estabelecer prescrições de cuidado, praticar e avaliar a sua efetividade em todos os aspectos de cuidados, desde os clientes de menor comorbidade até os de alta complexidade. Logo a utilização das classificações de Diagnósticos, Intervenções e Resultados de Enfermagem melhoram a documentação de todo o processo de trabalho do Enfermeiro.

Na sala de emergência o Enfermeiro além de avaliar e considerar todo o estado hemodinâmico do paciente, bem como todas as funcionalidades e cuidados com o eletrodo e o gerador de MP provisório, este deve manter o foco no cuidado individualizado do paciente e não de sua patologia. O profissional de enfermagem representa papel fundamental na vida do paciente após o implante, com o objetivo de identificar as necessidades de cuidado como tranquilizar o paciente em situações de medo e ansiedade, esclarecer dúvidas e orientar quanto ao autocuidado.

Cabe ainda ao Enfermeiro o gerenciamento dos sintomas apresentados pelo paciente, devendo avaliar criteriosamente sua história clínica, os sinais de baixo débito cardíaco: como pele fria, palidez, síncope, tontura, fadiga, desconforto respiratório e palpitações, uma vez que estes são sinais indicativos de perfusão inadequada ao padrão fisiológico.

Referências
  • ·         OLIVEIRA, Denise Viana Rodrigues de Oliveira; AYOUB, Andrea Cotait, KOBAYASHI, Rika Miyahara; SIMONETTI, Sergio Henrique. Marca-passo – Competências Clínicas para Enfermeiros. Editora Atheneu, 1 Edição. Rio de Janeiro, 2017.

  • ·         NANDA, Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: Definições e Classificações 2017. 10 edição. Editora Artmed.

  • ·         BULECHEK, Gloria M; BUTCHER, Howard K; DOCHTERMAN, Joanne; WAGNER, Cheryl M. NIC - Classificação Das Intervenções de Enfermagem - 6ª edição, editora Elsevier 2016.

  • ·         MOORHEAD, Sue; JOHNSON, Marion, MAAS, Meridian L; SWANSON, Elizabeth. NOC, Classificação dos Resultados de Enfermagem. 5 edição, editora Elsevier, 2016