sexta-feira, 15 de julho de 2011

O Enfermeiro na avaliação da Gasometria Arterial

GASOMETRIA ARTERIAL

RESUMO


Ao analisar um exame laboratorial a beira do leito de um paciente em estado crítico, o enfermeiro deve estar concentrado nas correlações clínicas que aquele resultado traduz. 

Baseado sempre no valor de referência, estabelecido por cada laboratório, pode-se definir se determinado resultado está ou não alterado, estabelecendo sempre a correlação do valor com a condição clínica do paciente.

Este resumo tem como objetivo principal, mostrar ao enfermeiro a importância de saber os principais resultados laboratoriais afim de elaborar um plano de cuidados baseado em dados clínicos significativos.

A gasometria arterial consiste na análise dos gases arteriais, na leitura do ph e das pressões parciais de oxigênio (PaO2) e dióxido de carbono (PaCO2).

pH: Mede a concentração de íons de hidrogênio no sangue demonstrando se ele está demasiadamente alcalino ou ácido. pH diminuído: acidose, pH elevado: alcalose.

PaO2: Avalia a capacidade de oxigenação do sangue nos pulmões.

PaCO2: Reflete a adequação da ventilação pelos pulmões.

Saturação de oxigênio (SaO2): É a quantidade de oxigênio que o sangue é capaz de transportar.
Bicarbonato (HCO3-): Mede a concentração do íon bicarbonato no sangue, sendo regulada pelos rins.

Excesso de base (BE): Representa o excesso ou o déficit de bases, permitindo avaliar a gravidade do distúrbio metabólico. O excesso de bases é encontrado nas alcaloses e o déficit nas acidoses.

Conteúdo de oxigênio (CTO2): Mede a quantidade efetiva de O2 no sangue. Não é muito usado na gasometria arterial.

O primeiro parâmetro a ser avaliado na gasometria é o Ph. Pois independente dos demais parâmetros, o pH determina se o paciente está em acidose ou alcalose.

QUADRO I: VALORES DE REFERÊNCIA NORMAIS

EXAMES
VALORES NORMAIS
pH      
7,35 a 7,45
PaCO2
35 a 45 mmhg
PaO2
80 a 100 mmhg
HCO3
22 a 26 mEq/L
SaO2
94% a 100%
CTO2
15% a 23%
Base
- 2,3 mEq/L (Déficit) a + 2,3 mEq/L (excesso)
CO2 total
24 a 31 mmhg
O2 total
15 a 22% de volume


Os distúrbios ácido-base que podem ocorrer são:

  • Acidose metabólica e respiratória.
  • Alcalose metabólica e respiratória.

Na avaliação respiratória pH e PaCO2 é inversamente proporcional: logo se o pH estiver diminuído a PaCO2 vai estar aumentada. E se o pH estiver aumentado a PaCO2 vai estar diminuída.

Na avaliação metabólica pH e HCO3- é proporcional: logo se o pH estiver diminuído o HCO3 vai estar diminuído e se o pH estiver aumentado o HCO3- também vai estar aumentado.

QUADRO II: EXEMPLO DE LEITURA

SITUAÇÃO
Situação
pH
HCO3
PaCO2
CAUSAS FREQUENTES
Acidose
Metabólica
Aguda


Crônica
Diminuído


Normal
Diminuído


Diminuído
Normal


Diminuída
Cetoacidose diabética, hipóxia, acidose lática (sépse por Gram-negativos), insuficiência renal, PCR e uso abusivo de aspirina.
Acidose
Respiratória
Aguda



Crônica
Diminuído



Normal
Normal



Aumentado
Aumentada



Aumentada
DPOC, IR, uso de anestésicos, intoxicação por barbitúricos, paralisia dos músculos respiratórios, choque e lesos do SNC.
Alcalose
Metabólica
Aguda

Crônica
Aumentado

Normal
Aumentado

Aumentado
Normal

Aumentada
Vômitos, outras causas de perda de ácido clorídrico e uso abusivo de diuréticos.
Alcalose
Respiratória
Aguda


Crônica
Aumentado


Normal
Normal


Diminuído
Diminuída


Diminuída
Dor aguda e intensa, ansiedade, hiperventilação, estimulação não pulmonar do centro respiratório e uso de drogas.

Condutas e cuidados de enfermagem

  • Monitorar os sinais vitais;
  • Observar se há sinais de distúrbios circulatórios;
  • Anotar no pedido do exame as seguintes informações: ar ambiente ou quantidade de O2 e o método de administração (cateter nasal, máscara facial, TOT etc.);
  • Anotar o local da punção da coleta da amostra.

Na acidose respiratória aguda:
  • Instituir ventilação adequada com respirador artificial;
  • Corrigir uma possível acidose metabólica com NaHCO3.

Na acidose respiratória crônica:
  • Reduzir a PaCO2 e instaurar uma pressão alveolar adequada;
  • Aumentar a oferta de O2.

Na alcalose respiratória:
  • Aumentar o tempo expiratório para que haja uma leve retenção de CO2.
  • Administrar agentes sedativos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

LIMA, Orcélia Pereira Sales Carvalho. Leitura e interpretação de exames em enfermagem. 3ª edição. Goiânia: Editora AB, 2008.

POR

CUNHA, Amarildo de Souza. Graduado em enfermagem pela Faculdade Pitágoras de Ipatinga/MG. Julho de 2011.

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