sábado, 13 de julho de 2013

Assistência de Enfermagem no Edema Agudo de Pulmão

Assistência de Enfermagem no Edema Agudo de Pulmão

Introdução

O Edema Agudo de Pulmão (EAP) resulta do fluxo aumentado de líquidos, provenientes dos capilares pulmonares para o espaço intersticial e alvéolos, que se acumulam nestas regiões após ultrapassarem a capacidade de drenagem dos vasos linfáticos, a partir desse princípio ocorrem um comprometimento da troca gasosa alvéolo-capilar.

O EAP constitui-se uma urgência clínica e por consequência o paciente necessita de uma internação hospitalar. O paciente apresenta-se extremamente dispneico, cianótico e agitado, evoluindo com rápida deterioração para torpor, depressão respiratória e, eventualmente, apneia com parada cardíaca. É uma patologia de diagnóstico essencialmente clínico, tornando fundamental que a equipe de enfermagem esteja habilitada a reconhecer os sinais e sintomas, de modo a iniciar a assistência de enfermagem imediata.

Etiologia

As principais patologias que determinam o EAP são:

·         Isquemia miocárdica aguda (com ou sem infarto prévio).
·         Hipertensão arterial sistêmica.
·         Doença valvar.
·         Doença miocárdica primária.
·         Cardiopatias congênitas.
·         Arritmias cardíacas, principalmente as de frequência muito elevada.

Fisiopatologia

Os mecanismos mais frequentes envolvem:

O desequilíbrio nas forças que regem as trocas de fluido entre intravascular e interstício ou a ruptura da membrana alveolocapilar; independente do mecanismo iniciante, uma vez que ocorra a inundação do alvéolo, sempre está presente algum grau de ruptura da mesma.

A sequencia de acúmulo de líquido independe do mecanismo desencadeador, é sempre a mesma e pode ser dividida em três estágios:

1) aumento do fluxo de líquidos dos capilares para o interstício, sem que se detecte, ainda, aumento do volume intersticial pulmonar devido ao aumento paralelo, compensatório, da drenagem linfática;

2) o volume que é filtrado pelos capilares ultrapassa a capacidade de drenagem linfática máxima e inicia-se o acúmulo de líquido no interstício; inicialmente, este ocorre de modo preferencial junto aos bronquíolos terminais, onde a tensão intersticial é menor;

3) aumentos adicionais do volume, no interstício, terminam por distender os septos interalveolares e consequente inundação dos alvéolos.

Sintomatologia

O paciente quando entra em um quadro clínico de EAP apresenta uma sintomatologia básica, como: Falta de ar intensa (dispneia), a tosse seca e eliminação de líquido róseo de boca e nariz. O paciente sente como se estivesse afogando, ficando sentado e respirando rapidamente.

O sério comprometimento da hematose leva à dispneia intensa, com o paciente nitidamente ansioso, assumindo posição ortostática e utilizando a musculatura respiratória acessória; palidez cutânea, cianose e frialdade de extremidades, associadas a agitação e ansiedade, bem como respiração ruidosa facilitam o reconhecimento dessa urgência clínica e obviam a necessidade de terapêutica imediata. Se ela for retardada, podem surgir a obnubilação e o torpor, expressões clínicas do evento mais temido no contexto - a narcose – a qual pode prognosticar a parada respiratória e o óbito.

Diagnóstico

Resumindo, o diagnóstico do EAP é essencialmente clínico. Os exames complementares devem ser utilizados racionalmente, como subsídios e para assertividade das condutas terapêuticas adotadas. Nunca é demais salientar a importância da documentação adequada, principalmente a radiológica, de tão grave intercorrência na história clínica do paciente. Paralelamente ao diagnóstico e tratamento do EAP, faz-se urgente explanarmos a etiologia do mesmo. A correta identificação do mecanismo desencadeador aumenta as chances de sucesso na terapia.

Tratamento

Basicamente medicamentoso, como administração de oxigênio, diuréticos (muito utilizado a furosemida), a morfina que tem ação venodilatadora, além de sedação ligeira, reduzindo o esforço respiratório e a ansiedade. Vasodilatadores (como a nitroglicerina e o nitroprussiato de sódio). Entre outros, como os inotrópicos e o uso da aminofilina, como dose de manutenção após o EAP.

Assistência de Enfermagem

O papel da enfermagem no tratamento do edema pulmonar agudo é de fundamental importância para a recuperação dos indivíduos portadores. A assistência de enfermagem consiste em:

  • Administrar oxigênio para evitar e prevenir hipóxia e dispneia.
  • Aspirar secreções se necessário para manter as vias aéreas permeáveis;
  • Promover diminuição do retorno venoso sentando o doente à beira da cama com as pernas pendentes,
  • Posicionar em Fowler alto;
  • Administrar diuréticos para promover a diurese imediata;
  • Sondar o paciente para controlar débito urinário;
  • Vigiar sinais de hipovolemia;
  • Avaliar o potássio sérico;
  • Administrar broncodilatadores;
  • Avaliar sinais vitais (SSVV);
  • Viabilizar acesso venoso;
  • Auxiliar na intubação orotraqueal, caso seja necessário e aspiração;
  • Administrar medicamentos conforme prescrição médica;
  • Manter carro de urgência próximo ao leito do paciente;
  • Observar diurese e oferecer material para drenagem urinária (papagaio, comadre) após administração do diurético;
  • Fornecer apoio psicológico.
  • Permanecer com o doente e apresentar uma atitude de confiança;
  • Explicar ao doente a terapêutica administrada e quais os seus objetivos;
  • Informar o doente e a família sobre o progresso na resolução do EPA;
  • Estimular o doente e família a exteriorizarem os seus sentimentos;
  • Explicar quais os sintomas para que esse detecte precocemente;
  • Na presença de tosse adotar uma posição com as pernas pendentes;
  • Estruturar um plano de exercícios adequados a situação clínica;
  • Reduzir o stress e ansiedade.
  • Manutenção de via venosa pérvia com gotejamento mínimo, evitando sobrecarga volêmica;
  • Monitorização do fluxo urinário.

O posicionamento adequado do paciente para promover a circulação ajuda a reduzir o retorno venoso para o coração. O paciente fica posicionado ereto, preferivelmente com as pernas decaindo na lateral do leito. Isso apresenta um efeito imediato de diminuir o retorno venoso, abaixando o débito do ventrículo direito e reduzindo a congestão pulmonar. Se o paciente for incapaz de sentar-se com os membros inferiores pendentes, ele pode ser colocado em uma posição ereta no leito (BROOKS-BRUNN apud BARE; SMELTZER, 2005).

Importante ressaltar que a assistência de enfermagem ao paciente com EAP inclui-se, também, em assistir com a administração de oxigênio e intubação e ventilação mecânica, se ocorrer à insuficiência respiratória. A enfermagem também administra medicamentos (morfina, vasodilatadores, medicamentos inotrópicos, agentes de pré-carga e pós-carga), conforme a prescrição, e monitora a resposta do paciente.

Considerações Finais
O EAP é uma situação de emergência clínica e requer diagnóstico e tratamento imediatos. A equipe de enfermagem deve estar presente constantemente ao lado do paciente até a completa reversão do quadro, bem como após a sua reversão. Estando a equipe, cientificamente e tecnicamente preparada para uma assistência rápida e eficaz, garantindo ao paciente conforto e segurança no seu processo de saúde/doença, bem como sua recuperação.

Referências

KNOBEL,E. Condutas no paciente grave. 2 edição - 1999. Editora Atheneu, São Paulo.

CASTRO; Renato Barroso Pereira de. Edema Pulmonar Agudo. Revista Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOLÓGICAS 36: 200-204, abr./dez. 2003.

BROOKS-BRUNN, J. A. Tratamento de Pacientes com Distúrbios Torácicos e do Trato Respiratório Inferior. In: BARE, B.G; SMELTZER, S.C. Brunner & Suddarth: Enfermagem Médico-Cirurgica. 10 ed. Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2005. Cap. 23. p. 547-597.Vol. 1.


Enfº Amarildo Cunha
Graduado em Enfermagem
MBA em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar

Representante Técnico de Produtos Hospitalares

terça-feira, 9 de julho de 2013

O Poder da TI e o uso da Telemedicina na Saúde.

O Poder da TI e o uso da Telemedicina na Saúde.


Vivenciamos a era da ciência tecnológica, uma tecnologia que aliada a dados, fornece aos colaboradores de uma instituição (gestores, pessoal técnico, recursos humanos) informação.
A partir deste princípio surgiu a tecnologia da informação, que proporciona aos gerentes da alta diretoria um melhor controle operacional e estratégico, possibilitando as estes gerenciar os custos, as despesas, as receitas financeiras, bem como o seu faturamento, além de garantir a qualidade do serviço prestado.
Para o uso de um Sistema de Informação (SI), todos os colaboradores da organização precisam passar por um ótimo processo de treinamento e capacitação, uma vez que as inovações tecnológicas que surgem não são tão fáceis de serem utilizadas, e como o investimento é alto, todos os envolvidos no processo precisam ter segurança para utilização correta do sistema.
Tratando-se de segurança, todo o sistema de informação precisa ter um controle de acesso por parte dos usuários, onde cada usuário terá sua área de utilização definida, e como item de segurança, todo SI também precisa periodicamente passar por um backup, garantindo maior segurança e a recuperação das informações nele contidas.
Uma parte das instituições de saúde já funciona estritamente com a Tecnologia da Informação (TI) e o crescente uso da telemedicina, onde seus colaboradores possuem e utilizam um certificado digital, realizam suas atividades profissionais em um prontuário eletrônico e com prescrições eletrônicas, garantindo que toda a equipe multiprofissional da assistência ofereça ao cliente agilidade, padronização, confiabilidade, segurança e qualidade.
O uso da telemedicina é crescente, e possibilita grandes benefícios aos profissionais da saúde bem como para os pacientes/clientes.  Ela é um método que consiste na aplicação do atendimento médico nos casos em que a distância é um fator crítico entre o profissional de saúde e seu paciente, sendo um recurso possível com o advento das evoluções tecnológicas. Seu uso propicia a troca de diferentes dados, desde o intercâmbio de informações válidas para diagnósticos mais precisos, seja para a promoção de prevenção e tratamento de doenças até a construção de bancos de dados de referência epidemiológica.
Por exemplo, um grande benefício é no momento de sua aplicação na assistência primária a pequenas comunidades em regiões geográficas e/ou socioculturais distantes dos grandes centros urbanos. Estas regiões estão entre as áreas de maior risco no processo adoecer e morrer, devido à escassez de profissionais habilitados em identificar doenças, tratá-las e promover a saúde a nível local.
Um dos principais motivos disso é o isolamento intelectual, e escassos recursos de auxílio diagnóstico. Acredita-se que, a telemedicina possa ampliar as ações de profissionais e agentes comunitários de saúde, associando-as aos serviços de saúde localizados em metrópoles e centros de referência, mantendo uma estrutura de atendimento ininterrupto para prevenção, diagnóstico e tratamento.
Concluindo, com o uso da TI e da Telemedicina, todos ganham: pacientes, colaboradores, instituição e o meio ambiente. O que antes era realizado de forma manual, com excessivas planilhas, impressões, amplo espaço de armazenamento de papéis/prontuários, hoje se tornou um arquivo eletrônico, fácil de armazenar, confiável e que pode ser consultado a qualquer momento.
Já a telemedicina congrega uma redução de custos com ampliação da atuação médica, e uma assistência rápida, uma vez que o acompanhamento remoto de resultados de exames e execução de discussões técnicas, possibilitando melhores condições de trabalho e melhor assistência aos pacientes nas grandes cidades, estados, distantes dos grandes centros, onde o acesso é difícil e/ou caro.
Amarildo Cunha
Enfermeiro - Representante Técnico na Biocath Comércio de Produtos Hospitalares. Cursando MBA em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar na Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte. Graduado pela Faculdade Pitágoras de Ipatinga-MG. Foi instrutor do curso de Aperfeiçoamento de Enfermagem em Terapia Intensiva no SENAC/MG de Ipatinga.