A Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) é considerada uma unidade de tratamento de alta complexidade,
uma vez que os clientes ali alocados necessitam de um vasto aparato tecnológico
e um alto custo para o seu tratamento e recuperação.
O Ministério da Saúde
define a UTI como um setor de grande especialização e concentração tecnológica,
implicando em uma assistência de Enfermagem prestada por profissionais
capacitados e possuidores de alto conhecimento e habilidades para realização de
procedimentos.
As
UTIs dividem-se de acordo com a faixa etária dos pacientes atendidos, nas
seguintes modalidades: Neonatal - destinado ao atendimento de pacientes com
idade de 0 a 28 dias. Pediátrico - destinado ao atendimento de pacientes com
idade de 29 dias a 18 anos incompletos. Adulto - destinado ao atendimento de
pacientes com idade acima de 14 anos. - Pacientes na faixa etária de 14 a 18
anos incompletos podem ser atendidos nos Serviços de Tratamento Intensivo Adulto
ou Pediátrico, de acordo com o manual de rotinas do Serviço. Denomina-se UTI
Especializada aquela destinada ao atendimento de pacientes em uma especialidade
médica ou selecionados por grupos de patologias, podendo compreender:
cardiológica, coronariana, neurológica, respiratória, trauma, queimados, dentre
outras.
A
localização de uma UTI dentro de um complexo hospitalar deve ser de forma
estratégica, deve ter acesso direto e ser próxima do serviço de emergência,
centro cirúrgico, sala recuperação pós-anestésica, unidades intermediárias de
terapia e unidades de apoio como Central de Material e Esterilização,
laboratório, e unidade de imagenologia.
Quanto
à disposição dos leitos, o ideal é que estes estejam em forma de semicírculo
com o posto de enfermagem centralizado, objetivando que a equipe de enfermagem
tenha um maior controle da visualização e monitoração de todos os clientes.
A equipe de enfermagem
de uma UTI deve ser obrigatoriamente gerenciada e coordenada por um Enfermeiro.
Ao Enfermeiro Gerente ou Coordenador de uma UTI compete utilização de
instrumentos gerenciais, tais como o planejamento, a supervisão e a coordenação
da equipe, controle dos indicadores de qualidade, gerenciamento de riscos, bem
como a previsão, fornecimento, manutenção, controle dos recursos humanos e
materiais e o funcionamento da unidade.
Ao Enfermeiro Assistencial
incube-se a necessidade de um alto domínio de sua atuação que pode ir desde a
administração de um medicamento, bem como o controle do adequado funcionamento
de todos os equipamentos utilizados em uma UTI. O papel assistencial do
enfermeiro em uma UTI consiste em obter a história do paciente, realizar exame físico,
executar procedimentos de maior complexidade, que geralmente são os
procedimentos invasivos e intervenções relativas ao tratamento, avaliar as condições
clínicas, orientar os pacientes para continuidade do tratamento. Ou seja, estes
são responsáveis pela gerencia do cuidado que abrange o diagnóstico, o planejamento,
a intervenção e a avaliação da assistência, passando pela delegação das
atividades, supervisão e orientação da equipe de enfermagem.
Considerando toda a
complexidade da assistência em uma UTI, a sistematização e organização do
trabalho da equipe de enfermagem são essenciais para qualificar os cuidados
prestados aos clientes. Além da utilização da principal ferramenta de trabalho
do Enfermeiro que é a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) a
utilização de ferramentas gerenciais são pontos estratégicos para o excelente
funcionamento da unidade.
A SAE propicia ao
enfermeiro aplicar seus conhecimentos técnico-científicos e humanos na
assistência ao paciente e caracterizar sua prática, colaborando para a
definição do seu papel profissional. A SAE, exigida pela Lei do Exercício
Profissional e por resolução do Conselho Federal de Enfermagem. De maneira tal
que toda a equipe de enfermagem direciona o seu cuidado de forma
individualizada para cada cliente.
Os Técnicos de
Enfermagem exercem um papel fundamental na UTI, uma vez que são os profissionais
da linha de frente da unidade, que prestam assistência contínua aos clientes. A
estes são conferidos a função de:
· Observar condições gerais do paciente quando estiver recebendo o plantão:
Medicações e infusões prescritas, soros que estão instalados, sondas, drenos e
cateteres;
·
Administrar
medicação e tratamento prescrito, observando seus efeitos;
· Anotar na prescrição do paciente os
cuidados prestados, medicações e tratamentos aplicados, sinais e sintomas de
maneira objetiva e clara, logo após a
execução;
·
Prestar aos pacientes cuidados de
higiene, criando-lhe condições de conforto e tranquilidade;
·
Trocar cadarços/fixações e curativos
diariamente, ou quantas vezes fizer necessário;
·
Mudança de decúbito de 2/2hs, mantendo o
leito limpo e seco;
·
Proteger calcâneos e proeminências
ósseas com coxins;
·
Controle dos sinais vitais (2/2hs), PVC,
líquidos infundidos e drenados;
·
Aspiração orotraqueal frequente, quantas
vezes se fizerem necessário, com técnica correta;
·
Restrição de pacientes agitados ou
confusos, a fim de protegê-los, evitando que retirem dispositivos invasivos;
·
Manter grades elevadas, evitando
restringir pacientes nas mesmas;
·
Realizar higiene oral, corporal e do
couro cabeludo dos clientes;
·
Trocar curativos, bolsas de colostomias,
soluções de drenagens torácicas, diariamente ou quantas vezes se fizer
necessário;
·
Desprezar frascos de aspiração,
coletores de diurese a cada final de plantão ou quantas vezes se fizer
necessário;
·
Auxiliar a equipe multidisciplinar,
sempre que solicitado;
·
Comunicar ao Enfermeiro as alterações
observadas no estado geral dos pacientes;
·
Admitir pacientes;
·
Acompanhar pacientes nas altas,
transferências, exames, etc.;
·
Fazer preparo do corpo pós-óbito;
·
Preparar material e auxiliar em
procedimentos invasivos e de alta complexidade;
·
Fazer limpeza e desinfecção da unidade,
incluindo equipamentos utilizados;
·
Manter-se em prontidão em caso de PCR, internações
e outras eventualidades;
·
Participar de reuniões quando convocado;
·
Controlar materiais esterilizadas, como
datas, estocagem, quantidade;
·
Participar de atividades de treinamento;
·
Trocar sacos de hamper;
·
Zelar pelo material do setor;
·
Atender as solicitações do Enfermeiro;
·
Conferir e completar carro de
emergência;
·
Cumprir regulamentos do hospital e
rotinas do setor;
·
Levar o material usado para ser
esterilizado, conforme rotinas e horários estabelecidos;
·
Limpar carro de emergência, ECG, carro
de curativo/banho, maca, cadeira de rodas e de banho, suporte de soro, escadinhas
e outros equipamentos;
·
Guardar roupas e manter em ordem o
armário;
·
Encaminhar o material colhido como:
sangue, urina, fezes, secreções, em caráter de urgência;
·
Administrar hemoderivados;
·
Utilizar os EPIs;
·
Acatar e respeitar a hierarquia
funcional;
·
Manter o posto de enfermagem em ordem;
·
Evitar comentários, emitindo juízo
depressivo ou inoportunos frente ao paciente;
·
Agilidade, iniciativa, trabalho em
equipe;
·
Manter leitos quando vagos, adequados
para receber os pacientes;
·
Cuidado no manuseio de pacientes com
cateteres, para que não ocorram acidentes;
Pontos
importantes para o sucesso da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia
Intensiva:
·
Treinamento
Admissional.
·
Educação
continuada.
·
Humanização
do atendimento.
·
Treinamento
para uso de novas tecnologias.
·
Integração
com equipe multiprofissional.
·
Uso
de indicadores de qualidade.
·
Gestão
de riscos.
·
Aplicação
da Sistematização da Assistência de Enfermagem.
·
Implantação
e manutenção de protocolos assistenciais.
·
Utilização
da Tecnologia da Informação.
Referências
Ministério
da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Consulta Pública nº 3, de 7 de
julho de 2005. Diário Oficial da União. 2005 jul 08; nº130. Available from: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2005/PT-03-CONS.htm.
Truppel
TCl et al. Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia
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Morton
PG, Fontaine DK, Hudak CM, Gallo BM. Cuidados críticos de Enfermagem: Uma
abordagem holística. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007.
Lei
Nº 7.498/86. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá
outras providências. Brasília, em 25 de junho de 1986.
Resolução
COFEN 358/2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a
implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados.
Brasília, em 15 de outubro de 2009.
Chaves
LDP, Laus AM, Camelo SH. Ações gerenciais e assistenciais do enfermeiro em
unidade de terapia intensiva. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2012 jul/sep;14(3):671-8.
Morton PG,
Fontaine DK, Hudak CM, Gallo BM. Cuidados críticos de Enfermagem: Uma
abordagem holística. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007.
Enfº Amarildo Cunha
MBA em Gestão da
Saúde e Administração Hospitalar