terça-feira, 8 de julho de 2014

Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva

Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é considerada uma unidade de tratamento de alta complexidade, uma vez que os clientes ali alocados necessitam de um vasto aparato tecnológico e um alto custo para o seu tratamento e recuperação.

O Ministério da Saúde define a UTI como um setor de grande especialização e concentração tecnológica, implicando em uma assistência de Enfermagem prestada por profissionais capacitados e possuidores de alto conhecimento e habilidades para realização de procedimentos.

As UTIs dividem-se de acordo com a faixa etária dos pacientes atendidos, nas seguintes modalidades: Neonatal - destinado ao atendimento de pacientes com idade de 0 a 28 dias. Pediátrico - destinado ao atendimento de pacientes com idade de 29 dias a 18 anos incompletos. Adulto - destinado ao atendimento de pacientes com idade acima de 14 anos. - Pacientes na faixa etária de 14 a 18 anos incompletos podem ser atendidos nos Serviços de Tratamento Intensivo Adulto ou Pediátrico, de acordo com o manual de rotinas do Serviço. Denomina-se UTI Especializada aquela destinada ao atendimento de pacientes em uma especialidade médica ou selecionados por grupos de patologias, podendo compreender: cardiológica, coronariana, neurológica, respiratória, trauma, queimados, dentre outras.

A localização de uma UTI dentro de um complexo hospitalar deve ser de forma estratégica, deve ter acesso direto e ser próxima do serviço de emergência, centro cirúrgico, sala recuperação pós-anestésica, unidades intermediárias de terapia e unidades de apoio como Central de Material e Esterilização, laboratório, e unidade de imagenologia.

Quanto à disposição dos leitos, o ideal é que estes estejam em forma de semicírculo com o posto de enfermagem centralizado, objetivando que a equipe de enfermagem tenha um maior controle da visualização e monitoração de todos os clientes.

A equipe de enfermagem de uma UTI deve ser obrigatoriamente gerenciada e coordenada por um Enfermeiro. Ao Enfermeiro Gerente ou Coordenador de uma UTI compete utilização de instrumentos gerenciais, tais como o planejamento, a supervisão e a coordenação da equipe, controle dos indicadores de qualidade, gerenciamento de riscos, bem como a previsão, fornecimento, manutenção, controle dos recursos humanos e materiais e o funcionamento da unidade.

Ao Enfermeiro Assistencial incube-se a necessidade de um alto domínio de sua atuação que pode ir desde a administração de um medicamento, bem como o controle do adequado funcionamento de todos os equipamentos utilizados em uma UTI. O papel assistencial do enfermeiro em uma UTI consiste em obter a história do paciente, realizar exame físico, executar procedimentos de maior complexidade, que geralmente são os procedimentos invasivos e intervenções relativas ao tratamento, avaliar as condições clínicas, orientar os pacientes para continuidade do tratamento. Ou seja, estes são responsáveis pela gerencia do cuidado que abrange o diagnóstico, o planejamento, a intervenção e a avaliação da assistência, passando pela delegação das atividades, supervisão e orientação da equipe de enfermagem.

Considerando toda a complexidade da assistência em uma UTI, a sistematização e organização do trabalho da equipe de enfermagem são essenciais para qualificar os cuidados prestados aos clientes. Além da utilização da principal ferramenta de trabalho do Enfermeiro que é a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) a utilização de ferramentas gerenciais são pontos estratégicos para o excelente funcionamento da unidade.

A SAE propicia ao enfermeiro aplicar seus conhecimentos técnico-científicos e humanos na assistência ao paciente e caracterizar sua prática, colaborando para a definição do seu papel profissional. A SAE, exigida pela Lei do Exercício Profissional e por resolução do Conselho Federal de Enfermagem. De maneira tal que toda a equipe de enfermagem direciona o seu cuidado de forma individualizada para cada cliente.


Os Técnicos de Enfermagem exercem um papel fundamental na UTI, uma vez que são os profissionais da linha de frente da unidade, que prestam assistência contínua aos clientes. A estes são conferidos a função de:


·   Observar condições gerais do paciente quando estiver recebendo o plantão: Medicações e infusões  prescritas, soros que estão instalados, sondas, drenos e cateteres;
·         Administrar medicação e tratamento prescrito, observando seus efeitos;
·    Anotar na prescrição do paciente os cuidados prestados, medicações e tratamentos aplicados, sinais e sintomas de maneira objetiva e clara, logo após a execução;
·         Prestar aos pacientes cuidados de higiene, criando-lhe condições de conforto e tranquilidade;
·         Trocar cadarços/fixações e curativos diariamente, ou quantas vezes fizer necessário;
·         Mudança de decúbito de 2/2hs, mantendo o leito limpo e seco;
·         Proteger calcâneos e proeminências ósseas com coxins;
·         Controle dos sinais vitais (2/2hs), PVC, líquidos infundidos e drenados;
·         Aspiração orotraqueal frequente, quantas vezes se fizerem necessário, com técnica correta;
·         Restrição de pacientes agitados ou confusos, a fim de protegê-los, evitando que retirem dispositivos invasivos;
·         Manter grades elevadas, evitando restringir pacientes nas mesmas;
·         Realizar higiene oral, corporal e do couro cabeludo dos clientes;
·         Trocar curativos, bolsas de colostomias, soluções de drenagens torácicas, diariamente ou quantas vezes se fizer necessário;
·         Desprezar frascos de aspiração, coletores de diurese a cada final de plantão ou quantas vezes se fizer necessário;
·         Auxiliar a equipe multidisciplinar, sempre que solicitado;
·         Comunicar ao Enfermeiro as alterações observadas no estado geral dos pacientes;
·         Admitir pacientes;
·         Acompanhar pacientes nas altas, transferências, exames, etc.;
·         Fazer preparo do corpo pós-óbito;
·         Preparar material e auxiliar em procedimentos invasivos e de alta complexidade;
·         Fazer limpeza e desinfecção da unidade, incluindo equipamentos utilizados;
·         Manter-se em prontidão em caso de PCR, internações e outras eventualidades;
·         Participar de reuniões quando convocado;
·         Controlar materiais esterilizadas, como datas, estocagem, quantidade;
·         Participar de atividades de treinamento;
·         Trocar sacos de hamper;
·         Zelar pelo material do setor;
·         Atender as solicitações do Enfermeiro;
·         Conferir e completar carro de emergência;
·         Cumprir regulamentos do hospital e rotinas do setor;
·         Levar o material usado para ser esterilizado, conforme rotinas e horários estabelecidos;
·         Limpar carro de emergência, ECG, carro de curativo/banho, maca, cadeira de rodas e de banho, suporte de soro, escadinhas e outros equipamentos;
·         Guardar roupas e manter em ordem o armário;
·         Encaminhar o material colhido como: sangue, urina, fezes, secreções, em caráter de urgência;
·         Administrar hemoderivados;
·         Utilizar os EPIs;
·         Acatar e respeitar a hierarquia funcional;
·         Manter o posto de enfermagem em ordem;
·         Evitar comentários, emitindo juízo depressivo ou inoportunos frente ao paciente;
·         Agilidade, iniciativa, trabalho em equipe;
·         Manter leitos quando vagos, adequados para receber os pacientes;
·         Cuidado no manuseio de pacientes com cateteres, para que não ocorram acidentes;

Pontos importantes para o sucesso da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva:

·         Treinamento Admissional.
·         Educação continuada.
·         Humanização do atendimento.
·         Treinamento para uso de novas tecnologias.
·         Integração com equipe multiprofissional.
·         Uso de indicadores de qualidade.
·         Gestão de riscos.
·         Aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem.
·         Implantação e manutenção de protocolos assistenciais.
·         Utilização da Tecnologia da Informação. 

Referências

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Consulta Pública nº 3, de 7 de julho de 2005. Diário Oficial da União. 2005 jul 08; nº130. Available from: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2005/PT-03-CONS.htm.

Truppel TCl et al. Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Rev Bras Enferm. 2009;62(2):221-7.

Morton PG, Fontaine DK, Hudak CM, Gallo BM. Cuidados críticos de Enfermagem: Uma abordagem holística. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007.

Lei Nº 7.498/86. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências. Brasília, em 25 de junho de 1986.

Resolução COFEN 358/2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados. Brasília, em 15 de outubro de 2009.

Chaves LDP, Laus AM, Camelo SH. Ações gerenciais e assistenciais do enfermeiro em unidade de terapia intensiva. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2012 jul/sep;14(3):671-8.


Morton PG, Fontaine DK, Hudak CM, Gallo BM. Cuidados críticos de Enfermagem: Uma abordagem holística. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007.

Enfº Amarildo Cunha
MBA em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar



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