sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Assistência de Enfermagem no Setor de Emergência de um Pronto Atendimento

Assistência de Enfermagem no Setor de Emergência
de um Pronto Atendimento
 
Introdução

O Pronto Atendimento (PA) é proposto a promover serviços de urgência e emergência aos clientes em potenciais, dessa forma os profissionais da saúde, desta unidade, precisam atender às necessidades dos pacientes e aos objetivos da instituição; devem ser rápidos e imediatos em suas ações. A unidade de emergência é destinada a promover serviços em caráter de emergência e urgência com o objetivo de adiar a vida ou prevenir resultados críticos, devendo estes serem proporcionados de forma imediata a quem os necessita.

As emergências cardiológicas são a primeira causa de morte no mundo e, dentre elas temos: Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), emergência hipertensiva, disritmia cardíaca, Insuficiência Cardíaca Congestiva Aguda, Tromboembolismo Pulmonar e Edema Agudo de Pulmão (EAP).

A equipe de enfermagem no PA deve estar preparada para, sem conhecimento prévio, atender as mais variadas situações de emergência, o que os difere das demais equipes de enfermagem de um hospital.

Entender melhor o público dos pacientes atendidos no PA é de fundamental importância para a equipe de enfermagem. É importante para eles conhecerem melhor a fisiopatologia dessas doenças, bem como os procedimentos para com os pacientes cardiopatas em estado emergencial. Desta forma os pacientes poderão receber as melhores práticas dos profissionais da equipe de enfermagem, bem como os tratamentos existentes para melhora do seu quadro clínico. (VIANA E FILHO, 2009).

Em um PA, inúmeras atividades são executadas pela equipe de enfermagem, a não existência de uma rotina na referida unidade, interrupções frequentes das atividades, o contato direto com o sofrimento e a morte, são fatores agravantes do trabalho da enfermagem, que posteriormente poderão desencadear transtornos mentais a estes profissionais.

Para WEHBE E GALVÃO (2008) em um PA, o enfermeiro precisa compreender o processo de liderança e desenvolver as habilidades necessárias como: a comunicação, o relacionamento interpessoal, tomada de decisão e competência clínica, e aplicá-las na sua prática profissional.

Recursos Materiais

Deve-se fazer uma avaliação adequada dos recursos materiais existentes na sala de emergência, verificando:
·      O estado de conservação e manutenção preventiva dos materiais e equipamentos.
·          A quantidade e qualidade dos materiais e equipamentos. Se estes são adequados ao número de pacientes atendidos na unidade.
·         Os equipamentos embarcados para transporte de pacientes em cuidados intensivos.
·         A existência e condições de uso de equipamentos para atendimento de urgência cardiorrespiratória.
·         A instalação de ar comprimido e de vácuo, e a existência de filtro e periodicidade de troca.

Serviços de Apoio

Um PA deve ter serviços de apoio, entre os principais podemos citar: Fisioterapia, Diagnóstico por imagem, Laboratório, Serviço social, Centro Cirúrgico, Unidade de Tratamento Intensivo e Unidade de Internação.

Especialidades Médicas

Um PA deve conter com especialidades médicas, entre as principais: Cirurgia geral, Pediatria, Neurologia, Ortopedia e Clínica Médica.

Sala de Emergência

A sala de emergência de um PA deve ter uma boa infra-estrutura, além de conter os materiais necessários para uma assistência eficaz e eficiente, tais como: monitores cardíacos; cardioversores; eletrocardiógrafos; leitos para repouso e observação clínica; materiais para pequenas cirurgias; materiais para reanimação cardiorrespiratória; rede de O2 canalizada ou cilindro de O2 próxima; medicamentos de urgência; aspirador Portátil; relógio de parede; balança antropométrica; bomba de Infusão; carro de Emergência, com lacre; ambu infantil e adulto; bomba de infusão; detector de batimentos cardíacos fetais; esfignomanômetro; estetoscópio; lanterna clínica; laringoscópio; maletas de vias aéreas; oxímetro de pulso portátil; ressuscitador manual; ventilador pulmonar; instrumentais cirúrgicos – Caixa Básica; materiais para sondagem nasogástrica ou vesical; materiais para acesso venoso periférico; biombo; escada com 02 Degraus; negatoscópio; pia de escovação; suporte de soro de chão; tábua para massagem cardíaca; suporte para cilindro de oxigênio; caixa de pérfuro-cortante, entre outros.

Carrinho de Emergência

A padronização dos carros de emergência é fator primordial em um serviço de emergência, objetivando homogeneizar o conteúdo e quantidade de material dos carrinhos nas diferentes unidades, retirando o desnecessário e acrescentando o indispensável, de forma a agilizar o atendimento de emergência e reduzir o desperdício. A quantidade de drogas e equipamentos deve ser estipulada conforme necessidade da área e rotina institucional. (GUIMARÃES, 2003)
  

Itens do Carrinho de Emergência Adulto – Guimarães (2003)

Avaliação e Diagnóstico

·         Monitor/desfibrilador com marcapasso externo, com monitorizacao nas pás, mininmo 3 derivacoes, onda bifásica;
·         Material de proteção (luvas, mascaras e óculos);
·         Oxímetro de pulso
·         Dextro
·         Gerador de marcapasso.

Controle das vias Aéreas

·         Cânula para traqueostomia (6,0 a 9,0)
·         Laringoscópio com lamina curva nº3 e 4,
·         Mascara de oxigênio com reservatorio
·         Cânula nasal tipo óculos
·         Umidificador
·         Controle das Nebulizador
·         Vias aéreas Extensão para nebulizador
·         Extensão de pvc para oxigênio
·         Cânula de aspiração flexível nº 12, 10,
·         Fixador de cânula orotrqueal
·         Sonda nasogastrica nº16, 18
·         Detector esofágico (ou outro dispositivo para confirmação secundaria)
·         Mascara laríngea adulta,
·         Via aérea alternativa (um ou mais dos seguintes itens: agulha para cricotireostomia, conjunto para traqueostomia percutanea).

Acesso Vascular e Controle Circulatório

·         Jelco nº 14, 16, 18, 20, 22,
·         Torneirinha
·         Conjunto de perfusão
·         Agulha de intracath (para tamponamento e pneumotórax hipertensivo)
·         SF 1000ml, Ringer Lactato 1000ml, SG 5% 500ml
·         Equipo macrogotas;
·         Equipo hemoderivados
·         Bureta /microgotas
·         Seringa 3ml, 5ml, 10ml e 20ml
·         Agulha 36x12 ou 36x10
·         Frasco a vácuo
·         Gaze;
·         Micropore

 Medicamentos


·         Água destilada 10ml, 250ml
·         Água destilada 500ml (para nitroglicerina)
·         Aspirina 300mg
·         Atropina 1mg
·         Adrenalina 1mg
·         Amiodarona
·         Medicamentos Lidocaina
·         Adenosina
·         B-bloqueador
·         Nitroglicerina
·         Nitroprussiato
·         Cloreto de cálcio
·         Gluconato de cálcio
·         Sulfato de magnésio
·         Procainamida
·         Bicarbonato de sódio
·         Glicose 50%
·         Furesemida
·         Broncodilatador
·         Aminofilina
·         Diempax
·         Dormonid/fentanil (sedação geral)
·         Morfina
·         Dobutamina
·         Dopamina
·         Noraepinefrina
·         Naloxone Diltiazem
·         Verapamil
·         Manitol
·         isoproterenol

O Enfermeiro e sua Equipe na Sala de Emergência

O enfermeiro desta unidade é responsável pela coordenação da equipe de enfermagem e é uma parte essencial e integrante da equipe de emergência. Frente ao paciente este é responsável pela anamnese e exame físico, executar o tratamento de enfermagem baseado na Sistematização da Assistência de Enfermagem, orientar aos pacientes como realizar a manutenção da saúde e a continuidade do tratamento. (WEHBE E GALVÃO, 2008).

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) proporciona uma estrutura lógica para a resolutividade dos problemas nesse ambiente. Após a estabilização e avaliação do paciente, os diagnósticos de enfermagem (DE) apropriados são decretados, o tratamento inicial é estabelecido e são feitas as metas para a designação correta do paciente. As prescrições de enfermagem (PE) são realizadas de forma interdependente, sendo previstas com base no histórico do paciente. Por conseguinte, a evolução de enfermagem deve ser contínua, e os DE se modificam de acordo com a condição do paciente. Os pacientes podem ter vários diagnósticos, o foco se faz sobre aqueles com maior risco; com freqüência, são necessárias PE autônomas e interdependentes. (COFEN, 2009).

A enfermagem tem uma função extraordinária no processo de mudanças organizacionais e educacionais no ambiente hospitalar, assim, deve haver uma relação íntima entre cuidar e administrar. Diante de uma equipe multiprofissional na área da saúde o enfermeiro frente a é o melhor capacitado para essa função, pois sua formação é destacada à valorização das necessidades dos clientes, não só as biológicas, mas ainda as sociais e psicológicas. Além de que o seu papel de líder dar-lhe uma visão compreensiva do setor, que inclui recursos humanos e materiais, área física e fluxo de clientes (DOMICIANO e FONSECA, 2008).

Principais atividades assistências exercidas pelo enfermeiro, (WEHBE E GALVÃO, 2001).
·         Prestar o cuidado ao paciente juntamente com o médico;
·         Preparar e administrar medicamentos;
·         Viabiliza a execução de exames especiais procedendo a coleta;
·         Instala sondas nasogástricas, nasoenterais e vesicais em pacientes;
·         Realiza troca de traqueostomia e punção venosa com cateter;
·         Efetua curativos de maior complexidade;
·         Prepara instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento cardíaco e desfibrilação, auxiliando a equipe médica na execução dos procedimentos diversos;
·         Realiza o controle dos sinais vitais;
·         Executa a evolução do pacientes e anota no prontuário (SAE).

Principais atividades administrativas efetuadas pelo enfermeiro, (WEHBE E GALVÃO, 2001):
·         Realiza a estatística dos atendimentos ocorridos na unidade;
·         Supervisiona a equipe de enfermagem
·         Soluciona problemas decorrentes com o atendimento médico ambulatorial;
·         Aloca pessoal e recursos materiais necessários.

Principais atividades desenvolvidas pela equipe de enfermagem. (WEHBE E GALVÃO, 2001):
·         Verifica os sinais vitais e anota a queixa atual do paciente;
·         Acomoda o paciente na sala de urgência, e instala o monitor cardíaco; oxímetro de pulso, oxigênio quando necessário;
·         Instala soroterapia, sonda vesical e sonda nasogástrica;
·         Realiza punção venosa periférica;
·         Fazer glicemia capilar dos pacientes;
·         Realizar coleta de amostras para exames laboratoriais;
·         Administra medicamentos via intramuscular e/ou via endovenosa;
·         Prepara o material e circula a sala de procedimento de sutura;
·         Prepara o material de punção subclávia e/ou dissecção de veia e auxilia a equipe médica;
·         Encaminha o paciente ao RX e exames complementares;
·         Auxiliar no atendimento de Parada Cardíaca e Respiratória;
·         Realiza a evolução e a anotação dos pacientes em observação.

Conclusões

O PA é uma unidade de saúde, onde os clientes procuram por um serviço com resolução imediata de suas manifestações clínicas, depositando na organização e nos profissionais que ali agem a expectativa para solução do seu problema. 

O profissional de enfermagem ao atuar em unidade crítica de saúde, como o PA deve demonstrar destreza, agilidade, habilidade, bem como, capacidade para estabelecer prioridades e intervir de forma consciente e segura no atendimento ao ser humano, não esquecendo que, mesmo na condição de emergência o cuidado é o elo de interação/integração/relação entre profissional e cliente.

A SAE proporciona uma estrutura lógica para a resolução dos problemas nesse ambiente. Tendo em vista que os pacientes de um PA possuem uma ampla variedade de manifestações reais ou potenciais, e suas condições podem se alterar constantemente.

Ao enfermeiro de um PA além da sua competência clínica, compete a função de realizar uma perfeita comunicação com a equipe multiprofissional e aos clientes, liderar a sua equipe e tomar decisões importantes na sua prática profissional.

Referências

BAGGIOL, Maria Aparecida; CALLEGAR, Giovana Dorneles Callegaro;  ERDMANN, Alacoque Lorenzini. Compreendendo as dimensões de cuidado em uma unidade de emergência hospitalar. Revista Brasileira de  Enfermagem, Brasília 2009 maio-jun; 62((3): ): 381-6.

DOMICIANO, Vânia; FONSECA, Ariadne da Silva. Tempo Médio para Atendimentodo Cliente em um departamento de Emergência de um Hospital Privado: Revista Nursing. São Paulo; V. 119, n. 11, Abril, 2008, p. 182 – 188.

GUIMARÃES, Jorge Ilha. Diretriz de apoio ao suporte avançado de vida em cardiologia código azul – registro de ressuscitação – normatização do carro de emergência 2003. Disponível em: http:<//www.scielo.br/pdf/abc/v81s4/20229.pdf>  Acesso em: 03 de jun 2009.

Resolução COFEN 358, 2009. Disponível em < http://www.portalcoren-rs.gov.br/docs/Legislacoes/legislacao_7a3914c30c09bb242f08c9f36a776fdd.pdf> acesso em 19 set. 2014.

SMELTZER, Suzane C.; BARE, Brenda G..Brunner e Suddart, Tratado de
Enfermagem Médico-Cirurgica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Vol 2.

VIANA, Priscila Pereira, FILHO, Paulo Leme dos Santos. Assistência de enfermagem no pronto socorro ao Paciente em emergência cardiológica: uma revisão da Literatura. Centro Universitário do Espírito Santo – UNESC. Colatina, 2009.

WEHBE, Grasiela; GALVÃO, Cristina Maria. O enfermeiro de unidade de emergência de hospital privado: algumas considerações. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n2/11519.pdf> Acesso em: 19 set. 2014.


Enfº Amarildo Cunha

MBA em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar

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