Assistência Domiciliar a Pacientes após
Infarto Agudo do Miocárdio
O paciente após alta médica hospitalar
de um Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) necessitará de alguns cuidados
específicos que resumidamente gira em torno da mudança do seu estilo de vida e combates
aos fatores de risco para um novo evento de IAM.
Daí
a importância deste paciente, bem como os seus familiares ter o conhecimento
para iniciar esta mudança de comportamento, e adquirirem autonomia para uma
tomada de decisão mais consciente e condizente com sua atual realidade e
necessidades de saúde.
Abaixo
segue os principais cuidados para esta nova fase de vida do paciente após alta
médica de um IAM.
Alimentação
A alimentação deverá ser
individualizada, de acordo com o perfil do paciente. Preferencialmente, caso
haja necessidade um (a) nutricionista deverá ser consultado. Procure
oferecer a este paciente uma quantidade de calorias diárias que lhe permita
atingir um peso adequado.
Estudos científicos apontam que a
ingesta diária de frutas, verduras e legumes, ajuda a prevenir um IAM.
Limite a ingestão de sal, evite os
alimentos ricos em colesterol os quais são exclusivamente de origem
animal (derivados do leite com alto teor de gordura, gordura aparente das
carnes, gema dos ovos, pele das aves, miúdos, embutidos e certos frutos
do mar). Evite também as gorduras saturadas (frituras) e as gorduras
trans ou hidrogenadas (leia o rótulo de composição do alimento), que são
encontradas em alguns produtos industrializados como molhos, sorvetes, bolos e
certos biscoitos.
Procure ingerir peixe, principalmente
os ricos em ácido graxos ômega 3 (sardinha, truta, salmão e bacalhau ),
pelo menos duas vezes por semana. Os fitoesteróis são substâncias antioxidantes
de origem vegetal e, podem ser encontrados em margarinas enriquecidas, que são
uma ótima opção para substituir a manteiga ou as margarinas com gorduras
hidrogenadas. Procure ingerir alimentos ricos em fibras (frutas,
verduras, legumes e cereais). Derivados de soja, grão integrais, nozes, assim
como outros alimentos , apresentam efeitos comprovadamente benéficos sobre as
gorduras do sangue e a aterosclerose.
Os
medicamentos
O paciente que sofreu um infarto do
miocárdio (IAM) receberá na alta hospitalar, uma receita médica contendo vários
medicamentos, estes deverão ser de uso contínuo e jamais deverão ser
suspensos sem uma orientação médica. Mesmo após sua melhora clínica o uso é
cotidiano, uma vez que estes previnem outras doenças que provoquem o IAM como é
o caso dos antiplaquetários, que previnem o acúmulo de gorduras nas paredes das
artérias coronárias, que são denominadas de Aterosclerose.
Combate dos fatores de risco
Estatisticamente 90% dos pacientes que
sofreram um IAM, apresentam um ou mais fatores de risco cardiovascular que
podem ser modificados. Esses fatores de risco devem ser bombardeados, objetivando
evitar novas e futuras complicações, a chamada prevenção secundária.
Os
principais fatores de risco são:
Tabagismo; o objetivo neste fator de
risco é a abolição completa da prática de fumar.
Obesidade; a meta obter um índice de
massa corporal inferior a 25 kg/m2 e uma circunferência abdominal inferior a 80
cm nas mulheres e 94 cm nos homens, como maneira de controlar é a prática de
atividade física e uma alimentação saudável e balanceada.
Dislipidemias (anormalidades do
colesterol e frações) a meta é manter o colesterol total inferior a
200mg/dl, LDL- colesterol ou "colesterol ruim" inferior a
100m/dl ou 70mg/dl em pacientes de muito alto risco, HDL- colesterol ou
"colesterol bom" maior que 40 nos homens ou maior que 50
mg/dl nos pacientes diabéticos e nas mulheres , triglicerídeos inferiores
a 150 mg/dl.
Diabetes Mellitus; o objetivo é manter
uma taxa glicêmica de jejum menor que 120mg/dl.
Hipertensão Arterial; a finalidade é
manter pressão arterial em torno de 120/80 mmHg, idealizando uma PA abaixo de
140/100 mmHg.
Sedentarismo; para combater o
sedentarismo o ideal é que este paciente faça exercícios físicos aeróbicos leves
a moderados, pelo menos três vezes por semana, iniciando com 15 minutos,
evoluindo a 30 minutos e a 45 minutos.
Estresse Psicossocial e depressão; melhora
do quadro com acompanhamento familiar, psicológico, religioso e se necessário o
uso de medicação conforme prescrição médica.
Teste
de Esforço Atenuado
A solicitação de um teste de
esforço, mais leve do que o habitual, poderá ser necessária em 4 a 10 dias após
um IAM. Os dados deste exame, juntamente com outros parâmetros clínicos e do
ecocardiograma (exame que analisa o coração através de ondas ultrassônicas),
serão úteis para classificar os pacientes em baixo, médio e alto risco após a
alta hospitalar. Esta classificação é muito útil.
Atividade
sexual
Poderá ser reiniciada de 7 a 10 dias
após a alta hospitalar naqueles pacientes que sofreram um IAM sem
complicações ou com complicações leves e que estão sem sintomas (pacientes de
baixo risco ). Em pacientes de médio risco ou alto risco, o momento da
liberação para atividade sexual ficará a critério do médico assistente. O uso
de medicações para disfunção erétil deverá ter a prescrição do médico
assistente.
Próxima
consulta médica
O retorno ao consultório deverá
ser estipulado pelo médico assistente, no entanto, a maioria dos pacientes precisará
ser reavaliada dentro de no máximo 15 dias.
Retorno
ao Trabalho e as Atividades Físicas
Os pacientes que sofreram um IAM sem
complicações ou com complicações leves e que estão sem sintomas, poderão
retornar ao trabalho dentro de duas a quatro semanas. Caso não haja uma contra indicação,
as atividades físicas mais intensas poderão ser reintroduzidas também neste
período, com caminhadas leves no plano, iniciando com 15 minutos e
aumentando este tempo gradativamente até atingir cerca de uma hora. Pacientes
de médio e alto risco deverão ser reavaliados para o retorno ao trabalho e as
atividades físicas.
Exercícios
Físicos e Reabilitação Cardíaca
Os exercícios físicos são fundamentais
dentro de um programa de reabilitação cardíaca, o qual é obrigatório após o IAM.
Esta reabilitação deverá ser iniciada ainda na unidade de terapia intensiva (fase
hospitalar) e mantida após a alta hospitalar (fase ambulatorial).
A reabilitação cardíaca engloba um
conjunto de medidas que permitem uma melhora das condições do
sistema cardiovascular, mas também dos fatores de risco para as doenças
cardiovasculares (reabilitação cardiometabólica). Em pacientes de médio e alto
risco, a reabilitação cardíaca deverá ser supervisionada, ou seja, realizada
inicialmente em uma clínica especializada.
Em pacientes de baixo risco, recomenda-se
caminhadas no plano, iniciando com 15 minutos, com incrementos gradativos até
atingir uma hora , pelo menos três a cinco vezes por semana.
Atividades
Esportivas
Caso não haja contra indicação, num
momento oportuno, recomenda-se a prática de marcha atlética, corrida de
pequenas distâncias e tênis em duplas.
Squash, tênis individual, futebol e
basquete devem ser evitados. Natação e hidroginástica requerem atenção especial
quanto à temperatura da água da piscina, a qual deverá ficar entre 18 e 25
graus.
Referências
Infarto Aguado do Miocárdio.
Disponível em: <http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_frame.asp?cod_noticia=588>
Acesso em 16 de Junho de 2015.
Infarto
Aguado do Miocárdio: Orientações após alta hospitalar. Disponível em: <http://portaldocoracao.uol.com.br/infarto-do-miocardio/infarto-do-miocardio-orientaces-apos-a-alta-hospitalar>
Acesso em 14 de
junho de 2015.
Cuidados
na alimentação do paciente que sofreu um infarto. Disponível em: <http://www.minhavida.com.br/alimentacao/materias/17787-cuidados-na-alimentacao-do-paciente-que-sofreu-um-infarto>
Acesso em 15 de Junho de 2015.
Linha
do cuidado do Infarto Agudo do miocárdio na rede de atenção as urgências.
Disponível em: < http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/HOSPSUS/protocolo_sindrome_coronariaMS2011.pdf>
Acesso em 19 de Junho de 2015.
OLIVEIRA,
Larissa Bertacchini; PUSCHEL, Vilanice Alves de Araújo. Conhecimento sobre a doença e mudança de estilo de vida em pessoas
pós-infarto. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2013 out/dez;15(4):1026-33.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v15i4.18442. doi:
10.5216/ree.v15i4.18442.
Enfº Amarildo Cunha