Assistência de Enfermagem ao Paciente
com Insuficiência Renal Crônica
Introdução
A Insuficiência Renal
Crónica (IRC) é uma perda gradual, progressiva e irreversível da função renal,
que termina fatalmente em uremia (um excesso de ureia e outros produtos de
desgaste nitrogenados no sangue) indicando a necessidade de uma terapêutica
denominada hemodiálise.
A hemodiálise
consiste na filtração do sangue, através de uma membrana semipermeável, onde
ocorre a eliminação dos excretos metabólicos do sangue. O sangue sai do corpo
do paciente, passa para o dialisador, onde é depurado e em seguida retorna ao
paciente. O que garante a diálise é a diferença dos gradientes de concentração
entre a solução dialisadora e o sangue, pois algumas substâncias da solução
dialisadora passa para o sangue e os metabólitos da sangue passa para a
solução.
As doenças que
predispõem a IRC são Diabetes Mellitus (DM), Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
e as repetidas infecções urinárias.
A
DM é uma doença metabólica caracterizada por níveis elevados de glicose no
sangue (hiperglicemia), decorrentes de defeitos na secreção e/ou na ação da
insulina, que é um hormônio produzido pelo pâncreas, que tem a função de
controlar o nível de glicose no sangue, controlando a produção armazenamento de
glicose
A
IRC acarreta vários problemas à vida do paciente, de seus familiares e da
comunidade, por ser uma doença com tratamento difícil e contínuo o paciente sofre
alterações psicológicas, físicas e socioeconômica, uma vez que esta enfermidade
que altera o cotidiano do paciente que a vivencia.
Manifestações
clínicas do paciente renal crônico
O paciente com IRC pode apresentar: anorexia, náuseas,
vômitos, distúrbio hidroeletrolítico (geralmente retenção de sais e água, mas
pode ser por perda de sódio com desidratação), hipertensão, edema pulmonar,
derrames pleurais, fadiga, distúrbios do sono, cefaléia, letargia,
irritabilidade muscular, neuropatia periférica, convulsões, coma, intolerância
à glicose, diminuição da libido, impotência, amenorréia, acidose, hipocalemia,
hipermagnesemia, hipocalcemia, palidez, hiperpigmentação, prurido, equimose, anemia,
defeitos na qualidade das plaquetas, tendências aumentadas de sangramento,
alterações da personalidade e do comportamento, alterações dos processos
cognitivos, edema.
Papel do
Enfermeiro
O
enfermeiro tem um papel importantíssimo no cuidado do paciente renal crônico, e
um dos pontos chave é o incentivo ao autocuidado, de modo a facilitar a
cooperação e adesão do paciente ao tratamento, além de estimulá-lo a enfrentar
as mudanças cotidianas e a alcançar o seu bem-estar.
E
a partir desse princípio temos como ferramenta de trabalho Sistematização da
Assistência de Enfermagem (SAE), que é um dos meios que o enfermeiro aplica os
seus conhecimentos para a assistência ao paciente e define o seu papel. Alem de
colaborar para a organização, o direcionamento do trabalho do enfermeiro e para
um melhor relacionamento deste com o paciente, uma vez que a aplicação da SAE
nos aproxima deste paciente e, portanto nos proporciona um cuidado humanizado,
individual, coerente, sistematizado e de qualidade.
Estudos
apontam que a assistência de enfermagem ao paciente com IRC deve ter como foco
principal a orientação/educação, pois esta ocorre de forma permanente nos
centros de hemodiálise a cada encontro no momento das sessões de diálise.
Importante ressaltar que os desafios nesse processo educacional deve estar
voltado para a adesão ao tratamento, pela indispensável mudança nos hábitos de
vida deste paciente.
Possíveis Diagnósticos de
Enfermagem do Paciente com IRC
·
Eliminação urinária prejudicada
·
Dor crônica
·
Padrão de sono prejudicado
·
Intolerância a atividade
·
Risco para mobilidade física prejudicada
·
Estilo de vida sedentário
·
Excesso de volume de líquido, devido ao processo patológico.
·
Nutrição alterada
(inferior às exigências corporais), devida a anorexia, náuseas, vômitos e dieta
restritiva.
·
Integridade da pele
prejudicada, devido ao congelamento urémico e alterações nas glândulas oleosas
e sudoríparas.
·
Constipação devido à
restrição de líquidos e ingestão de agentes fixadores de fosfato.
·
Risco de lesão ao
deambular, devido ao potencial de fraturas e câimbras musculares, relacionado à
deficiência de cálcio.
·
Não-aceitação do
esquema terapêutico, devida às restrições impostas pela IRC e seu tratamento.
Intervenções
de Enfermagem
·
Manter o equilíbrio hidroelectrolítico.
·
Manter o estado nutricional adequado.
·
Manter a integridade cutânea.
·
Manter a pele limpa e
hidratada
·
Aplicar pomadas ou
cremes para o conforto e para aliviar o prurido.
·
Administrar
medicamentos para o alívio do prurido, quando indicado.
·
Evitar a constipação.
·
Estimular dieta rica
em fibras lembrando-se do teor de potássio de algumas frutas e vegetais.
·
Estimular a atividade
conforme a tolerância.
·
Administrar analgésicos
conforme prescrito,
·
Proporcionar
massagem para as caimbras musculares intensas.
·
Evitar a imobilização
porque ela aumenta a desmineralização óssea.
·
Administrar
medicamentos conforme prescrito.
·
Aumentar a compreensão e a aceitação do
esquema de tratamento.
·
Preparar o paciente
para diálise ou transplante renal.
·
Oferecer esperança
de acordo com a realidade.
·
Avaliar o
conhecimento do paciente a respeito do esquema terapêutico, bem como as
complicações e temores.
·
Explorar
alternativas que possam reduzir ou eliminar os efeitos colaterais do
tratamento.
·
Ajustar o esquema de
tal modo que se possa conseguir o repouso após a diálise.
·
Oferecer pequenas
refeições a cada 3 horas com a finalidade de reduzir as náuseas e facilitar a
administração de medicamentos.
·
Estimular o reforço
para o sistema de apoio social e mecanismos de adaptação para diminuir o impacto
do stress da doença renal crônica.
·
Fornecer indicações
de assistência social e apoio da psicologia.
·
Discutir as opções
da psicoterapia de apoio para a depressão.
·
Encorajar e
possibilitar que o paciente tome certas decisões.
Conclusão
A assistência
de enfermagem com fundamento na SAE é um instrumento científico que orienta a
prática do enfermeiro e de toda sua equipe, sendo de extrema importância para
que o cuidado do paciente renal crônico, pois esta possibilita ao profissional
enfermeiro a identificação dos problemas, formulação dos diagnósticos de
enfermagem de forma precisa, o planejamento adequado das intervenções de
enfermagem e avaliação diária das intervenções desempenhadas, possibilitando
uma recuperação e reabilitação adequada do paciente com IRC.
Este instrumento de trabalho, ainda que negligenciado por
muitos, facilita o trabalho do enfermeiro nos centros de terapia renal
substitutivas, pois fornece ao profissional um respaldo das ações
desenvolvidas, uma proximidade com os pacientes e seus familiares, com a equipe
técnica de enfermagem que utiliza as prescrições de enfermagem como um roteiro
para a prestação de um cuidado individualizado, humanizado e de qualidade, além
de estreitar o laço profissional ou seja a comunicação com os demais membros da
equipe multidisciplinar.
Referências
bibliográficas
·
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Rita de Cássia Helú Mendonça; RIBEIRO, Daniele Fávaro; LIMA, Lidmara Copoono
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Alegre: Artmed, 2005.
Por
·
CUNHA, Amarildo de Souza. Enfermeiro graduado pela Faculdade
Pitágoras de Ipatinga/MG. Pós graduando em Terapia Intensiva pelo Centro Universitário
do Leste de Minas Gerais.