segunda-feira, 2 de abril de 2012

RESUMÃO – FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR


RESUMÃO – FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

INTRODUÇÃO

 
O organismo humano é percorrido pela corrente sanguínea com a finalidade de nutrir os seus diversos tecidos. Essa tarefa é executada pelo conjunto de elementos que constituem o sistema cardiovascular: coração, artérias, veias, capilares e vasos linfáticos.

A energia utilizada para a circulação do sangue é fornecida pela contração do músculo cardíaco. Os dois troncos arteriais que recebem o sangue impulsionado pelos ventrículos, aorta e artéria pulmonar, subdividem-se em ramos, à medida que se afastam do coração.

As funções essenciais do sistema circulatório são, na realidade, exercidas pelos capilares, servindo os demais elementos do sistema, como propulsores e condutores do sangue aos tecidos do organismo.

A BOMBA CARDÍACA

O coração está localizado no interior do tórax, ocupando uma posição aproximadamente central entre os dois pulmões, no espaço chamado mediastino; possui a forma cônica, com a ponta ou ápice voltada para baixo, para a frente e para a esquerda. A sua base é formada pelos dois átrios e pelos grandes vasos.

Ele é uma bomba muscular ôca, pulsátil, dividida em quatro câmaras. As câmaras superiores são os átrios e as inferiores são os ventrículos.

Os átrios, de paredes mais finas, recebem o sangue que flui das veias; são câmaras receptoras ou câmaras de acesso aos ventrículos. O átrio direito recebe as veias cava superior e inferior que trazem o sangue venoso ao coração. O átrio esquerdo recebe as veias pulmonares, que trazem o sangue oxigenado nos pulmões, para distribuição ao organismo.

Os ventrículos são câmaras expulsoras ou propulsoras, com paredes espessas que, ao se contrair fornecem a principal força que impulsiona o sangue através dos pulmões e do sistema circulatório periférico. O ventrículo direito bombeia o sangue para os pulmões e o ventrículo esquerdo, com grande força de contração, bombeia o sangue na circulação periférica.

As duas câmaras direitas, átrio e ventrículo, separam-se por uma válvula unidirecional, chamada de válvula tricúspide. As duas câmaras esquerdas, átrio e ventrículo, separam- se entre si, por uma válvula unidirecional, chamada de válvula mitral.

Através da válvula tricúspide, o sangue do átrio direito chega ao ventrículo direito, de onde é bombeado para a circulação pulmonar ou pequena circulação, em cuja intimidade se processam as trocas gasosas com o ar dos pulmões. Através da válvula mitral, o sangue do átrio esquerdo chega ao ventrículo esquerdo, de onde é bombeado para a circulação sistêmica, grande circulação ou circulação periférica, onde se processam as trocas com os tecidos.

Dos ventrículos emergem as grandes artérias para a distribuição do sangue. Do ventrículo direito emerge a artéria pulmonar e do ventrículo esquerdo emerge a aorta. Os ventrículos se comunicam com as grandes artérias através de válvulas unidirecionais, chamadas válvulas semi-lunares. A válvula pulmonar une o ventrículo direito à artéria pulmonar. A válvula aórtica une o ventrículo esquerdo à aorta.

A parede do coração é formada por três camadas, epicárdio, miocárdio e endocárdio. O epicárdio é a camada mais externa ou superficial do coração. O endocárdio é a camada de revestimento interno do coração, constituida por um tecido mais liso e elástico, chamado tecido endotelial. Essa camada de revestimento interno tem propriedades particulares e é a única camada de tecido que tem contato com o sangue.
Entre o epicárdio e o endocárdio, situa-se a camada muscular que constitui o músculo cardíaco propriamente dito, o miocárdio, responsável pela função contrátil do coração.

As células musculares do miocárdio têm estrutura especial. As membranas das células miocárdicas se fundem, permitindo a livre passagem de íons e a livre propagação de potenciais elétricos, de uma célula para outra. Este tipo de agrupamento celular é chamado sincício. O músculo cardíaco, portanto, tem estrutura sincicial. O coração é composto de dois sincícios distintos: o sincício atrial e o sincício ventricular.

Os sincícios atrial e ventricular obedecem ao princípio do tudo ou nada, que rege a função contrátil do miocárdio. Isto significa que a estimulação de uma única fibra muscular atrial excita toda a massa muscular atrial, o mesmo ocorrendo com os ventrículos, se uma única fibra ventricular for estimulada.

EXCITAÇÃO E CONDUÇÃO ELÉTRICA

O estímulo elétrico para a contração do miocárdio se origina em um pequeno agrupamento de células especiais localizada na junção da veia cava superior com o átrio direito, na região chamada seio venoso. Esse conjunto de células é o nódulo sinusal. As células do nódulo sinusal através de reações químicas no seu interior geram o impulso elétrico que se propaga pelos átrios e produz a contração do miocárdio atrial. O estímulo das vias internodais é captado em outro nódulo, localizado junto ao anel da válvula tricúspide, próximo ao orifício do seio coronário, chamado nódulo átrioventricular, ou simplesmente nódulo A-V. Deste nódulo A-V, parte um curto feixe das células especiais, o feixe átrio-ventricular ou feixe de Hiss que também é denominado de Purkinge, responsável pela estimulação do miocárdio ventricular.

O nódulo sinusal é considerado o marcapasso do próprio coração, pois estas células através de mecanismos químicos, geram o próprio impulso elétrico, a intervalos regulares, o que garante a automaticidade e a ritmicidade da estimulação cardíaca.

O nódulo sinusal, o nódulo átrio-ventricular e o feixe de Purkinje recebem terminações nervosa simpáticas e parassimpáticas. Quando há estimulação simpática, liberamse as catecolaminas adrenalina e noradrenalina, que produzem aumento da freqüência dos impulsos elétricos do nódulo sinusal. A estimulação parassimpática ou vagal se faz através da acetilcolina e tem o efeito oposto, reduzindo a freqüência dos impulsos.

Em condições anormais, quando o nódulo sinusal deixa de funcionar, ou quando o estímulo do nódulo sinusal não alcança a rede de Purkinje, outros pontos do sistema de condução, tais como o nódulo A-V ou o feixe de Purkinje assumem a função de gerar o estímulo elétrico para a contração ventricular, com uma freqüência mais baixa.

Pode ainda, ocorrer o bloqueio completo da condução elétrica pelo feixe de Hiss, constituindo o bloqueio átrio-ventricular total, que faz com que uma porção do miocárdio ventricular assuma a função de gerador de estímulos para a contração ventricular. Nestas circunstâncias, a freqüência dos impulsos é baixa, geralmente inferior a 40 por minuto, e se recorre à estimulação elétrica por meio de um marcapasso artificial.

A CONTRAÇÃO ATRIAL E VENTRICULAR

O ciclo cardíaco vai do final de uma contração cardíaca até o final da contração seguinte e inclui quatro eventos mecânicos principais, a saber: contração atrial ou sístole atrial, relaxamento atrial ou diástole atrial, contração ventricular ou sístole ventricular e relaxamento ventricular ou diástole ventricular.

Um batimento cardíaco se inicia com a sístole atrial. A seguir, durante a diástole atrial, ocorrem sucessivamente a sístole e a diástole ventricular. Os átrios funcionam como bombas de ativação, que aumentam a eficácia do bombeamento ventricular.

Durante a sístole ventricular, o sangue se acumula nos átrios, porque as válvulas átrio-ventriculares estão fechadas. Ao terminar a sístole ventricular, a pressão nos átrios faz com que as válvulas átrio-ventriculares se abram, permitindo que os ventrículos se encham rapidamente. Na fase final do enchimento ou diástole ventricular, ocorre a sístole atrial.

Ao se iniciar a contração ou sístole ventricular, a pressão no interior do ventrículo se eleva muito rapidamente, pelo retesamento das suas fibras, fechando as válvulas átrio-ventriculares. Logo após uma pequena fração de segundo, o ventrículo ganha pressão suficiente para abrir as válvulas semilunares (aórtica ou pulmonar) e iniciar a ejeção do sangue para as grandes artérias.

DÉBITO CARDÍACO

Em um adulto, o volume sistólico médio é de cerca de 70 ml de sangue, pois representa a diferença entre o volume diastólico final que corresponde cerca de 120 ml e o volume sistólico final, que corresponde cerca de 50 ml. Essa diferença entre o volume diastólico final e o volume sistólico final é chamada de volume de ejeção ou volume sistólico e corresponde ao volume de sangue impulsionado a cada batimento cardíaco.

O débito cardíaco sistêmico corresponde à quantidade de sangue lançada pelo ventrículo esquerdo na aorta, a cada minuto. Esta é a forma habitual de expressar a função de bomba do coração. Em cada batimento, o volume ejetado pelo ventrículo esquerdo na aorta é a diferença entre o volume diastólico final (VDF) e o volume sistólico final (VSF). O débito cardíaco (DC) será igual àquela diferença multiplicada pelo número de batimentos a cada minuto (freqüência cardíaca, FC). O débito cardíaco pode ser expresso pela seguinte equação: DC = (VDF - VSF) x FC.

O volume sistólico de um adulto médio é de aproximadamente 70ml e a freqüência cardíaca é de 80 batimentos por minuto. O débito cardíaco desse indivíduo será de 70 x 80 = 5.600ml/min. (5,6 litros/ minuto).

PRESSÃO ARTERIAL

É a pressão que ocorre após a contração do ventrículo esquerdo, onde o sangue ejetado na aorta e demais artérias, fazendo com que suas paredes se distendam.

No final da sístole, quando o ventrículo esquerdo deixa de ejetar, a válvula aórtica se fecha e ocorre o ponto máximo da pressão intra-arterial, a pressão sistólica que atinge cerca de 120 mmHg. Imediatamente antes de se iniciar o novo ciclo cardíaco, a pressão registrada na aorta é a pressão diastólica e, em um adulto seu valor é de aproximadamente 80 mmHg.

CIRCULAÇÃO PERIFÉRICA

O sistema circulatório é um grande sistema fechado constituído por vasos que conduzem o sangue dos ventrículos aos tecidos, e destes de volta aos átrios. Está dividido em dois circuitos: a circulação pulmonar ou pequena circulação, que transporta o sangue do coração direito para as trocas gasosas respiratórias e a circulação periférica ou sistêmica, responsável pelo transporte do sangue a todos os tecidos para a oferta de oxigênio e demais nutrientes.

Existem dois tipos de vasos na circulação: os vasos sanguíneos e os vasos linfáticos.

Os vasos sanguíneos são encarregados de transportar o sangue bombeado pelo coração para os tecidos. E os vasos linfáticos é um sistema acessório do sistema circulatório, sendo responsáveis por retirar todos os metabólicos da circulação sanguínea.

Fonte: Fisiologia Cardiovascular - Guyton, A.C. – Músculo Cardíaco: O Coração como Bomba. In Guyton, A.C.: Tratado de Fisiologia Médica, 2ª Edição, Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 2002.

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