Atuação do Enfermeiro na Cardioversão Elétrica
Introdução
A cardioversão elétrica é um procedimento utilizado para reversão de arritimias mediante a administração de uma corrente elétrica direta e sincronizada que despolariza o miocárdio. É a terapia de escolha para o tratamento de taquiarritmias com instabilidade hemodinâmica. (KNOBEL, 2005).
A cardioversão elétrica consite na aplicação de um choque elétrico sobre o tórax, cujo o resultado esperado é a despolarização de todas ou quase todas as fibras cardíacas de forma simultânea, na intenção de restaurar o impulso cardíaco de forma coordenada.
É aplicada através de eletrodos de desfibrilação autoadesivos ou pás manuais acopladas a um desfibrilador/cardioversor/monitor, em modo sincronizado que liberará energia imediatamente após a onda R. Importante ressaltar que a indicação e aplicação da cardioversão elétrica é função do médico, uma vez que a legislação brasileira de enfermagem não permite tal procedimento.
Atuação do Enfermeiro
O enfermeiro deve ter conhecimento das principais indicações da cardioversão elétrica com o objetivo de oferecer uma assistência de qualidade e sistematizada, atuando com agilidade, ciência e técnica durante o procedimento, minimizando atrasos e evitando assim maiores complicações ao paciente. Além disso o enfermeiro deve humanizar este procedimento, explicando ao paciente e seus familiares o que será feito, pois ao saberem que o paciente será á submetido a um choque estes passarão por sentimentos de ansiedade e medo.
Segundo a Lei 7498/86 Art. 11, o enfermeiro exerce cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas; atuando no planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de enfermagem. (COFEN, 2007).
Portanto é de fundamental importância a atuação do Enfermeiro na cardioversão elétrica, uma vez que esse procedimento é complexo e envolve a atuação dos profissionais de nível médio de enfermagem.
Durante a cardioversão elétrica o enfermeiro deve avaliar a necessidade da mesma, devido a eventos arrítmicos indicados, atuar na organização do material, na orientação da equipe para que em possíveis eventos adversos, como na broncoaspiração, na depressão respiratória, nos vômitos, até mesmo uma parada cardíaca, o enfermeiro e sua equipe participe prestando os cuidados necessários e com agilidade.
Principais cuidados prestados pelo enfermeiro e sua equipe durante a cardioversão elétrica:
· Atentar para que antes do procedimento, deve ser feito exame de sangue para controle dos eletrólitos e devem ser corrigidos antes da cardioversão.
· Orientar e supervisionar se o paciente está em jejum de 8 horas
· Providenciar carro de emergência com equipamentos e medicações para intubação e atendimento de parada cardiorrespiratória que devem estar prontamente disponíveis,
· Retirar próteses dentárias móveis do paciente,
· Providenciar Monitorização cardíaca e de oximetria de pulso, oxigênio.
· Puncionar acesso venoso periférico calibroso, se o paciente estiver sem acesso.
· Caso seja necessário realizar tricotomia e a limpeza da pele para remoção da gordura e substâncias que atrapalham a condução elétrica;
· Providenciar gel para aplicar nas pás do cardioversor.
· Ligar o sincronizador do cardioversor e observar se é necessário re-sincronizar, pois, após o primeiro choque, o sincronismo pode desligar automaticamente.
· Providenciar o sedativo de escolha pela equipe médica já que a cardioversão causa dor e desconforto ao paciente e a mesma corrente que despolariza o miocárdio despolariza toda musculatura esquelética
· Orientar a equipe médica quanto ao posicionamento correto das pás, a pá esterno à direita do esterno, sob a clavícula direita, e a pá ápice junto ao apex cordis, sobre a linha axilar anterior esquerda.
· Orientar a equipe médica quanto aos pacientes com marca-passo definitivo uma vez que se deve ter cuidado no posicionamento das pás, pois o choque poderá danificar os eletrodos do marca-passo, lesão cardíaca, além da perda do seu comando.
· Atentar para a energia do choque que deve ser selecionada baseando-se na arritmia e algumas orientações da equipe médica.
· Observar atentamente para que ninguém esteja encostado no cliente ou em sua maca. Deve-se avisar em voz alta a eminência do choque;
· Observar o cliente, dar suporte ventilatório e hemodinâmico, ao paciente após a cardioversão, caso necessário até a reversão da anestesia
· Cogitar o uso de antiarrítmico para evitar a recidiva da arritmia,
· Durante o uso dos antiarrítmicos deve-se monitorizar o traçado eletrocardiográfico, pressão arterial, freqüência cardíaca e nível de consciência.
No Brasil os enfermeiros não têm a vivência de realizar cardioversão no seu cotidiano, eles apenas programam, planejam e dão suporte para a assistência ao paciente que será submetido a este procedimento. (CUNHA, CUNHA E BRASILEIRO, 2009)
Considerações finais
Embora a cardioversão não seja um procedimento executado pelo enfermeiro, sua assistência é indispensável, pois muitos cuidados devem ser realizados durante o procedimento, o enfermeiro é o profissional que planeja as etapas, organiza e auxilia na execução da cardioversão elétrica com o objetivo de alcançar o sucesso e garantir a segurança e conforto do paciente e seus familiares.
O enfermeiro deve educar o paciente e seus familiares, pois esta é uma etapa importantíssima, visto que, orientando, o enfermeiro pode tirar dúvidas e diminuir a ansiedade dos envolvidos no processo.
A assistência de enfermagem na cardioversão elétrica deve ser desempenhada com grande sucesso e de forma sistematizada uma vez que o número de pacientes que poderão ser submetidos a este procedimento, se eleva a cada ano.
Referências Bibliográficas
· CUNHA Gisele Moreira, CUNHA Cristiane Martins, BRASILEIRO Marislei Espíndula. Assistência de enfermagem na cardioversão elétrica e medicamentosa: uma revisão da literatura. Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de especialista em Emergência e Urgência pelo Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição www.ceen.com.br 2009 Goiás. Disponível em www.google.com.br/2011.
· Conselho Federal de Enfermagem. Lei nº 7498/86. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências. Disponível em www.portalcofen.gov.br/2011.
· LUTGARDE Magda Suzanne, VANHEUSDEN Deyse Conceição Santoro. Assistência de enfermagem a Paciente com fibrilação atrial. Escola Anna Nery Revista Enfermagem 2006, abr; 10 (1): 47 - 53.
· SANTORO, Deyse Conceição. O cuidado de enfermagem na unidade coronariana: um ensaio sobre a dimensão da subjetividade no cuidar. Escola de Enfermagem Anna Nery, 2000.
· KNOBEL, Elias. Enfermagem em Terapia Intensiva. Editora Atheneu. SP, 2005.
Por:
CUNHA, Amarildo de Souza. Graduado em Enfermagem pela Faculdade Pitágoras de Ipatinga/MG. 29/08/2011.