Monitorização de
Pressão Venosa Central
Enf. Amarildo
Cunha
COREN/MG: 329788
A pressão venosa central (PVC) ou pressão do átrio direito
refere-se à pré-carga do ventrículo direito (VD), ou seja, a capacidade de
enchimento do ventrículo direito ao final da diástole.
PVC
é o termo usado para descrever a pressão exercida em veia cava superior e
inferior durante o retorno venoso na circulação sistêmica e deve ser mensurada
quando houver dúvida sobre o estado volêmico de tal forma que a correção
interfira na terapêutica do paciente.
A PVC é uma medida hemodinâmica frequente na UTI. É determinada pela interação entre o volume intravascular, função do ventrículo direito, tônus vasomotor e pressão intratorácica.
Apesar
das limitações como método de avaliação da volemia, é o mais simples, pouco
invasivo, disponível rapidamente à beira do leito e indicado como método de
monitoração
Objetivos de
Mensuração da PVC
O principal objetivo de mensurar a PVC é avaliar a pressão
diastólica final do ventrículo direito.
Em pacientes com reserva cardíaca e resistência vascular
pulmonar normal, a PVC pode orientar o manuseio hemodinâmico global.
Outra grande utilidade da PVC é a possibilidade de colheita
de exames laboratoriais com frequência sem incomodar o paciente com punções
venosas.
Indicações de
Mensuração da PVC
·
Choque
de qualquer etiologia,
·
Desconforto
respiratório grave,
·
Insuficiência
renal aguda,
·
Sepse
grave,
·
Cirurgia
cardíaca,
·
Cirurgia
torácica,
·
Transplante
cardíaco, hepático e renal e outras cirurgias de grande porte,
·
Síndrome
nefrótica,
·
Desidratação
grave,
·
Insuficiência
hepática e grande queimado
Cateter
Utilizado na Pressão Venosa Central
A PVC é obtida através de um cateter locado na veia cava
superior, o cateter central com uma ou duas vias; para mensurar a PVC o mais
indicado é o cateter de duas vias (duplo lúmen).
A
escolha do local de inserção deve considerar os riscos e benefícios de cada
local. A posição da ponta do cateter deve ser confirmada por exames de imagem,
principalmente para acessos em cava superior, onde o ponto adequado é o terço
médio da veia.
As principais vias de acesso utilizadas são as veias
subclávia e a jugular interna. A posição de localização do cateter deve ser
checada por uma imagem de radiologia, certificando-se de que o cateter não
esteja dentro do átrio direito.
Dispositivos para
Mensuração da PVC
E assim como vimos na pressão arterial invasiva à mensuração
da PVC é realizada através de uma coluna de água ligada a um transdutor de
pressão ou manualmente a uma régua.
O método de mensuração da PVC com coluna de água, devido à sua
extrema simplicidade e baixo custo, é bastante popular e largamente utilizado,
dispensando transdutores eletrônicos sofisticados.
A zeragem da linha de pressão venosa central é feita da mesma
forma que a pressão arterial invasiva, alinhado a linha média axilar.
Materiais
Necessários para Mensurar PVC em Coluna de Água
·
Equipo de monitorização de PVC;
·
Frasco de solução fisiológica (100 ou 250 ml);
·
Heparina Sódica
·
Fita adesiva;
·
Régua de nível.
·
Suporte de soro;
·
Caneta marcador;
·
Bolsa pressurizadora;
Valores da
Pressão Venosa Central
Os valores normais da PVC são 2-8 mmHg (uso de transdutor de
pressão) ou 3-11 cmH2O (uso da régua com solução salina).
Valores abaixo do normal podem sugerir hipovolemia e valores
mais altos podem sugerir sobrecarga volumétrica ou falência ventricular, mas
devem ser avaliados com outros parâmetros
Limitações na
Mensuração da Pressão Venosa Central
O
uso da PVC apresenta algumas restrições e por isso não deve ser o único
parâmetro de volemia. Esta entre as situações de que podem alterar a PVC:
·
Vasoconstrição (hipovolemia), fazendo o
resultado da PVC apresentar normal ou alta;
·
Alterações anatômicas da veia cava, como por
exemplo presença de tumor e hematomas;
·
Alteração na complacência de ventrículo direito,
doenças pulmonares, valvopatia de tricúspide;
·
Pacientes em Ventilação positiva com uso de
PEEP.
Complicações da Pressão Venosa Central
·
Hemorragia durante
e após punção
·
Arritmias atriais
e ventriculares por irritação do cateter
·
Infecções
·
Sobrecarga
hídrica acidental
·
Embolia gasosa
·
Complicações
tromboembólicas
·
Perfuração de
câmaras cardíacas, pneumotórax e hemotórax (devido punção do cateter
central)
Cuidados de Enfermagem
·
Preparo do
material necessário e da solução de soro fisiológico.
· Auxiliar o médico
no procedimento de cateterização venosa, oferecendo o material necessário.
·
Realizar a
zeragem do transdutor de pressão, alinhado a linha média axilar.
·
Proceder à
anotação de enfermagem no prontuário do paciente, descrevendo número de
punções, e material utilizado.
·
Estar atento a
desconexão do sistema
·
Estar atento a
sangramento na inserção do cateter, e infecção do sitio de punção
·
Manter curativo estéril.
·
Manter a bolsa
pressurizada a 300 mmHg, pressurização em valores de pressão menores não
permitem a irrigação continua adequada que é de 3 ml/h.
·
Realizar a troca
do equipo com transdutor de pressão a cada 72h
·
Realizar a troca
da solução de soro fisiológico a cada 24h
·
Para retirada do
cateter, proceder com luva de procedimento, usar solução antisséptica, e
tracionar o cateter vagarosamente, evitando lesão a intima do vaso. Comprimir o
local da inserção do cateter com gaze dobrada por 5 minutos.
Aplicações da Enfermagem
Compete ao Enfermeiro a instalação e a retirada da pressão venosa
central, por ser procedimentos de alto nível de complexidade e que poderá
desencadear complicações para o paciente. Ao Técnico em enfermagem compete a
monitorização contínua da PVC, por se tratar de uma técnica simples, esta
monitorização realizada pelo Técnico, só poderá ocorrer após o profissional ser
treinado e estar apto para tal conduta e deve ser realizada sobre a supervisão
do Enfermeiro. Procedimentos de maior nível de complexidade técnica é
responsabilidade privativa do Enfermeiro, e os procedimentos simples, de grau
auxiliar da profissão devem ser realizados pelos profissionais Técnicos em
Enfermagem, conforme preconiza a lei do exercício profissional da enfermagem.
Referências
SILVA,
Lidia Maria Beloni; SILVA, Daniele Cristiny; BECCARIA, Lucia Marinilza. Medida da pressão venosa central com o
paciente em diferentes angulações. Rev enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2016;
24(1):e14502.
BRASIL,
1986. Lei 7.498 de 25 de Junho de 1986. Dispõe
sobre a regulamentação do exercício profissional da enfermagem e dá outras
providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7498.htm.
Acessado em 26/03/2020.