quinta-feira, 26 de março de 2020

Monitorização da Pressão Venosa Central


Monitorização de Pressão Venosa Central

Enf. Amarildo Cunha
COREN/MG: 329788

A pressão venosa central (PVC) ou pressão do átrio direito refere-se à pré-carga do ventrículo direito (VD), ou seja, a capacidade de enchimento do ventrículo direito ao final da diástole.

PVC é o termo usado para descrever a pressão exercida em veia cava superior e inferior durante o retorno venoso na circulação sistêmica e deve ser mensurada quando houver dúvida sobre o estado volêmico de tal forma que a correção interfira na terapêutica do paciente.

A PVC é uma medida hemodinâmica frequente na UTI. É determinada pela interação entre o volume intravascular, função do ventrículo direito, tônus vasomotor e pressão intratorácica.

Apesar das limitações como método de avaliação da volemia, é o mais simples, pouco invasivo, disponível rapidamente à beira do leito e indicado como método de monitoração

Objetivos de Mensuração da PVC

O principal objetivo de mensurar a PVC é avaliar a pressão diastólica final do ventrículo direito.
Em pacientes com reserva cardíaca e resistência vascular pulmonar normal, a PVC pode orientar o manuseio hemodinâmico global.

Outra grande utilidade da PVC é a possibilidade de colheita de exames laboratoriais com frequência sem incomodar o paciente com punções venosas.

Indicações de Mensuração da PVC

·         Choque de qualquer etiologia,
·         Desconforto respiratório grave,
·         Insuficiência renal aguda,
·         Sepse grave,
·         Cirurgia cardíaca,
·         Cirurgia torácica,
·         Transplante cardíaco, hepático e renal e outras cirurgias de grande porte,
·         Síndrome nefrótica,
·         Desidratação grave,
·         Insuficiência hepática e grande queimado

Cateter Utilizado na Pressão Venosa Central

A PVC é obtida através de um cateter locado na veia cava superior, o cateter central com uma ou duas vias; para mensurar a PVC o mais indicado é o cateter de duas vias (duplo lúmen).

A escolha do local de inserção deve considerar os riscos e benefícios de cada local. A posição da ponta do cateter deve ser confirmada por exames de imagem, principalmente para acessos em cava superior, onde o ponto adequado é o terço médio da veia.

As principais vias de acesso utilizadas são as veias subclávia e a jugular interna. A posição de localização do cateter deve ser checada por uma imagem de radiologia, certificando-se de que o cateter não esteja dentro do átrio direito.

Dispositivos para Mensuração da PVC

E assim como vimos na pressão arterial invasiva à mensuração da PVC é realizada através de uma coluna de água ligada a um transdutor de pressão ou manualmente a uma régua.

O método de mensuração da PVC com coluna de água, devido à sua extrema simplicidade e baixo custo, é bastante popular e largamente utilizado, dispensando transdutores eletrônicos sofisticados.

A zeragem da linha de pressão venosa central é feita da mesma forma que a pressão arterial invasiva, alinhado a linha média axilar.

Materiais Necessários para Mensurar PVC em Coluna de Água

·         Equipo de monitorização de PVC;
·         Frasco de solução fisiológica (100 ou 250 ml);
·         Heparina Sódica
·         Fita adesiva;
·         Régua de nível.
·         Suporte de soro;
·         Caneta marcador;
·         Bolsa pressurizadora;

Valores da Pressão Venosa Central

Os valores normais da PVC são 2-8 mmHg (uso de transdutor de pressão) ou 3-11 cmH2O (uso da régua com solução salina).

Valores abaixo do normal podem sugerir hipovolemia e valores mais altos podem sugerir sobrecarga volumétrica ou falência ventricular, mas devem ser avaliados com outros parâmetros

Limitações na Mensuração da Pressão Venosa Central

O uso da PVC apresenta algumas restrições e por isso não deve ser o único parâmetro de volemia. Esta entre as situações de que podem alterar a PVC:

·         Vasoconstrição (hipovolemia), fazendo o resultado da PVC apresentar normal ou alta;
·         Alterações anatômicas da veia cava, como por exemplo presença de tumor e hematomas;
·         Alteração na complacência de ventrículo direito, doenças pulmonares, valvopatia de tricúspide;
·         Pacientes em Ventilação positiva com uso de PEEP.

Complicações da Pressão Venosa Central

·         Hemorragia durante e após punção
·         Arritmias atriais e ventriculares por irritação do cateter
·         Infecções
·         Sobrecarga hídrica acidental
·         Embolia gasosa
·         Complicações tromboembólicas
·         Perfuração de câmaras cardíacas, pneumotórax e hemotórax (devido punção do cateter
central)

Cuidados de Enfermagem

·         Preparo do material necessário e da solução de soro fisiológico.
·       Auxiliar o médico no procedimento de cateterização venosa, oferecendo o material necessário.
·         Realizar a zeragem do transdutor de pressão, alinhado a linha média axilar.
·         Proceder à anotação de enfermagem no prontuário do paciente, descrevendo número de punções, e material utilizado.
·         Estar atento a desconexão do sistema
·         Estar atento a sangramento na inserção do cateter, e infecção do sitio de punção
·         Manter curativo estéril.
·         Manter a bolsa pressurizada a 300 mmHg, pressurização em valores de pressão menores não permitem a irrigação continua adequada que é de 3 ml/h.
·         Realizar a troca do equipo com transdutor de pressão a cada 72h
·         Realizar a troca da solução de soro fisiológico a cada 24h
·         Para retirada do cateter, proceder com luva de procedimento, usar solução antisséptica, e tracionar o cateter vagarosamente, evitando lesão a intima do vaso. Comprimir o local da inserção do cateter com gaze dobrada por 5 minutos.

Aplicações da Enfermagem

Compete ao Enfermeiro a instalação e a retirada da pressão venosa central, por ser procedimentos de alto nível de complexidade e que poderá desencadear complicações para o paciente. Ao Técnico em enfermagem compete a monitorização contínua da PVC, por se tratar de uma técnica simples, esta monitorização realizada pelo Técnico, só poderá ocorrer após o profissional ser treinado e estar apto para tal conduta e deve ser realizada sobre a supervisão do Enfermeiro. Procedimentos de maior nível de complexidade técnica é responsabilidade privativa do Enfermeiro, e os procedimentos simples, de grau auxiliar da profissão devem ser realizados pelos profissionais Técnicos em Enfermagem, conforme preconiza a lei do exercício profissional da enfermagem.

Referências

SILVA, Lidia Maria Beloni; SILVA, Daniele Cristiny; BECCARIA, Lucia Marinilza. Medida da pressão venosa central com o paciente em diferentes angulações. Rev enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2016; 24(1):e14502.

BRASIL, 1986. Lei 7.498 de 25 de Junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício profissional da enfermagem e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7498.htm. Acessado em 26/03/2020.




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