quarta-feira, 31 de março de 2021

Estudo Eletrofisiológico do Coração

Estudo Eletrofisiológico do Coração

Introdução

A Eletrofisiologia é a especialidade da cardiologia que estuda e trata os distúrbios do ritmo do coração, durante o procedimento o coração é estimulado em frequências diferentes para pesquisar a presença e o foco de determinados tipos de arritmias.

Através da estimulação programada (liberação de estímulos elétricos em intervalos de tempo programados) é possível simular condições às quais o paciente se encontra exposto diariamente, como extra-sístoles atriais e ventriculares e ver como o coração reage a esta estimulação.

O que é o Estudo Eletrofisiológico?

É Estudo Eletrofisiológico (EEF) é um tipo de cateterismo cardíaco utilizado para avaliação invasiva do sistema elétrico do coração, é uma avaliação detalhada do sistema elétrico do coração. Esta avaliação é feita utilizando um sistema de cateteres diagnostico que permite o diagnóstico preciso do mecanismo e da origem da arritmia

Desta forma, o EEF ajuda no esclarecimento da causa dos sintomas através da documentação de alguma alteração na formação (doença do nó sinusal) ou condução do impulso elétrico do coração (bloqueios atrioventriculares), ou ainda pela indução de taquicardias (supraventriculares ou ventriculares).

Em situações específicas, pode ser realizado, mesmo na ausência de sintomas, para avaliar o risco no desenvolvimento de taquiarritmias e suas consequências.

Indicações do Estudo Eletrofisiológico 

´  Pré-sincopes e síncopes inexplicadas;

´  Palpitações,

´  Pacientes com registro de Bloqueio Atrioventricular e de arritmias já documentadas em exames não invasivos (ECG, Holter);

´  Para confirmar a necessidade de implantar Dispositivos Cardíacos (Marcapassos, Cardiodesfibriladores);

´  Estratificar risco de morte cardíaca súbita;

´  Pacientes recuperados de PCR.

Realização do Procedimento

É considerado um procedimento simples, durando cerda de 1 a 2 horas, o paciente deve estar de jejum de no mínimo 8 horas e com uso suspenso dos medicamentos antiarrítmicos. É realizado em sala de hemodinâmica ou Sala Cirúrgica, sob visualização fluoroscópica, com o paciente em sedação superficial e anestesia local. Raramente alguns procedimentos são realizados sob anestesia geral.

São puncionadas veias profundas (geralmente veia femoral direita e se necessário veia jugular interna direita, por meio dessas punções são introduzidos três ou mais cateteres até o coração e posicionados nas câmaras cardíacas de interesse, objetivando mapear e induzir arritmias no paciente, arritmias das quais ele já sofre em seu cotidiano.

Através dos Cateteres de EEF inseridos, estes chegam até o coração do paciente pela veia cava superior, e dentro da estrutura cardíaca geralmente são posicionados, 01 cateter no Átrio Direito, 01 cateter no Ventrículo Direito, 01 cateter próximo ao Feixe de HIS e 01 cateter no Seio Coronário do paciente.

Todo este processo de inserção e mapeamento cardíaco é realizado sobre visualização fluoroscópica e por sinais elétricos captados pelos cateteres, que são verificados pelo médico através do polígrafo estimulador de EEF (sistema computadorizado) de altíssima confiabilidade e acurácia.

Recursos Humanos Necessários

  •    Médico responsável pelo procedimento (certificado e habilitado em EEF clínica Invasiva pelo Departamento de Arritmia e Estimulação Cardíaca)

      Um médico auxiliar,
com experiência e certificação em EEF.

      Primeiro Auxiliar com conhecimento em EEF cardíaca;

      Médico anestesista

      Enfermeira(o) ou Técnica(o) de Enfermagem.

   Assessor Técnico especializado em EEF, geralmente um Assessor Técnico da empresa fornecedora dos materiais especiais (OPME) que são os cateteres, conectores e equipamentos da Eletrofisiologia Cardíaca.

 Estrutura Física e Tecnológica

´  Sala de Hemodinâmica ou Sala Cirúrgica;

´  Fluoroscopia (Aparelho de RX);

´  Polígrafo Estimulador;

´  Aparelho de Radiofrequência;

´  Carrinho de Anestesia;

´  Marcapasso Temporário;

´  Cardiodesfibrilador externo;

´  Hospital com Unidade de Terapia Intensiva (UTI);

´  Hospital que tenha equipe de Cirurgia Cardiovascular;

Conclusão

O EEF é um exame de registro elétrico gráfico que apresenta a vantagem de ser mais específico que os exames convencionais (ECG, Holter), possibilitando o diagnóstico exato de determinadas arritmias e indicando o tratamento mais adequado de acordo com as particularidades de cada paciente.


Amarildo de Souza Cunha

Enfermeiro

MBA em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar

Consultor / Supervisor Técnico e Comercial de Produtos Médicos Hospitalares

 

 

 

sábado, 27 de março de 2021

Eletrocardiograma

Eletrocardiograma

Introdução

Surgia o eletrocardiógrafo e o eletrocardiograma (ECG), quando Willen Einthoven, em 1902, idealizou um aparelho para registrar as correntes elétricas que se originavam no coração.

O eletrocardiógrafo é um galvanômetro que amplia, filtra e registra a atividade elétrica do coração em um papel milimetrado especialmente determinado para esse fim. Ao longo dos anos surgiram novos modelos de eletrocardiógrafos, fazendo com que o ECG continue sendo um exame de extrema importância. Atualmente os eletrocardiógrafos são de fácil manuseio, reprodutível e de baixo custo operacional.

Papel de Registro do ECG

O papel para registro do ECG é quadriculado, com a distância entre cada linha horizontal e vertical de 1 mm, formando um pequeno quadrado de 1 mm de lado. O eixo horizontal mede o tempo e o eixo vertical, a amplitude. A cada cinco quadrados menores há um traço ou linha mais forte tanto na direção vertical quanto na horizontal.

Tempo e Voltagem

O traçado do ECG se dá na forma de ondas que possuem características próprias como duração, amplitude e configuração. A velocidade padrão com que o papel milimetrado se desloca sob a agulha do aparelho é de 25 mm/s.

Nessa velocidade de deslocamento do ECG define-se que um quadrado menor corresponde a 0,04 s e um quadrado maior, 0,2 s, sendo possível determinar a duração do evento registrado. Quanto à amplitude dos traçados eletrocardiográficos, cada linha vertical corresponde a 0,1 mV.

O que é o Eletrocardiograma

É um exame de registros gráficos que registram a atividade elétrica do coração, que pode evidenciar, além do ritmo e frequência cardíaca, se o paciente apresenta alguma alteração na condução do estímulo elétrico durante o ciclo cardíaco.

A atividade elétrica de condução do coração compreende o ciclo de despolarização e repolarização das câmaras cardíacas superiores (átrios) e das câmara cardíacas inferiores (ventrículos) do coração. Sabe-se que o coração é composto do sistema elétrico e pelo sistema sanguíneo (cardiovascular). O que promove os batimentos e ritimicidade do coração, ejetando o sangue para os demais órgãos do corpo humano é o famoso sistema de condução elétrico do coração.

Este sistema de condução elétrica do coração é composto por estruturas distintas, que se interconectam, a saber são elas.

Nó sinusal – Marcapasso natural do coração, por onde sai o primeiro estímulo elétrico, sendo este responsável pela despolarização atrial.

Nó Atrioventricular – Aqui ocorre um pequeno retardo do impulso elétrico, objetivando o sincronismo atrioventricular.

Feixe de HIS - Porções elétricas mais distais dos músculos ventriculares, que se divide em ramo direito e ramo esquerdo do coração.

Fibras de Purkinje - Arranjo de fibras elétricas que propiciam a propagação elétrica para a musculatura dos ventrículos, provocando a despolarização ventricular.

Todo este conjunto elétrico, durante o seu ciclo de ativação e relaxamento provocam o surgimento de ondas, a qual denominamos de ECG.

ECG Normal

O padrão de normalidade do ECG conta com uma onda P inicial, seguida de 4 ondas sequenciais, formando o complexo QRS e a onda T.

  •  Inicia-se com a onda P, que representa a despolarização atrial
  •  Após vem o que denominamos de complexo QRS , onde a primeira onda negativa chama-se Q, a primeira onda positiva chama-se R, e a onda negativa que vem após a positiva chama-se S. Este complexo é responsável pela despolarização ventricular.
  • Termina-se o ciclo com a onda T, completando um ciclo cardíaco. Sendo a onda T representando a repolarização ventricular.

 

Ondas do traçado do ECG

 

Compreendendo as Ondas

Onda P: A onda P é a primeira onda registrada em qualquer derivação do ECG, ela representa a ativação dos átrios e é composta, na verdade, do registro da ativação de cada átrio apresentado como uma única onda. A onda P tem uma morfologia arredondada, sua duração em um indivíduo adulto varia de 0,08 a 0,11 segundos; sua amplitude (voltagem) normal varia entre 0,25 mV e 0,30 mV.

Intervalo PR: A medida do intervalo PR é dada pelo início da onda P até o início do complexo QRS, este intervalo representa o tempo de condução através do nó AV. O intervalo PR varia com a idade e a FC do indivíduo, ou seja, mais curto em crianças e mais alongado em idosos. Em adultos, normalmente, esse intervalo não ultrapassa 0,20 s; o valor mínimo para crianças não ultrapassa 0,09 s e para adultos 0,12 s.

Complexo QRS: O complexo QRS representa a ativação ventricular e apresenta uma morfologia pontiaguda, ao contrário das arredondadas P e T. Este complexo possui uma duração normal entre 0,05 s e 0,11 s, com uma média de 0,07 s. De forma prática, a duração de complexo QRS não deve exceder 2,5 quadrados menores do papel do ECG. Sua morfologia é altamente diferenciada, assim não há um padrão que possamos ditar como normalidade. Sua amplitude também é variável, dependendo das condições cardíacas e extra cardíacas do paciente.

Segmento ST: O segmento ST é observado imediatamente no final do complexo QRS e início da onda T, geralmente ele adota um caráter isoelétrico, tolerando um desnivelamento máximo de 1 mm.

Onda T: Esta onda representa a repolarização ventricular e tal processo se realiza no mesmo sentido da ativação ventricular, possui uma morfologia arredondada. De amplitude relativamente menor que QRS, quase sempre abaixo de 6 mm nas derivações inferiores.

Intervalo QT: É o período de tempo entre o início do complexo QRS e o final da onda T e corresponde à duração total da sístole elétrica ventricular. Esse intervalo é maior em mulheres do que em homens, aumentando em ambos com a FC, para os limites de 45-115 bpm; os limites normais desse intervalo giram em torno de 0,46 e 0,30 s.

Derivações do ECG

O registro do ECG constitui-se basicamente em doze derivações de registro, dividindo-se em seis derivações periféricas e seis derivações precordiais. As seis periféricas do plano elétrico frontal são, D1, D2, D3 (bipolares ou standards), aVR, aVL e aVF (unipolares). E as seis precordiais do plano elétrico horizontal são V1, V2, V3, V4, V5 e V6 (unipolares).

 

As derivações bipolares formam o chamado “Triângulo de Einthoven” e registram a diferença de potencial entre dois eletrodos dispostos em membros distintos:

  • D1, colocado entre o braço direito e o esquerdo.
  • D2, colocado entre o braço direito e a perna esquerda.
  • D3, colocado entre o braço esquerdo a perna esquerda.

Representação das derivações eletrocardiográficas bipolares dos membros.

 

Já as derivações unipolares aumentadas procuram registrar o potencial elétrico absoluto entre uma região teórica do Triângulo de Einthoven e sua extremidade. Dessa maneira, podem ser do tipo:

  • aVR, avaliando potencial absoluto no braço direito;
  • aVL, avaliando potencial absoluto no braço esquerdo;
  • aVF, avaliando potencial absoluto na perna esquerda.

 

As derivações precordiais, por outro lado, caracterizam o potencial elétrico absoluto em regiões torácicas bem definidas próximas ao coração. Entender bem a localização para se colocar o eletrodo é de fundamental importância para um registro correto destas derivações.

 

  • V1 — localizada no quarto espaço intercostal direito, registra o potencial dos átrios esquerdo e direito, parte do septo intraventricular e do ventrículo direito (parede anterior).
  • V2 — localizada no quarto espaço intercostal esquerdo, é característica por apresentar pequena positividade e em seguida grande negatividade, assim como V1.
  • V3 — localizada entre V2 e V4, mais especificamente no septo intraventricular. Caracteriza QRS isodifásico, geralmente.
  • V4 — localizado no ápice do ventrículo esquerdo, apresenta uma fase inicial positiva (ativação do ventrículo direito).
  • V5 — localizado na linha axilar anterior do quinto espaço intercostal esquerdo, possui pequena negatividade inicial seguida de grande positividade, podendo haver ou não negatividade terminal.
  • V6 — localizado no quinto espaço intercostal esquerdo, na linha axilar média, possui as mesmas características que V5 (resultado da despolarização do septo).

 

O Papel de Impressão do ECG

 

Para análise adequada de um ECG, além de conhecimento de anatomia e fisiologia elétrica e cardiovascular do coração, é preciso entender como é o registro e a impressão desta atividade elétrica cardíaca.

 

O papel onde é traçada a linha do ECG é padronizado: um quadriculado composto de quadrados maiores (linhas grossas) preenchidos com quadrados menores (linhas finas). Essa delimitação em gráfico com x e y permite a leitura, no eixo x (vertical), de medidas de amplitude calculadas em milivolt (mV) e, no eixo y (horizontal), de medidas de tempo calculadas em segundo (s). Os quadrados maiores (linha grossa) possuem 0,5 mV de amplitude, ou seja, cada um dos cinco quadrados menores que compõem um quadrado maior tem 0,1 mV. Quanto à grandeza tempo, o quadrado maior representa 0,20 s, e cada quadrado menor dos cinco que o compõem representa 0,04 s.


Representação esquemática de uma amostra do papel milimetrado do ECG: o quadrado maior pos[1]sui 5 x 5 quadrados menores.

Definidas as medidas do papel de registro, é possível calcular as variações de frequência cardíaca com precisão. Há várias maneiras de realizar esse cálculo, contudo uma das mais simples consiste em uma divisão simples: 1 minuto de traçado a uma velocidade de 25 mm/s apresenta cerca de 1500 quadrados menores, basta então dividir esse valor pelo número de quadrados menores entre o pico de duas ondas R sequenciais.

Conclusão

O ECG continua sendo um exame absolutamente necessário e fundamental no diagnóstico de doenças cardiovasculares e em várias outras patologias clínicas. Os aparelhos se tornaram menores e práticos, de fácil manuseio e de registro simultâneo das doze derivações. Dessa forma, Médicos, Enfermeiros e demais profissionais de assistência à saúde deve ter conhecimento científico e prático para realização e interpretação do ECG, objetivando garantir uma qualidade assistencial aos seus clientes e pacientes.

Referências

     Enfº Amarildo de Souza Cunha
     COREN-MG: 329.788
     MBA em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar
Consultor / Supervisor Técnico e Comercial de Produtos Médicos Hospitalares



 

 

 

 

 

 

domingo, 17 de janeiro de 2021

Anvisa Aprova por Uso Emergencial Vacinas Contra a Covid-19


Em dia histórico, hoje 17/01/2021 Anvisa aprovou duas vacinas contra a Covid-19, por uso emergencial as vacinas da AstraZeneca e da Sinovac foram liberadas para serem administradas nos brasileiros. A aprovação abre caminho para o início da imunização no Brasil contra uma doença que já deixou mais de 205 mil mortos. 

Nada mais justo, o privilégio de tomar a primeira vacina contra o Covid-19 no Brasil foi da Enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, moradora do estado de São Paulo, que se voluntariou para as doses testes, e atuou na linha de frente assistindo pacientes contra a Covid-19.

 Enfermeira de São Paulo é a primeira brasileira a ser vacinada contra a Covid-19