sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL – SITUAÇÃO EPIDÊMIOLÓGICA


DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL – SITUAÇÃO EPIDÊMIOLÓGICA

Introdução

Observado através dos dados epidemiológicos  de morbimortalidade em todo o mundo, as doenças transmissíveis tem apresentado mudanças significativas. Elas continuam a oferecer desafios para pó programas de prevenção, principalmente com a introdução de novas doenças que sofrem mutação genética como exemplo a AIDS e recentemente a pandemia da H1NI, que se espalham com facilidade entre os diversos países e continentes.

Doenças antigas como a Cólera e a Dengue ressurgiram e endemias importantes como a Tuberculose e as meningites persistem, fazendo com que esse grupo de doenças continuem apresentando um importante problema de saúde pública.

Esse cenário acontece devido às transformações ocorridas na sociedade a partir da década de 70, podendo ser citado a urbanização acelerada, alterações ambientais migração, facilidade de comunicação entre as regiões, os países e os continentes. Mundialmente esses são os principais fatores que contribuíram para a atual situação epidemiológica das doenças transmissíveis.

No Brasil diversos estudos apontam que até o final do século XX ocorrerá o declínio nas taxas de mortalidade devido as Doenças Infecciosas Parasitárias (DIP), em especial as doenças transmissíveis, que se dispõe de medidas de prevenção e controle.

Porém há concordância de que a situação das Doenças Transmissíveis no Brasil, entre o período de 1980 até o momento, corresponde a um quadro complicado que pode ser resumido em três grandes tendências: doenças transmissíveis com tendência declinante, com quadro de persistência e as doenças emergentes e reemergentes.

Doenças transmissíveis com tendência declinante

Através de programas eficazes de prevenção e controle, muitas doenças têm aparecido no ranque epidemiológico de forma declinante:
  • A varíola foi erradicada em 1973.
  • A Poliomielite, em 1989.
  • A transmissão contínua do Sarampo foi interrompida desde o final de 2000.
  • O Tétano neonatal teve redução de 70% de casos em 5 anos, entre 2003 e 2007.
  • A Raiva humana caminha para a eliminação, de acordo com a incidência e concentração.
  • Outras doenças com tendência declinante são: a Difiteria, a Coqueluche, o Tétano Acidental, que são doenças imunopreveníveis.
  • A mesma tendência também é observada para a Doença de Chagas, endêmica a várias décadas no país, a Febre Tifóide, além da Oncocercose, a Filariose e a Peste, cuja ocorrência é limitada a áreas restritas.

Doenças transmissíveis com quadro de persistência

  • Hepatites virais, principalmente a B e C, tendo altas prevalências e com ampla distribuição geográfica;
  • Tuberculose (todas a formas);
  • A Leptospirose, nas áreas em que há uma contribuição ambiental, principalmente nos meses chuvosos.
  • As Meningites, principalmente as causadas pelo menigococo B e C;
  • As Leishmanioses (Visceral e Tegumentar) e a Esquistossomose, em geral associadas às modificações ambientais, provocadas pelo homem e deficiência na infra-estrutura na rede de água e esgoto.
  • A Malária, em função da ocupação desordenada da região amazônica, com implantação de projetos de colonização e mineração sem a necessária estrutura de saúde para atender a população.
  • A Febre Amarela, para além das áreas consideradas de transmissão e a possível volta do vírus amarílico, através do mosquito Aedes Aegypti.

Doenças transmissíveis emergentes e reemergentes

Emergentes são aquelas que surgiram, ou foram identificadas, em período recente, ou aquelas que assumiram novas condições de transmissão, seja devido a modificações das características do agente infeccioso, seja passado de doenças raras e restritas para constituírem problemas de saúde pública.

Reemergentes são aquela que por sua vez ressurgiram como problema de saúde pública, após terem sido controladas no passado.

  • AIDS
  • A Cólera, introduzida no Brasil em 1991.
  • A Dengue, reintroduzido no Brasil em 1992, prevalecendo até o momento, devido a falta de mudanças de hábitos. Destacando ainda a introdução de um novo sorotipo, o DENV3 em dezembro de 2000;
  • As Hantaviroses, sendo os primeiros casos detectados em 1993 na cidade de São Paulo;
  • A Influenza Pandêmica (HIN1) pandemia em 2009;

Atuação do Enfermeiro na prevenção de doenças transmissíveis

Compete ao Enfermeiro uma educação contínua na comunidade em que atua de forma a incorporar novas medidas de promoção da saúde e prevenção de doenças. É possível que essa educação ocorra no dia a dia da comunidade, como por exemplo, nas reuniões de grupos dos pacientes cadastrados em programas de saúde da família, o que possibilita uma abrangência de quase toda a população local, das crianças até os idosos, incentivando estes a uma mudança de conduta, com o objetivo de prevenir surtos de doenças que já foram tratadas, combatidas e até mesmo erradicadas.

O trabalho com a comunidade não basta ser apenas dentro do consultório, é possível que o enfermeiro realize visitas domiciliares, visitas em creches, escolas e trabalhem dentro da realidade de toda a população local. Saúde da família está além de ficar dentro da unidade de saúde esperando que a população vá à busca de ajuda, de forma urgente é necessário que o enfermeiro, juntamente com a equipe multidisciplinar comece a olhar o Estratégia de Saúde da Família de forma diferente, de acordo com os protocolos do Ministério da Saúde, que visa atender a população em um todo e não só nos grupos rotineiros, como tem acontecido.

Conclusão

Embora tenha ocorrido uma redução na mortalidade por doenças infecciosa e da diminuição significativa na morbidade por um conjunto importante dessas doenças o Brasil nos aponta outra realidade, um país frágil em estruturas ambientais urbanas, tornando a população vulnerável a doenças que já pareciam superadas.

Esses fatores apontam para o surgimento de doenças cada vez mais potentes e resistentes aos antimicrobianos, além de persistência dos problemas como a desnutrição e doenças endêmicas, como a Tuberculose.

Essas situações implica na manutenção de estruturas dispendiosas de atenção, o que poderiam ser gastos em doenças crônicas não transmissíveis. E para enfrentar essa situação é necessário que haja uma ligação entre as equipes de prevenção e controle dessas doenças com as equipes de saúde, respeitando as especificidades de atuação de cada profissional.


Amarildo de Souza Cunha
Enfermeiro – Graduado pela Faculdade Pitágoras de Ipatinga


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