DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL –
SITUAÇÃO EPIDÊMIOLÓGICA
Introdução
Observado através dos dados
epidemiológicos de morbimortalidade em
todo o mundo, as doenças transmissíveis tem apresentado mudanças
significativas. Elas continuam a oferecer desafios para pó programas de
prevenção, principalmente com a introdução de novas doenças que sofrem mutação
genética como exemplo a AIDS e recentemente a pandemia da H1NI, que se espalham
com facilidade entre os diversos países e continentes.
Doenças antigas como a Cólera e a
Dengue ressurgiram e endemias importantes como a Tuberculose e as meningites
persistem, fazendo com que esse grupo de doenças continuem apresentando um
importante problema de saúde pública.
Esse cenário acontece devido às
transformações ocorridas na sociedade a partir da década de 70, podendo ser
citado a urbanização acelerada, alterações ambientais migração, facilidade de
comunicação entre as regiões, os países e os continentes. Mundialmente esses
são os principais fatores que contribuíram para a atual situação epidemiológica
das doenças transmissíveis.
No Brasil diversos estudos apontam que
até o final do século XX ocorrerá o declínio nas taxas de mortalidade devido as
Doenças Infecciosas Parasitárias (DIP), em especial as doenças transmissíveis,
que se dispõe de medidas de prevenção e controle.
Porém há concordância de que a
situação das Doenças Transmissíveis no Brasil, entre o período de 1980 até o
momento, corresponde a um quadro complicado que pode ser resumido em três
grandes tendências: doenças transmissíveis com tendência declinante, com quadro
de persistência e as doenças emergentes e reemergentes.
Doenças transmissíveis com tendência declinante
Através de programas eficazes de
prevenção e controle, muitas doenças têm aparecido no ranque epidemiológico de
forma declinante:
- A varíola foi erradicada em 1973.
- A Poliomielite, em 1989.
- A transmissão contínua do Sarampo foi interrompida desde o final de 2000.
- O Tétano neonatal teve redução de 70% de casos em 5 anos, entre 2003 e 2007.
- A Raiva humana caminha para a eliminação, de acordo com a incidência e concentração.
- Outras doenças com tendência declinante são: a Difiteria, a Coqueluche, o Tétano Acidental, que são doenças imunopreveníveis.
- A mesma tendência também é observada para a Doença de Chagas, endêmica a várias décadas no país, a Febre Tifóide, além da Oncocercose, a Filariose e a Peste, cuja ocorrência é limitada a áreas restritas.
Doenças
transmissíveis com quadro de persistência
- Hepatites virais, principalmente a B e C, tendo altas prevalências e com ampla distribuição geográfica;
- Tuberculose (todas a formas);
- A Leptospirose, nas áreas em que há uma contribuição ambiental, principalmente nos meses chuvosos.
- As Meningites, principalmente as causadas pelo menigococo B e C;
- As Leishmanioses (Visceral e Tegumentar) e a Esquistossomose, em geral associadas às modificações ambientais, provocadas pelo homem e deficiência na infra-estrutura na rede de água e esgoto.
- A Malária, em função da ocupação desordenada da região amazônica, com implantação de projetos de colonização e mineração sem a necessária estrutura de saúde para atender a população.
- A Febre Amarela, para além das áreas consideradas de transmissão e a possível volta do vírus amarílico, através do mosquito Aedes Aegypti.
Doenças
transmissíveis emergentes e reemergentes
Emergentes são aquelas que surgiram,
ou foram identificadas, em período recente, ou aquelas que assumiram novas
condições de transmissão, seja devido a modificações das características do
agente infeccioso, seja passado de doenças raras e restritas para constituírem
problemas de saúde pública.
Reemergentes são aquela que por sua
vez ressurgiram como problema de saúde pública, após terem sido controladas no
passado.
- AIDS
- A Cólera, introduzida no Brasil em 1991.
- A Dengue, reintroduzido no Brasil em 1992, prevalecendo até o momento, devido a falta de mudanças de hábitos. Destacando ainda a introdução de um novo sorotipo, o DENV3 em dezembro de 2000;
- As Hantaviroses, sendo os primeiros casos detectados em 1993 na cidade de São Paulo;
- A Influenza Pandêmica (HIN1) pandemia em 2009;
Atuação
do Enfermeiro na prevenção de doenças transmissíveis
Compete ao Enfermeiro uma educação
contínua na comunidade em que atua de forma a incorporar novas medidas de
promoção da saúde e prevenção de doenças. É possível que essa educação ocorra
no dia a dia da comunidade, como por exemplo, nas reuniões de grupos dos
pacientes cadastrados em programas de saúde da família, o que possibilita uma
abrangência de quase toda a população local, das crianças até os idosos,
incentivando estes a uma mudança de conduta, com o objetivo de prevenir surtos
de doenças que já foram tratadas, combatidas e até mesmo erradicadas.
O trabalho com a comunidade não basta
ser apenas dentro do consultório, é possível que o enfermeiro realize visitas
domiciliares, visitas em creches, escolas e trabalhem dentro da realidade de
toda a população local. Saúde da família está além de ficar dentro da unidade
de saúde esperando que a população vá à busca de ajuda, de forma urgente é
necessário que o enfermeiro, juntamente com a equipe multidisciplinar comece a
olhar o Estratégia de Saúde da Família de forma diferente, de acordo com os
protocolos do Ministério da Saúde, que visa atender a população em um todo e
não só nos grupos rotineiros, como tem acontecido.
Conclusão
Embora tenha ocorrido uma redução na
mortalidade por doenças infecciosa e da diminuição significativa na morbidade
por um conjunto importante dessas doenças o Brasil nos aponta outra realidade,
um país frágil em estruturas ambientais urbanas, tornando a população
vulnerável a doenças que já pareciam superadas.
Esses fatores apontam para o
surgimento de doenças cada vez mais potentes e resistentes aos antimicrobianos,
além de persistência dos problemas como a desnutrição e doenças endêmicas, como
a Tuberculose.
Essas situações implica na manutenção
de estruturas dispendiosas de atenção, o que poderiam ser gastos em doenças
crônicas não transmissíveis. E para enfrentar essa situação é necessário que
haja uma ligação entre as equipes de prevenção e controle dessas doenças com as
equipes de saúde, respeitando as especificidades de atuação de cada
profissional.
Amarildo
de Souza Cunha
Enfermeiro
– Graduado pela Faculdade Pitágoras de Ipatinga
Nenhum comentário:
Postar um comentário