Indicadores de Qualidade
na Assistência de Enfermagem
Por: Amarildo de Souza Cunha
Enfermeiro Graduado pela Faculdade Pitágoras de Ipatinga
A qualidade da assistência
nos serviços de saúde surgiu a partir do momento em que os clientes obtiveram
um maior conhecimento dos seus direitos, exigindo um maior empenho das
instituições de saúde pública ou privada.
Dessa forma surgiu em 1991
na cidade de São Paulo o Programa de Controle de Qualidade Hospitalar (CQH), a
principio esse programa era mantido pela Associação Paulista Medicina (APM) e
pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), com o
objetivo de avaliar a qualidade dos serviços de saúde dos hospitais de São
Paulo, e posteriormente foi expandido a outros estados da federação.
Atualmente a missão do CQH
é contribuir de forma contínua para a melhoria da qualidade dos serviços de
saúde, usando uma metodologia específica, estando o mesmo alicerçado nos seguintes
valores: autonomia, ética, técnica, voluntariado, simplicidade, enfoque educativo
e confidencialidade.
A avaliação realizada pelo
CQH consiste em monitorar os indicadores institucionais, na realização de
visitas aos hospitais participantes e na auto-avaliação. A auto-avaliação é
realizada pela direção do hospital e a visita é realizada quando solicitada
pela direção hospitalar e a cada dois anos após a certificação.
Para a equipe de enfermagem outro órgão que trabalha em prol da
qualidade dos serviços de saúde e melhoria da gestão hospitalar é Núcleo de Apoio à Gestão
Hospitalar (NAGEH), que é um subgrupo do CQH. Este manual contém a ficha técnica detalhada de 16 indicadores de enfermagem,
sendo seis assistenciais e dez relacionados a recursos humanos.
A gestão de qualidade é um
método ativo de orientar o caminho a ser percorrido para o alcance de uma meta,
através do emprego de recursos na produção de um bem ou um serviço. Para os
serviços de saúde a avaliação da qualidade é determinada pelo bom uso dos
recursos disponíveis, nível de excelência profissional, pelo alto grau de satisfação
dos clientes e por um mínimo de risco aos usuários.
Na produção de bens é
muito mais fácil obter um serviço de qualidade, uma vez que é permitida a
separação de peças e objetos com defeitos, porém para os serviços de saúde a
qualidade do serviço prestado é realizada durante a prestação do serviço, não
tendo como separar o que deu ou pode dar errado.
Portanto a qualidade da
assistência é um desafio para a equipe de enfermagem e cabe ao enfermeiro elaborar
e implementar indicadores de qualidade em sua unidade de serviço ou na
instituição a qual trabalha, possibilitando assim avaliar de forma quantitativa
a qualidade do serviço de enfermagem da sua equipe.
Indicadores são instrumentos
elaborados e usados para valorar o cumprimento dos objetivos e metas. São as
variáveis dependentes do modelo experimental, usadas para quantificar o
resultado das ações. São critérios explícitos de medida, que permitem
estabelecer conclusões objetivas sobre aspectos particulares dos programas.
Teixeira et al (2006) afirma que qualidade é conceituada como um conjunto de atributos que inclui um nível de
excelência profissional, o uso eficiente de recursos, o mínimo de risco e um
alto grau de satisfação por parte dos usuários, considerando-se essencialmente
os valores sociais existentes .
Mota et AL (2007)
relata que dentre os indicadores de qualidade de assistência de enfermagem
pode-se citar: incidência de quedas do paciente; incidência de extubação
acidental; incidência de perda de sonda nasogastrica enteral; incidência de
úlcera por pressão; incidência de não conformidade relacionada a não
administração de medicamentos pela enfermagem; incidência de flebite.
A busca pela
qualidade da assistência de enfermagem é antiga, o grande marco aconteceu quando Florence Nightingale adotou
métodos e padrões de higiene no campo de guerra, enquanto prestava assistência
a soldados feridos, que reduziram significativamente a mortalidade. E desde
então a investigação por qualidade passou a ser constantemente observada pela
equipe de enfermagem.
A elaboração e
validação de indicadores devem seguir alguns preceitos, como: nome do
indicador, fórmula de expressão, tipo, fonte de informação, método, amostra,
nome do responsável, freqüência e objetivo eu se quer alcançar. E alguns
atributos são imprescindíveis como: a validade, a especificidade, a
simplicidade, a objetividade e o baixo custo, facilidade para coleta.
Importante ressaltar
que os resultados obtidos pelos indicadores de qualidade não devem ser usados
como forma de punição a equipe de enfermagem ou equipe multidisciplinar e sim
como uma forma de avaliar a qualidade do serviço prestado, objetivando assim
uma melhoria contínua do processo de assistência. Sendo imprescindível que os
indicadores estejam aliados aos recursos materiais, humanos, financeiros e
físicos da instituição, tendo um eixo condutor e metas definidas.
De acordo com a lei do
exercício profissional de enfermagem no Art. 8º - Ao Enfermeiro incumbe
privativamente a direção do órgão de enfermagem, organização e direção dos
serviços de enfermagem, planejamento, organização, coordenação, execução e
avaliação dos serviços da assistência de enfermagem; consultoria, auditoria e
emissão de parecer sobre matéria de enfermagem
Para o Enfermeiro e
sua equipe medir indicadores permite a tomada de decisão baseado em seus
resultados, tornando possível modificar e aperfeiçoar sua prática, por meio de
comparação e troca de informações entre as unidades do hospital, permite o
reconhecimento profissional da enfermagem, tornando-a uma profissão de valor e
não somente cumpridora de ordens médicas, além de estabelecer parâmetros
sólidos para a checagem e uniformização dos procedimentos de enfermagem.
Referências Bibliográficas
TEIXEIRA, Juliana
Donizeti Ribeiro; CAMARGO, Fernanda de Almeida; TRONCHIN, Daisy Maria Rizatto e
MELLEIRO, Marta Maria: A elaboração de indicadores de qualidade da
assistência de Enfermagem nos períodos puerperal e neonatal. Rev enferm.
UERJ, v. 14, n.2, Rio de Janeiro, jun., 2006.
BITTAR, Olímpio J.
Nogueira V. Indicadores de qualidade e
quantidade em saúde RAS _ Vol. 3, Nº 12 Jul-Set, 2001
MOTA, Nancy Val y Val
Peres da; MELLEIRO, Marta Maria; TRONCHIN, Daisy Maria Rizatto: A construção
de indicadores de qualidade de enfermagem: relato de experiência do Programa de
Qualidade Hospitalar. RAS. v. 9 , n. 34, jan./mar. 2007.
Lei federal n º 7.498, de 25 de junho de
1986. Dispõe sobre
a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências. Disponível
em http://sna.saude.gov.br/legisla/legisla/exerc_p/.
Manual de Indicadores de
Enfermagem NAGEH – 2006. Disponível em http://www.cqh.org.br/files/Manual%20de%20Indicadores%20NAGEH%20-%20V.FINAL.pdf