GESTÃO EM ENFERMAGEM
Uma Aposta Inteligente
Porque se deve apostar nos Enfermeiro para os cargos de Gestão.
| Artigo   de Germano Couto, Presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos   Enfermeiros, Enfermeiro-Chefe no ACES Póvoa de Varzim/Vila do Conde, Doutor   em Ciências de Enfermagem  A Saúde, bem essencial e insubstituível, é um dos   grandes pilares de uma sociedade democrática e plural, a qual tem a   responsabilidade de assegurar a qualidade e segurança dos serviços   prestadores de cuidados de saúde. Os desafios que se colocam hoje na gestão   da saúde são inúmeros situando-se entre as expectativas e direitos dos   cidadãos e os sérios constrangimentos econômico-financeiros. São vetores da   gestão em saúde e devem ser preocupação de todos os profissionais a   necessidade de conciliar a qualidade na prestação de cuidados de saúde com a otimização   da utilização dos recursos disponíveis; os recursos são finitos e gastar mais   não significa melhor prestação de cuidados! Os enfermeiros, como profissionais centrais em   qualquer sistema de saúde, têm de ser diretamente envolvidos nas tomadas de   decisão deste complexo puzzle organizativo. O enfermeiro gestor em Portugal,   nas últimas décadas, tem sido estruturante para o melhor funcionamento dos   serviços de saúde, quer ao nível da gestão operacional quer da gestão   estratégica. Contudo, os decisores políticos têm sofrido de cegueira e   amnésia consciente recusando-se a ver a mais-valia da intervenção dos   enfermeiros na gestão dos serviços de saúde; ironicamente esta atitude é   perfeitamente contrária a outras realidades internacionais! São múltiplos os   exemplos que subsidiam esta afirmação e passo a elencar alguns: • No Reino Unido, o Beneden Hospital Trust,   primeiro classificado no ranking do Reino Unido em 2009, tem como directora a   Enfermeira Jane Abbott. • O Leatherhead Community Hospital, primeiro   hospital a ser gerido por enfermeiros, foi um exemplo de sucesso que   ultrapassou a dimensão geográfica do Reino Unido sendo visitado por várias   individualidades, como por exemplo, o ex-primeiro ministro Gordon Brown,   curiosas de perceber a razão dos seus excelentes resultados. • Os Leicester’s Hospitals foram geridos durante vários anos pela Enfermeira Pauline Tagg, atualmente diretora não executiva dos cuidados de saúde primários de Leicestershire County. Diversas instituições de saúde no Reino Unido   conseguiram a sua distinção exclusivamente à custa dos indicadores da atividade   de Enfermagem; mais de metade das medidas escolhidas pelos hospitais do   serviço nacional de saúde inglês (NHS) para demonstrar a sua qualidade na   prestação de cuidados de saúde são indicadores da atividade de Enfermagem,   como por exemplo, a ocorrência de infecções nosocomiais, a ocorrência de   quedas, a incidência de úlceras de pressão, entre outros. Todos os hospitais ingleses enfrentam o pagamento de multas desde 2010 se não melhorarem em relação aos indicadores de qualidade dos serviços de enfermagem. Aliás, o ministério da saúde inglês considera correlacionar o financiamento institucional à execução da área clínica como, por exemplo, a redução de ocorrência de úlceras de pressão e quedas. O exemplo português mais recente foi a nomeação   de uma enfermeira para Directora Executiva de um Agrupamento de Centros de   Saúde. Deve ser parabenizada a coragem política desta nomeação fundamentada   no único critério que deve orientar esta decisão – a COMPETÊNCIA, relegando   para segundo plano o critério não fundamentado que tem presidido nas últimas   décadas a esta decisão e que se tem revelado completamente incorreto – o tipo   de licenciatura.  Em Portugal, a Ordem dos Enfermeiros instituiu o   “Programa Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem” que, em conjunto   com diversas instituições de saúde signatárias e aderentes, procura através   indicadores mensuráveis e preditores de ganhos em saúde, incentivar o   desenvolvimento de Boas Práticas de Enfermagem.  Por todo este conjunto de razões é imperativo que   os indicadores de atividade de Enfermagem sejam integrados na negociação do   financiamento institucional. Pela sua formação diferenciada na humanização dos   cuidados, na empatia, na área das ciências humanas, na relação com o outro,   os enfermeiros são profissionais excelentemente preparados para a gestão em   amplo espectro.  Outras profissões e profissionais, que não apenas   a medicina e os médicos contribuem para atingir os resultados institucionais;   só um país que não tem futuro pode alimentar uma “cultura” que considera   existirem profissionais/peças decorativas para “ajudar” alguns a “produzir”   dados estatísticos.  Peter Pronovost, professor na Universidade de   John Hopkins (EUA) e especialista reconhecido em Qualidade e Segurança,   afirma que “dar mais autonomia à Enfermagem reduz a taxa de erro” nos   cuidados de saúde em geral. Com a evidência de que dispomos o que falta aos   agentes políticos para apostarem nos enfermeiros na área da Gestão? Eu creio   que falta coragem política atualmente presa a interesses e magistérios de   influência! Acessado em: http://doutorenfermeiro.blogspot.com   -> 14/04/2011 as 23h05min. Amarildo Cunha – Graduando em Enfermagem – 9º Período. | 

 
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