quinta-feira, 14 de abril de 2011

GESTÃO EM ENFERMAGEM: Uma Aposta Inteligente


GESTÃO EM ENFERMAGEM
Uma Aposta Inteligente
Porque se deve apostar nos Enfermeiro para os cargos de Gestão.

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Artigo de Germano Couto, Presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros, Enfermeiro-Chefe no ACES Póvoa de Varzim/Vila do Conde, Doutor em Ciências de Enfermagem
A Saúde, bem essencial e insubstituível, é um dos grandes pilares de uma sociedade democrática e plural, a qual tem a responsabilidade de assegurar a qualidade e segurança dos serviços prestadores de cuidados de saúde. Os desafios que se colocam hoje na gestão da saúde são inúmeros situando-se entre as expectativas e direitos dos cidadãos e os sérios constrangimentos econômico-financeiros. São vetores da gestão em saúde e devem ser preocupação de todos os profissionais a necessidade de conciliar a qualidade na prestação de cuidados de saúde com a otimização da utilização dos recursos disponíveis; os recursos são finitos e gastar mais não significa melhor prestação de cuidados!
Os enfermeiros, como profissionais centrais em qualquer sistema de saúde, têm de ser diretamente envolvidos nas tomadas de decisão deste complexo puzzle organizativo. O enfermeiro gestor em Portugal, nas últimas décadas, tem sido estruturante para o melhor funcionamento dos serviços de saúde, quer ao nível da gestão operacional quer da gestão estratégica. Contudo, os decisores políticos têm sofrido de cegueira e amnésia consciente recusando-se a ver a mais-valia da intervenção dos enfermeiros na gestão dos serviços de saúde; ironicamente esta atitude é perfeitamente contrária a outras realidades internacionais! São múltiplos os exemplos que subsidiam esta afirmação e passo a elencar alguns:
• No Reino Unido, o Beneden Hospital Trust, primeiro classificado no ranking do Reino Unido em 2009, tem como directora a Enfermeira Jane Abbott.
• O Leatherhead Community Hospital, primeiro hospital a ser gerido por enfermeiros, foi um exemplo de sucesso que ultrapassou a dimensão geográfica do Reino Unido sendo visitado por várias individualidades, como por exemplo, o ex-primeiro ministro Gordon Brown, curiosas de perceber a razão dos seus excelentes resultados.
 
• Os Leicester’s Hospitals foram geridos durante vários anos pela Enfermeira Pauline Tagg, atualmente diretora não executiva dos cuidados de saúde primários de Leicestershire County.
Diversas instituições de saúde no Reino Unido conseguiram a sua distinção exclusivamente à custa dos indicadores da atividade de Enfermagem; mais de metade das medidas escolhidas pelos hospitais do serviço nacional de saúde inglês (NHS) para demonstrar a sua qualidade na prestação de cuidados de saúde são indicadores da atividade de Enfermagem, como por exemplo, a ocorrência de infecções nosocomiais, a ocorrência de quedas, a incidência de úlceras de pressão, entre outros.
Todos os hospitais ingleses enfrentam o pagamento de multas desde 2010 se não melhorarem em relação aos indicadores de qualidade dos serviços de enfermagem. Aliás, o ministério da saúde inglês considera correlacionar o financiamento institucional à execução da área clínica como, por exemplo, a redução de ocorrência de úlceras de pressão e quedas.
O exemplo português mais recente foi a nomeação de uma enfermeira para Directora Executiva de um Agrupamento de Centros de Saúde. Deve ser parabenizada a coragem política desta nomeação fundamentada no único critério que deve orientar esta decisão – a COMPETÊNCIA, relegando para segundo plano o critério não fundamentado que tem presidido nas últimas décadas a esta decisão e que se tem revelado completamente incorreto – o tipo de licenciatura.
Em Portugal, a Ordem dos Enfermeiros instituiu o “Programa Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem” que, em conjunto com diversas instituições de saúde signatárias e aderentes, procura através indicadores mensuráveis e preditores de ganhos em saúde, incentivar o desenvolvimento de Boas Práticas de Enfermagem.
Por todo este conjunto de razões é imperativo que os indicadores de atividade de Enfermagem sejam integrados na negociação do financiamento institucional.
Pela sua formação diferenciada na humanização dos cuidados, na empatia, na área das ciências humanas, na relação com o outro, os enfermeiros são profissionais excelentemente preparados para a gestão em amplo espectro.
Outras profissões e profissionais, que não apenas a medicina e os médicos contribuem para atingir os resultados institucionais; só um país que não tem futuro pode alimentar uma “cultura” que considera existirem profissionais/peças decorativas para “ajudar” alguns a “produzir” dados estatísticos.
Peter Pronovost, professor na Universidade de John Hopkins (EUA) e especialista reconhecido em Qualidade e Segurança, afirma que “dar mais autonomia à Enfermagem reduz a taxa de erro” nos cuidados de saúde em geral. Com a evidência de que dispomos o que falta aos agentes políticos para apostarem nos enfermeiros na área da Gestão? Eu creio que falta coragem política atualmente presa a interesses e magistérios de influência!

Acessado em: http://doutorenfermeiro.blogspot.com -> 14/04/2011 as 23h05min.

Amarildo Cunha – Graduando em Enfermagem – 9º Período.

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